Sorrio fechado sem vontade pro homem velho na minha frente. Já fazem trinta minutos que estou aqui porque minha irmã me arrastou até essa roda pra segurar uma taça de champanhe e só acenar com a cabeça a cada coisa que falam. Também já fazem mais de trinta minutos que eu beijei aquela mulher e não sai de mim esse beijo.
Eu preciso achar ela.
Digo alguma desculpa pra minha irmã e largo a roda de ricos sem graça pra ir procurar a ruiva. Engulo de uma vez toda minha champanhe e entrego a um garçom a taça. Saio andando passando meus olhos por todos os cantos do salão, agora as luzes fortes estão acessas iluminando os vários detalhes dourados que tem por todo ele.
Andando em desespero procurando qualquer sinal dela acabo por ver de relance um cabelo ruivo, saio desviando das pessoas tentando seguir a pista que vi.
Ouço Battle in my head do Victor Brodin invadir todos os cantos do salão, a luz diminui novamente. Passo pelas pessoas desviando de suas taças e seus ombros seguindo aquela mulher de costas e cabelos ruivos ondulados que parece fugir de mim.
Quando chego perto e seguro seu ombro ela se vira.
Não é ela.
Olho pra garota com outra máscara na minha frente, seu cabelo é muito mais vermelho do que o de quem estou procurando.
— Desculpa, te confundi com outra pessoa — Digo e me viro.
Respiro fundo sentindo as batidas progressivas da música levando embora minhas esperanças. Fecho os olhos apertados sentindo a música e lembrando daqueles lábios nos meus.
E novamente como um ímã meus olhos abrem subitamente e abrem diretamente nela. Nela encostada numa pilastra abaixo das escadas que ela desceu mais cedo, parada ali me fuzilando toda a alma com esse olhar.
Me aproximo e paro em sua frente encarando seus olhos, parece que conversamos por olhares porque ela novamente faz o que fez antes, se afasta arrastando seus dedos no meu braço me chamando pra ir até ela.
As pontas dos seus dedos deslizando tão provocante no meu braço me fazem arrepiar, a vejo andando pra esquerda num corredor mais estreito mais a fundo debaixo da escadaria, a sigo completamente hipnotizada com tudo que é essa mulher.
A vejo andando no corredor em passos lentos tocando seus dedos nas várias pilastras de mármore que fazem esse corredor, escuro apenas com uma luz azul escura que ilumina as pilastras brancas e amarronzadas junto do chão de um tapete longo cor vinho escuro.
Ela para encostando as costas na parede de mármore e arqueando o corpo pra frente me provocando mostrando seu abdômen desnudo. Entro em seu jogo sensual e vou até ela a segurando pela cintura com força, ela segura meu rosto e encosto ela gentilmente na parede apertando nossos corpos, ela tenta me beijar, mas afasto a boca e dou um leve sorriso provocante, ela aperta os dedos no meu rosto e encara intensamente minha boca por fim me puxando de forma brusca pra me beijar.
Sua boca consome a minha de forma indecente até ela se separar de repente e eu quase não desgrudo meus lábios dos dela desejando mais desse beijo.
Ela segura minha mão gentilmente e anda comigo me levando pra algum lugar, eu só sigo olhando fixamente pra todos seus movimentos.
Eu estou em transe total por tudo o que é essa mulher.
Ela me leva mais pra longe no corredor parando em uma porta toda branca azulada pela iluminação do corredor, ela empurra a porta me puxando pra dentro e apenas ouço a porta batendo atrás de mim. A vejo passar por mim e ir até a porta, mesmo com a música alta ouço a porta sendo trancada e olho pra trás por cima do ombro, ela me lança um olhar que me acelera o coração.
Olho ao redor vendo toda essa sala esquisita com acolchoados de camurça vermelhos nas paredes, um sofá preto de couro que faz uma curva na sala toda e a mesma luz azulada mantendo o ambiente meia penumbra.
Ela volta pra minha frente e me agarra sem esperar me beijando com toda vontade deixando sua língua passar na minha. Seguro sua cintura deixando meus dedos marcados na sua pele enquanto a aperto contra mim, ela segura meu rosto guiando o beijo, sinto seus dedos passarem na minha máscara e ela se afasta me encarando bem com esses olhos que me perturbaram a noite inteira.
Subo minhas mãos até sua máscara e coloco os dedos na lateral levantando levemente, ela rapidamente segura minhas mãos e afasta meus dedos dali balançando a cabeça em negação.
— Não... — Sussurra forçando minhas mãos pra baixo colocando em seu pescoço.
— Eu preciso saber quem é você... — Encaro seus olhos mexendo os meus de um lado pro outro. — Eu quero saber quem é você.
Digo entre uma respiração pesada e subo minha mão até seu rosto segurando.
Ela sorri de lado levemente e aproxima sua boca da minha orelha.
— Fica com suas mãos aqui — Ela sussurra no pé do meu ouvido e segura minhas mãos as colocando atrás das minhas costas juntas.
— O que vo-
— Shiiiiu — Ela coloca o dedo indicador nos meus lábios e arrasta sua mão até meu rosto segurando.
Calmamente ela leva sua boca até meu pescoço beijando de forma provocante tão devagar que todo meu corpo se arrepia numa energia contagiante.
— Você pretende me torturar ou algo do tipo? — Sussuro e ouço sua risada abafada no meu pescoço.
Sinto outro beijo bem dado no meu pescoço e me remexo no lugar, boto as mãos na sua cintura apertando.
— Quase isso... — Ela diz baixo e me encara bem os olhos antes de pegar minha boca em outro beijo indecente.
Terminamos o beijo com vários outros pequenos beijos como senão quiséssemos se soltar.
— Não posso fazer muita coisa com você agora — Sua respiração toca meus lábios me deixando fraca.
— Por que não? — Pergunto sussurrando quase falhando a voz e aperto mais seu corpo contra o meu.
— Porque não... — Ela pega meus lábios de novo em outro beijo tão intenso e cheio de vontade que estou quase suplicando pra que ela faça tudo que quer comigo.
Aperto a pele da sua cintura a forçando tocar mais em mim como se fosse possível, seus dedos se entrelaçam no cabelo da minha nuca, seus lábios me levam a insanidade total e toda vez que nossas línguas se tocam tão fortemente meu corpo perde as forças um pouco, estou desmaiando, eu preciso dela como se isso dependesse da minha vida.
Não paro de puxar ela contra mim a fazendo estar quase em cima de mim.
— Nossa... você quer que eu fique no seu colo? — Ela interrompe o beijo rindo ao perceber que está na ponta dos pés de tanto que a puxei.
Nada respondo apenas fico olhando pra ela sem querer entender muito as coisas e apenas querendo a beijar.
E voltamos a nos beijar tanto que essa sala já parece pequena pro quanto eu estou desejando essa mulher agora.
Ela desce seus beijos pelo meu pescoço me fazendo apertar os olhos, sinto a maldita máscara roçando na minha pele a cada movimento que ela faz, ela definitivamente vai me matar aqui dentro dessa sala.
— Deus... por que você faz isso comigo? — Digo sem pensar me remexendo involuntariamente.
— Tá falando comigo ou com deus? — Ela se afasta me olhando nos olhos risonha.
— Desculpa — Digo ofegante e olho seus lábios bem avermelhados.
A beijo novamente sem me importar se minha boca já está começando a ficar dormente, eu não me canso desses lábios, suas mãos apertam meus cabelos com força e ela para subitamente me olhando enquanto enrosca o dedo indicador na fita da minha máscara.
Seu olhar parece pedir permissão pra continuar e eu apenas fico a olhando parada enquanto ela continua puxando a fita desfazendo o nó, com a outra mão ela segura a máscara e levemente devagar retira ela do meu rosto, meu coração bate tão rápido no meu peito que é capaz dela ouvir.
Ela encara todo meu rosto atentamente e sorri de uma forma inexplicável acariciando meu rosto com a mão.
Encaro seus olhos por trás dessa máscara, como eu quero ver o rosto dela, só eu sei como eu quero.
Levo minha mão até seu rosto tocando seus lábios com os dedos e subo os dedos tocando sua máscara de novo.
Olho pra ela quase suplicando pra que ela tire aquela máscara. Ela balança a cabeça levemente em negação e segura meus dedos os tirando de seu rosto, abaixa minhas mãos as tirando dela e se afasta.
— O que? — Digo sem entender.
— Preciso ir — Ela vai pra perto da porta.
— Eu preciso de você — Digo já sem conseguir pensar como uma pessoa em um estado normal.
Ela apenas sorri daquela maldita forma meio de lado, esse sorriso cheio de uma boa maldade.
— Onde você vai? — Pergunto me aproximando rapidamente.
— Você vai saber quando me ver — Diz com essa voz tão bonita que me deixa com todas as sensações do mundo.
Fico sem entender esse enigma e mantenho as sobrancelhas franzidas.
— Como assim? — Tento a puxar de volta e ela segura minha mão no seu braço
— Você vai ver — Ela tira meus dedos de cima dela e sai andando pra porta a destrancando.
Antes de sair me olha por cima do ombro com esse olhar que me deixa sem jeito e com vontade de correr atrás dela pra implorar, ela sai fechando a porta e eu fico ali sem reação de mais nada.
Suspiro profundamente sentindo meu peito até doer, olho pros lados rindo sabendo que tudo isso foi uma grande provação pra ela me deixar aqui sozinha de novo.
Que mulher...
Nas próximas uma hora e meia restantes do evento eu fiquei tão avoada só olhando pros lados procurando por aquela mulher ruiva como se minha noite e vida dependesse dela, eu mal ouvi o que minha irmã falava e mal prestei atenção em qualquer discurso de um engravatado qualquer no palco.
O evento infelizmente ou felizmente acabou e finalmente podemos ir embora, eu não aguentava mais um minuto nesse evento, minha cabeça não saia dela, tudo que ela disse, o beijo dela, o toque dela, tudo isso está rondando minha cabeça me perturbando a todo minuto.
Principalmente o que ela disse antes de sumir de novo.
Agora estou aqui fora na rua com minha irmã e os seguranças na frente da saída do evento com um monte de outras pessoas esperando o carro que vem nos buscar. Olho pro céu estrelado com algumas nuvens acima de nós e respiro fundo sabendo que talvez eu nunca mais a veja.
Sinto uma sensação estranha, uma sensação de como estivesse sendo observada e meus olhos se viram como um ímã diretamente pra dois olhos azuis que eu conheço muito bem.
Fico paralisada olhando pra ela vestida agora com uma jaqueta preta que cobre sua roupa, mas eu sei que é ela, esse cabelo ruivo e esse olhar, esse olhar que me tirou a paz nessa noite.
Sadie Sink.
Sorrio completamente besta por saber que é ela e ela sorri fechado de volta pra mim, um sorriso muito mais tímido do que eu vi em outros momentos. Ficamos trocando esses olhares sabendo de tudo que aconteceu e sorrindo, até que ela me lança um último olhar que me palpita o coração antes de entrar dentro da van.
Suspiro profundamente e mordo o lábio enquanto penso no que acabou de acontecer. Como ela disse, eu saberia.
Nosso carro também chega e eu entro ainda meio boba, estou sem noção dos arredores, só consigo pensar na cena dela sorrindo pra mim daquele jeito.
Meu celular vibra no bolso e o pego olhando uma notificação do Instagram.
Solicitação de contato
Sadie Sink
talvez nós podemos voar pra longe daqui?
22h39
Sadie Sink deseja enviar uma mensagem pra você
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Sorrio dando um riso soprado pra mensagem.
Eu sabia.
...
Maybe we could fly away from here?