♡ Capítulo 24: "Eu a amo mais que tudo."

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Amanhã, eu contarei a novidade para a Zoey, na verdade, para toda a turma

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Amanhã, eu contarei a novidade para a Zoey, na verdade, para toda a turma.

Em todos os anos como professor, eu nunca estive tão apreensivo. Tive diversos estagiários e que hoje estão formados e são ótimos profissionais, pelo menos é o que alguns deles me disseram por redes sociais, os quais eu sempre os respondia com: "Parabéns, continue sempre se esforçando."

Mas ela não é um aluno qualquer.

Zoey é algo mais.

É ela quem persegue meus pensamentos, meus sonhos... Depois de ter provado de seu beijo naquele domingo, é realmente torturante estar na presença dela. Sinto como se em qualquer momento eu fosse perder a consciência e fazer alguma besteira.

Estou cansado, foram tantos artigos e opiniões diferentes que minha cabeça parece três vezes maior, também sinto um peso enorme nos ombros.

Preciso de um descanso.

Apanho a taça vazia e caminho em direção a geladeira e pego a garrafa de vinho. Dizem que beber vinho faz bem para o coração, para suportar toda essa confusão de Zoey ser Marie eu preciso de um coração bem forte.

Encho minha taça com o líquido vermelho e me sento na cadeira. Levo calmamente a taça para perto do nariz, o aroma é deliciosa e me traz lembranças de momentos felizes nessa casa.

Marie sempre foi uma mulher sorridente, gostava de ser livre e de experimentar um bom vinho. Ela aprendeu isso com o pai, o mesmo é um grande apreciador dessa bebida em especial.

Uma vez, a mulher que escolhi para compartilhar o lado bom dessa vida, me fez viajar para a Itália com ela, apenas para que pudesse ter a experiência de conhecer uma vinícola. Era sempre magnífico observar Marie empolgada com alguma coisa, ela pesquisou diversos lugares pela Itália que produzia os melhores vinhos, não foi uma tarefa difícil, lembro dela me dizer que estava procurando pelo lugar ideal.

Quando Marie encontrou, ela simplesmente pulou no sofá.

— Encontrei Keanu! O nosso lugar! — Ela Exclamou,  virando a tela do notebook em minha direção.

Pela foto era um pequeno vilarejo, bem simples na verdade. O Chão era de pedras e as casas eram bastante simples, algumas pareciam não serem pintadas à séculos. Parecia um lugar calmo e na visão da minha esposa, muito aconchegante.

— Tem um produtor de uvas, onde as pessoas podem visitar e pisar em uvas, ao modo bem tradicional. — Marie dizia, passando as fotos. — Não é o máximo?! — Eu sorri, não posso deixar de ser irônico.

— Estou bastante animado para ter meus pés sujos de uva, meu amor. — Disse eu, me levantando, pegando nossas taças e as levando até a cozinha.

— Percebo que está mesmo animado. — Retruca Marie com baixo ânimo.

Eu não queria viajar para tão longe, só para pisar em algumas uvas, eu poderia levá-la para a França em um restaurante chique e muito caro, provarmos do melhor vinho que eles tivessem a oferecer e terminaríamos em um passeio de barco, algo assim.

— Querida, eu realmente não estou interessado nessa viagem. Não me parece muito atrativo, poderíamos experimentar o melhor vinho da França em um jantar romântico à luz de velas. — Digo, puxando Marie pela cintura.

— Eu fui com você naquela viajem de Esqui e eu odeio frio. Aliás, eu nem sei esquiar, mas eu estava lá com você, também não teve nada de romântico em ficar resfriada. — Marie relembrou, fazendo bico.

— Não foi isso que achei quando estávamos nus em frente a lareira. — Fiz a minha melhor voz sedutora.

— Não é essa a questão, Keanu. — Disse ela, se afastando de mim e voltando para o sofá. — O ponto é que quando quis esquiar, mesmo contrariada, eu estava lá te apoiando. Eu quero tanto, mas tanto, afundar meus pés em uvas e dizer que uma dessas safras foi feita por mim. — A mulher me encara com um olhar triste. Marie para de me encara e olha para as próprias mãos. — Eu poderia ir sozinha, mas eu quero ir com o meu marido.

É claro que eu não negaria um pedido dela, Marie me tem em suas mãos. Me aproximo dela e a puxo para apoiar a cabeça em meu ombro.

— Nos vamos para a Itália. — Um sorriso perfeito brilhou em seus lábios.

Eu amava vê-la sorrir.

Recordo-me que aquela viagem foi bem mais legal do que imaginei que fosse, a lembrança de Marie gargalhando enquanto fazia força para levantar e afundar os pés nas uvas era gratificante.

Eu a amo mais que tudo.

Não importava se era na Itália, na França ou em algum fim de mundo, se  estivesse ao lado de Marie, eu estaria feliz.

Eu estaria completo.

Deixo essas lembranças irem embora assim que dou um último gole no vinho. Tomo um banho longo e me deito na cama, puxo um livro e começo a ler. É mais um exemplar sobre reecarnação, eu estou levando tudo isso muito a sério. Não é sempre que você acha que algo assim está acontecendo em sua vida.

Leio algumas páginas e sem perceber acabo adormecendo.
Sem pesadelos dessa vez.

Sem seus olhos castanho e azul.

Nada.

O cansaço me vence por essa noite.


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