Além do Olhar © 2020

Oleh writeremmysantos

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Keanu Davies é professor de uma renomada Universidade chamada Saint Andrews. Sua vida era de certa forma perf... Lebih Banyak

Nota Oficial
Playlist Além do Olhar ♬
♡ Book Trailer Especial
♡ Prólogo
♡ Capítulo 01: "É sempre o mesmo pesadelo."
♡ Capítulo 02: "Sou professor."
♡ Capítulo 03: "Pelo menos posso te ver entre os intervalos."
♡ Capítulo 04: "Você deveria sorrir mais, Keanu."
♡ Capítulo 05: "Almas se encontram."
♡ Capítulo 06: "Eu a vi."
♡ Capítulo 07: "Meu nome é Zoey Lancaster"
♡ Capítulo 08: "Sinto como se ela estivesse por perto."
♡ Capítulo 09: "Ela tem os mesmos olhos!"
♡ Capítulo 10: "Sinto que é aqui que deveria estar."
♡ Capítulo 11: "Seus olhos são tão lindos"
♡ Capítulo 12: "Eu sonhei com essa menina..."
♡ Capítulo 13: "Treze de novembro de 1996"
♡ Capítulo 14: "Como pode continuar tão linda?"
♡ Capítulo 15: "O olhar que me fascinou."
♡ Capítulo 16: "O quão clichê estou sendo?!
♡ Capítulo 17: "...uma atitude insana."
♡ Capítulo 18: "... mais perto do que você imagina."
♡ Capítulo 19: "Dor! Muito sangue e muita dor."
♡ Capítulo 20: "Eu quero conquistar Zoey..."
♡ Capítulo 21: "Tudo isso me assusta."
♡ Capítulo 22: "Será tudo isso verdade?"
♡ Capítulo 23: "...é algo sublime."
♡ Capítulo 24: "Eu a amo mais que tudo."
♡ Capítulo 25: "A gente não pode fazer isso."
♡ Capitulo 26: "Eu estou me apaixonando por ela."
♡ Capitulo 27: "É impossível negar a conexão que há entre nós dois."
♡ Capítulo 28: "... Estou apaixonada pelo meu professor..."
♡ Capítulo 29: "Estamos contentes em tê-la de volta..."
♡ Capítulo 30: "Como eu senti falta dela."
♡ Capítulo 31: "Dizem que o número sete é o número da magia."
♡ Capítulo 32: "Isso é insano."
♡ Capítulo 33: "...ato misericordioso."
♡ Capítulo 34: "Doença Psicossomática."
♡ Capítulo 35: "Eu a quero agora."
♡ Capítulo 36: "Eu me odeio por não odiar você."
♡ Capítulo 37: "Posso te fazer companhia?"
♡ Capítulo 38: "... minha garota."
♡ Capítulo 39: "Você é o meu sonho..."
♡ Capítulo 40: "...eu conheci minha alma gêmea."
♡ Capítulo 41: "... sei que te conheço de outras vidas. "
♡ Capítulo 42: "Você é incrível, Zoey."
♡ Capítulo 43: "Sequela após morte em outra vida."
♡ Capítulo 44: "Não há mais dor."
♡ Capítulo 45: "Eugenismo."
♡ Capítulo 46: "Sou louca?"
♡ Capítulo 47: "Zoey sabe que é minha."
♡ Capítulo 48: "Eu vou te proteger, Zoey."
♡ Capítulo 49: "Ela é minha antes de sua!"
♡ Capítulo 50: "...somos um casal?"
♡ Capítulo 51: "Eu estou viva, me tirem daqui!"
♡ Capítulo 52: "Você é linda."
♡ Capítulo 53: "Matthew Davies!"
♡ Capítulo 54: "Eu odeio quando ela me dá selinhos."
♡ Capitulo 55: "Estamos juntos, Zoey."
♡ Capítulo 56: "Vem, Marie."
♡ Capítulo 57: "Eu estou amando-a..."
♡ CapÍtulo 58: "Me casar com você."
♡ Capítulo 59: "Algumas coisas são destinadas a serem assim."
♡ Capítulo 60: "Eu não consigo."
♡ Capítulo 61: "É uma dor dilacerante."
♡ Capítulo 62: "Homens também choram..."
♡ Capítulo 63: "Amar Zoey é como amar uma estrela."
♡ Capítulo 64: "O amor ainda está presente, mas a minha amada se foi."
♡ Capítulo 65: "Eu te vejo agora."
♡ Capítulo 66: "Eu gosto de histórias de amor."
♡ Capítulo 67: "Somos amantes de almas"
♡ Capítulo 68: "Este é o meu destino."
♡ Epílogo
♡ Esclarecimentos
♡ Premiações

♡ Capitulo 69: "A vida é muito curta..."

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Oleh writeremmysantos


[ALERTA DE GATILHO EMOCIONAL]


"Assim estoura um nobre coração. Boa-noite, amado príncipe, Revoadas de anjos cantando te acompanhem ao teu repouso!"

Hamlet.

William Shakespeare.

As horas foram passando e o laquê em meu cabelo já está saindo. O penteado volumoso de cachos, ao qual lutei tanto para fazer, especialmente para está noite está rindo. O vestido escolhido a dedo para impressionar o Keanu, já não me parece tão espetacular. O baile está perto de ter seu fim e nada do meu amor aparecer.

Esmorecida, desisto de espera-lo e caminho até onde Katherine e minha mãe está.

— Eu quero ir embora. — Solto, ao me juntar a elas.

— Não fique assim querida. Keanu talvez tenha um bom motivo. — Defende-o, a minha mãe.

— Sim, Zoey. Ele nunca faria isso. — Completa Katherine.

— Não! — Falo alto e mordo os lábios, meus punhos estão fechados rentes ao corpo. — Keanu não veio porque não quis. Imagino que esteja com Margareth. — Ralho. Meus olhos ardem e eu luto contra a vontade de chorar. — Podemos ir embora? Por favor?

O caminho até a minha casa é silencioso, apenas consigo botar Katherine me observando a canto de olhos.

Ao chegar em casa, corro direito para o meu quarto. Não estou afim de conversar, quero só esquecer o papel de ridícula que havia feito.

Ansiei a noite toda por um homem que não veio.

Em frente a minha penteadeira, encaro o reflexo patético. Começo a tirar os cílios postiços e lágrimas amargas insistem em rolar por meu rosto. Com o auxílio de um lenço demaquilante, renovo toda a maquiagem e em instantes, estou ao natural, meu nariz e meus olhos estão vermelhos por todo o choro involuntário.

Eu me sinto quebrada.

Me dispo do meu vestido e o arremesso em qualquer canto do quarto, apanho o moletom da universidade de Oxford e o visto, deitando-me na cama em seguida.

Eu estou agindo feito uma garota mimada, mas meu coração está partido. Keanu, não me avisou, também não me mandou nenhuma mensagem, nem ao menos para dizer que não me quer mais.

— Posso entrar? — Ouço a voz de Katy.

— O quarto também é seu. — Falo, sem ânimo algum.

— Eu conheço muito bem quem o Keanu é, aposto que teve algum evento muito importante em Glasglow, que impediu que ele conseguisse te avisar. — Teoriza Katherine e sinto o colchão ao meu lado afundar.

Eu também quero acreditar que seja isso, mas, algo me diz que não. Homens possuem desejos sexuais e Keanu e eu, estamos muito tempo longe um do outro, conversar por chamada é uma coisa. Ele deve ter sentido falta do contato de uma mulher, homens precisam fazer sexo. Ao menos, é o que eu sempre ouvia as meninas da minha universidade dizerem.

— Não sei. — Respondo baixo, não tenho voz para discutir. — Talvez ele tenha se cansado de esperar por mim e decidiu dar uma oportunidade para a professora Margareth.

— Margareth?! — Katherine exclama, ela não aparece acreditar nas palavras que acabaram de sair de minha boca. — Isso é a coisa mais absurda que ouvi. Eu pensei que você fosse inteligente. — Dou de ombros, fingindo não me importar. — Ele ama você, Zoey.

— Se ele me amasse, Katherine. — Imito o seu tom de voz. — Ele estaria aqui essa noite. Ao meu lado. Me apoiando. — Falo pausadamente, a minha garganta raspando com a vontade incontrolável de chorar. Levo a minha mão entre o nariz e o meio da sobrancelha, eu sinto minha cabeça incomodar. — Katy, olha, se não se importa estou exausta e quero dormir. — Estico a minha mão, alagando o abajur do lado esquerdo da minha cama.

Minhas atitudes estão sendo um pouco infantil, tenho plena consciência disso, mas, eu estou triste. O sentimento de ser rejeição é péssimo, me sinto um zero a esquerda. Katherine não sabe o que é se sentir dessa forma, ela é maravilhosa. Eu planeei, criei mil e uma expectativas acerca dessa noite e agora tudo foi arruinado.

— Tudo bem, Zoey. — Katy acaricia meu braço. — Te vejo amanhã. — Ao sair, Katherine apaga o abajur do lado direito da cama.

Sozinha no quarto escuro, fecho os meus olhos, mas, não para dormir, eu não conseguiria dormir, lágrimas molham o meu rosto e o meu travesseiro, a garganta queima e sinto o meu peito sendo rasgado.

A decepção consegue nos causar dor física.

Pego o travesseiro extra e o aperto firme contra meu rosto, abafando os meus gritos e gemidos.

A claridade do sol, atinge o meu rosto e a contragosto me levanto da cama.

Sinto meu coração pesado por conta da noite anterior.

Desço as escadas em passos lentos, até a cozinha. Ao chegar mais próximo do cômodo consigo ouvir soluços intensos, alguém está chorando e sofrendo muito.

Sinto meu coração partido, diminuir um pouco mais de tamanho.

Muito minúsculo está.

— Isso vai passar, querida. — A voz da minha mãe tenta consultar, o que consigo distinguir ser a Katherine em prantos.

— Ele é meu melhor amigo! — Katherine exclama em um grito sofrido e meu coração acelera, causando uma forte dor.

— Oi. — Falo baixo ao me aproximar das duas mulheres, coloco minha mão sobre os ombros de Katherine. Seus olhos estão vermelhos e borrados pelas lágrimas. Sinto a fisgada conhecida do sopro em meu coração. — O que aconteceu? — Pergunto, olhando para minha mãe.

— Querida, eu não sei como te contar isso... — A voz da minha mãe é baixa. Meu peito está doendo ainda mais, ele queima.

— Me contar o quê?

A boca de minha mãe se abre, mas, a voz que sai não pertence a minha progenitora e sim a Katherine.
A frase a seguir que ecoa pela cozinha faz meu coração parar de pulsar e o ar é roubado dos meus pulmões.

— O Keanu morreu! — Katherine exclama.

Eu não posso acreditar em uma coisa dessas. Keanu para mim, é um homem inatingível, nada o pode parar. Continuo encarando Katy, ela continua inconsolável e meus olhos ardem.

Não consigo pronunciar nenhuma palavra.

— O voo 180, com o destino a Oxfordshire... — Começa a explicar a minha mãe. — Bom, o radar não contou com a forte chuva de verão que viria cair dos céus, noite passada, um raio danificou a asa do avião e isso, acarretou uma força maior do motor da aeronave, e a mesma não suportou e super aqueceu. — A voz da minha mãe ia sumindo conforme o contar dos fatos. — O avião caiu em alta velocidade em um farol rochoso...

— A AAIB* encontrou um telefone no bolso do corpo sem vida do Keanu e meu número de celular estava na discagem rápida... — Completa Katherine. — E você, julgando que ele estava com Margareth. — Katy cospe as últimas palavras.

Eu não consigo respirar.

O mundo parece girar.

Eu estou em declínio.

Não consigo chorar devido ao choque, mas a dor em minha garganta se faz presente.

Meu peito queima de angústia.

Eu me sinto tão culpada.

Eu comprei as passagens aéreas.

Pedi para que Keanu viesse me ver.

Duvidei do seu caráter e do seu amor por mim, enquanto... Não!

— Não! — Exclamo. — Não! Não! Ele não! — Nego em acreditar que algo tenha acontecido com o meu Keanu. Eu o tinha como um homem forte e inabalável.

Uma fisgada aguda em meu peito me faz curvar sobre o balcão da cozinha e levar as mãos até o local da dor. Minha respiração está descontrolada, subindo e descendo desesperadamente, porém o resto ao meu redor parece estar em câmara lenta, enquanto desfaleço em minha própria agonia.

Apenas dez incidentes são realmente fatais... — falo em uma voz quase inaudível. De quatrocentos milhões, Keanu, estava em um dos dez voos que poderiam vir a cair.

— Eu preciso voltar. — Diz Katherine, limpando as lágrimas do rosto com as costas da mão. — Keanu, não tem ninguém para... — Ela não completa a frase.

— Eu vou com você! — Grito. Me afastando do balcão.

Os olhos de Katherine sempre foram muito expressivos, e no momento, me encaram com afinco. Seu olhar é triste e consigo sentir a sua alma em completa angústia, os vestígios disso estão bem ali, em minha frente, seu maxilar está trincado em uma tentativa de não mais chorar, seu nariz tem a coloração muito vermelha, devido ao choro excessivo e seus cabelos estão bagunçados. Compartilhando do mesmo desalento, Katy me puxa para um abraço apertado.

Em meus braços, se encontra uma mulher que a vida está exigindo-a que seja forte mais uma vez. Nesse abraço silencioso, minha amiga pede que me mantenha forte ao seu lado.

— A liberação do corpo será feita hoje. — Katherine fala, após nos separarmos. — Tenho que organizar tudo com meus pais. Quero um funeral digno para nosso Keanu. — Assinto com a cabeça.

Sem pensar muito mais, estamos nós duas no primeiro voo de volta para casa.

Repouso minha cabeça no ombro de Katherine. Minha boca está seca e meu coração dói, fisicamente emocionalmente, também bate acelerado pela sátira amarga de estar dentro de um avião. Ali, naquele assento, minha mente vagueia, imaginando os momentos de extrema angústia que Keanu teve que passa ao vivenciar uma queda de avião. Lembro também de uma conversa que tivemos em um assento como este, o momento em que me confessou ter medo de voar.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu a seco rapidamente.

Estou em farrapos.

Sinto não haver mais sentido para minha vida.

Minha alma gêmea partiu.

Ao desembarcar, seguimos um caminho direto para a casa dos Olsen, pais de Katy. O casal fica bastante atordoado ao receber a notícia do falecimento do Keanu. Os três dialogam sobre algum assunto do qual não dou atenção. Minha cabeça está muito distante daquela sala de estar.

Diante dos meus olhos, em uma fantasia real...

Vejo Keanu entrar sorridente no salão de baile da minha universidade.

Ele está lindo.

Seu cabelo, amarrado em um simples, mas, charmoso rabo de cabelo. Meu amor usa um terno preto e colete cinza, que dão sensualidade e ressaltam o quão maravilhoso e imponente ele consegue ser.

Me perco no que poderia ter acontecido naquela noite especial se Deus não o tivesse arrancado de mim tão abruptamente. Torturo-me também, idealizando um futuro ao lado de Keanu que agora não poderá mais existir.

— Não se preocupe, minha filha. — Sou trazida de voz pela voz trêmula do senhor Olsen. — Cuidaremos de tudo. Vão para casa descansar.

— Obrigada, pai. Nós duas estamos esgotadas. — Katy diz, me olhando.

Me despeço de Suzan e John. O abraço de um pai e de uma mãe é muito reconfortante e as lágrimas que tanto tentei segurar, caem mais uma vez.

De volta ao apartamento que morei por algum tempo com Katherine, pensamentos a cerca do falecimento de Keanu rondam a minha cabeça, trazendo a tona um momento marcante do jantar.

"... leia apenas quando eu vier a faltar em sua vida. "

Parece até que ele estava pressentindo o seu próprio destino.

Eu não entendo...

Como uma chuva pode iniciar tão repentinamente, a ponto do radar climático não detectar a tempo? O clima estava diferente até o início da noite.

Mais a tarde, Katherine recebeu uma ligação do John, avisando que tudo está preparado para o sepultamento do Keanu.

Não estou pronta para me despedir.

Durante todo o tempo, lágrimas não param de sair por meus olhos.

Eu estou dilacerada.

Keanu era um homem magnífico. Merecia uma vida mais longa e feliz, com um final muito melhor que este.

O homem que eu amo, tinha medo de avião e a sua morte parece até uma represália divina, por todos os anos em Keanu se negará a acreditar em algo.

Morto pelo que mais temia.

Deus pode ser cruel às vezes.

Com as mãos trêmulas consigo prender o meu cabelo em um coque desgrenhado. Forço me a entrar em uma (calça) jeans preta, visto camiseta da mesma tonalidade da calça e nos meus pés, estão as minhas botas gastas, de sempre.

Não passo maquiagem.

Eu não estou bem.

Não estou indo para uma festa.

Não preciso me arrumar.

Estou indo sepultar o homem que amo.

Ao chegar no cemitério, sou agraciada com um abraço protetor. Mirna me abraça como quem tenta juntar todos os milhões de estilhaços em que meu coração se dividiu.

Keanu não era adéquo as cerimônias religiosas, por isso não há um padre ou pastor presente.

Não há ninguém para rezar por sua alma.

Todos que conheceram Keanu Davies estão presente. Um homem, de cabelos ruivos e muito alto, o outro, um homem médio de cabelos loiros, conversam entre si e falam sobre os anos que tiveram aulas com Keanu e de como, eles são gratos por ter tido o melhor professor.

— Devo tudo o que sou ao senhor Davies. — Completa o ruivo. — É uma pena que tenha partido.

— Jamais haverá outro como ele.

A professora Margareth também está aqui. Suas madeixas loiras que eram sempre vistas bem alinhadas em um coque chique ou soltas, estão agora completamente bagunçadas. Em seu rosto, está estampada uma tristeza genuína. Seus olhos estão inchados e o lápis de olho que ela nunca deixa de usar, borra seu rosto. Sua pele é alva como a neve e devido ao seu choro excessivo, suas bochechas e nariz estão avermelhados.
Sua íris verdes encaram o nada.

Ela também o ama.

O caixão está lacrado, eu não vou poder nem acariciar os seus cabelos macios pela última vez. O coveiro, com a ajuda de seus dois assistentes, abaixam o caixão lentamente na cova.

Um desespero toma conta de mim.

Meu coração arde em uma dor nauseante.

Eu quero correr até lá e me jogar naquele buraco escuro e sem vida, ao seu lado.

Eu tenho que ir com ele!

Nós tínhamos que ficar juntos para sempre!

Sinto minha cabeça latejar e cenas de nós dois dançando ao som de Elvis Presley me invadem.

Eu estou sem ar.

Não consigo respirar.

As emoções parecem me engolir quando todos começam a jogar porções de terra sobre o caixão branco.

Eu não consigo me mover.

Meus braços envolvem meu corpo em uma tentativa de auto consolo.

Eu choro baixo e em silêncio.

Ao meu lado, Katherine solta um grito agudo e se ajoelha ao chão, quando tudo acaba.

Estamos todos desmoronados.

Meus olhos estão sem foco, não enxergo nada em específico.

Ajudo Katy a se levantar e a envolvo em um abraço, forte.

Desabamos juntas mais uma vez.

Não percebo por quanto tempo permanecemos assim, até que Suzan veio até nós.

— Vamos para casa, minhas princesas. — A voz de Suzano é cheia de ternura.

Katy me solta e apanha as mãos entendidas da mãe, eu permaneço no lugar.

— Quero ficar aqui mais um pouco. — Digo. Minha voz não passa de um sussurro doloroso.

— Tudo bem, minha menina.

Observo a família de Katherine ir embora e caminho mais perto, até o amontoado de terra que me separam do meu amor. Permaneço ali, nem sei ao certo por quanto tempo.

Em direção a saída do cemitério, dou de cara com um homem de cabelos castanhos escuros despenteados, os olhos, ele tem os olhos do Keanu. Seu olhar é de uma pessoa que aparenta não dormir a algum tempo.

Ele me encara e dá um passo em minha frente.

— Você é Zoey? — Sinto o hálito forte de bebida alcoólica e torço o nariz em uma careta.

— Sim. — Respondo, dando um passo atrás.

— Percebi, seus olhos. — Ele me analisa profundamente. — Você é a garota do meu irmão.

— Matthew. — Digo seu nome e ele sorri, surpreso.

— Keanu falou sobre mim? A escória.

— Me contou por alto sobre um certo olho roxo.

— Eu me arrependo tanto por aquilo. Aconteceu tão rápido que... — Eu não estou afim de papo. O seu hálito está me deixando tonta.

— Eu preciso ir. — Respondo rápido e acelero o passo.

— Foi bom conhecer a garota que o fez sorrir com os olhos! — Exclama Matthew. — Apesar das circunstâncias... — Vejo-o cambalear. Sinto pena do pobre homem, mas eu não estou em condição de salvar ninguém de si próprio. Mal sei como vou cuidar de mim daqui para frente.

Pego o primeiro táxi que vejo passar e peço que me deixe em frente ao prédio de Katy.

— Otto. — Cumprimento o meu amigo porteiro.

— Eu sinto muito por sua perda, senhorita Lancaster. Suspiro cansada e sem responder, entro no prédio.

Ali sozinha no elevador, acompanhada pela trilha sonora melancólica, me permito desabar. A dor é imensa em meu peito, ao ponto de não conseguir descrever. Dói tanto que se assemelha a ser esfaqueada diversas vezes, quase posso ver meu sangue escorrer.

Nunca mais vou vê-lo.

Nunca mais vou sentir o cheiro de seu perfume ou da sua loção de barba.

Nunca mais vou poder ouvir o som da sua voz, da sua risada.

É demais para suportar.

Sinto que não vou dar conta.

Entro no apartamento de Katy e vou direto para meu antigo quarto. Eu guardei o cartão que o Keanu me dera, dentro de uma caixa em cima do guarda-roupa e com a ajuda de uma cadeira, apanho a caixa.

O cartão é vermelho, retiro a carta de dentro dele. Minhas mãos estão trêmulas e muito geladas, em minha garganta há um nó doloroso. Meu coração se esfarela, ao ver a letra cursiva sempre impecável que Keanu possuía.

"Não sei como começar a te escrever...

Em minha mente, o som da sua voz ecoa suave a cada trecho da carta que leio.

"Se está lendo isso, provavelmente, eu parti desse plano, mas, quero que me ouça.

Eu não sei ao certo como essa coisa de reencarnação funciona mesmo após concluir várias leituras sobre o assunto, ainda me sinto confuso e não consigo entender como ela de fato ocorre, não sei se possui um padrão ou se é aleatório, ou se, a alma dessa pessoa sente tanto desejo em voltar que o ser superior responsável por esse fenômeno, simplesmente as joga de volta para a baixo. O que estou querendo dizer, na verdade é... Shakespeare um dia escreveu uma frase tão linda e que na minha percepção se encaixa perfeitamente em nós e agora, eu faço das palavras desse poeta, as minhas para você.
"A vida é muito curta para te amar só em uma, prometo te procurar na próxima vida."

Uma vida é pouco para te amar o suficiente, Z.

Eu quero te encontrar em todas as outras vidas que ainda virão. E prometo te amar em todas elas, em cada uma de nossas novas e diferentes vidas."

Lágrimas grossas caem dos meus olhos pingando na folha em minha mão, os pingos salgados borram a tinta de algumas letras.

Estou em prantos.

Por mais que Keanu saiba que há grandes chances de reencarnar sem as memórias da vida anterior... E queria se lembrar de mim.

Ele quer me reencontrar de novo.

Como um mantra, eu leio e releio essa carta.

Como ele pode ter morrido?

Olho para o alto, lágrimas escorrem pelo canto dos meus olhos e em desperto, peço e suplico para que sua alma volte.

— Cumpra sua promessa, Keanu! — Grito com toda a força do meu espírito. — Volte para mim, por favor!

*AAIB é a sigla da Agência de Investigação de Acidentes Aéreos.

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