♡ Capítulo 11: "Seus olhos são tão lindos"

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Finalmente em casa

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Finalmente em casa. Nada como ser atormentado pelos próprios pensamentos no conforto de nosso lar.

Os pensamentos com a morte de Marie haviam sido substituídos por pesadelos com Zoey. Eu estou perdido. Queria poder sumir por vários dias. Minha mente havia me pregado uma peça, transformando minha noite de núpcias com Marie em um pesadelo de abuso.

A culpa me consume nesse momento, além claro da dor nauseante da saudade.

Me deito no sofá para descansar um pouco e quando menos percebo, havia cochilado por algumas horas. Tive um merecido descanso sem sonhos, nem com Marie e nem com Zoey. Ao olhar para a mesa de centro da sala percebo o que havia me acordado, meu celular não para de tocar: Matheus. Aponta o identificador de chamadas.

Ei irmão, o que está fazendo? —Me questiona a voz do outro lado.

— Subindo para dormir. — Respondo me levantando. — Porque me ligando tão tarde, Matheus?

Liguei para te chamar pra vir em uma baladinha comigo. Aproveitar que estou na cidade essa semana. — Meu irmão festeiro, sempre aproveitando para fazer zoada.

— Quem sabe na próxima. — Desligo a chamada e o celular. Quero dormir.

Subo as escadas em direção ao meu quarto e me jogo na cama. Quero dormir sem interrupções. Não sentia fome para comer e muito menos me importava em tomar banho. Só quero descansar, a mente e o corpo. O banho pode esperar até amanhã.

O resto da semana passou sem muitos acontecimentos. Os pesadelos com Marie e o dia mais terrível de nossas vidas continuavam corriqueiros, sua face ora ou outra era substituída pelo rosto sereno de Zoey, o que tornava tudo uma confusão. Na universidade, eu continuo a lutar contra a parte de mim que quer saber mais sobre essa garota que tem os olhos mais encantadores do mundo.

É sábado de manhã e como prometido iria ao jantar na casa dos meus sogros. Aproveito para ir novamente até o mercado, preciso comprar o espumante que garanti a Katherine que levaria.

O caminho é monótono e sem movimento, sigo perdido em meu próprio mundo de pensamentos quando novamente me esbarro naqueles olhos.

— Me desculpe. — Sua voz age como um calmante natural, parece amenizar a dor.

A garota se abaixa para pegar a sacola de compras que havia caído no chão com nosso esbarrão. Por instinto abaixo junto para ajudá-la.

— Você também frequenta esse mercado? — Pergunto, me recordando da vez em que vi aqueles olhos entre as prateleiras.

— Sim. É o mais perto de casa.

"É perto da minha também." Penso comigo mesmo e balanço a cabeça para afastar essa ideia.

Ao colocar o último tomate de volta à sacola parda, nossos dedos se tocam e eu posso sentir a descarga elétrica passando pelo meu corpo. Eu sei que ela também sentiu, pela sua agilidade em se afastar.

— Obrigada por me ajudar. — Diz a garota timidamente.

— Quer ajuda para levar o resto? — O que estou fazendo?! Me oferecendo para ajudar com as compras...

— Seria bastante gentil. — Zoey me lança um pequeno sorriso e eu retribuo. A observo direcionar a atenção para dentro do mercado.

— Lorenzo! —A garota o chama. O atendente do caixa prontamente olhou em direção ao chamado. Lorenzo era o caixa, eu nunca me preocupei em saber o nome dele. — Depois eu devolvo o seu carrinho!

A sigo em silêncio pelas ruas. Seu perfume é muito bom de sentir, realmente um calmante. Repentinamente, ela parou. Estamos parados em frente à um pequeno apartamento, duas quadras do mercado.

— É aqui. Obrigada senhor Davies. — Diz Zoey em gratidão.

— Não precisa agradecer. Foi uma honra ajuda-la. — Me prendam! Eu estou flertando com uma aluna?!

Seu olhar estava em mim, me consumindo. Quando percebo já é tarde, minha boca havia se mexido sozinha e falado besteira.

— Seus olhos são tão lindos.

O rosto de Zoey enrubesce ao receber meu elogio impensável.

— Quer dizer, me desculpe... É que... Minha esposa... É... Bom, ela... — Eu estou perdido nas palavras, eu não sei o que dizer. — Seus olhos são iguais aos dela. — Finalizo, respirando fundo.

— Obrigada, eu acho... — A garota em minha frente desviou o olhar e coçou a nuca. A deixei desconfortável com meu comentário irracional. Sou um estupido. — Como ela se chama?

— Marie. Ela se chamava Marie. Infelizmente ela faleceu há 19 anos. — Eu não gosto de tocar nesse assunto. Por que estou falando disso com ela?

— Eu sinto muito por sua perda. — Consigo sentir a sinceridade em sua voz trêmula. Lanço um pequeno sorriso lateral para ela. A mesma caminha até a porta e a vejo girar a chave. Suas mãos são delicadas e pequenas, o esmalte azul já estava começando a descascar de algumas unhas.

Ajudo a colocar as sacolas de compras no apartamento, não reparo muito em como é o interior do lugar, minha atenção estava na garota de cabelos castanhos.

Após ajuda-la, Zoey me agradece e prontamente eu me ofereço para retornar ao mercado e devolver o carrinho de compras. Ao fazer isso me recordo que sequer cheguei a entrar no mercado, algo me distraiu.

— Obrigada novamente, senhor Davies. — Zoey sorriu. Seu sorriso iluminava o mundo.

— Não há de quê. — Respondo, retribuindo com um meio sorriso.

Nós despedimos com o olhar. Conforme refazia meus passos até o mercado, seu perfume ia ficando para trás, mais e mais fraco. A agonia da minha dor voltava. A garota de cabelos castanhos parecia ter se tornado um bálsamo. Sua presença amenizava minhas dores internas. Como isso é possível?

Retorno ao mercado, compro o espumante e caminho até em casa. Novamente vazio.


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