Quando A Vida Acontece - Vol 3

By MariMonteiro1

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Crescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Ella e Allison estão de volta, a primeira tentando resg... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40

Capítulo 35

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By MariMonteiro1

O sol se infiltrando pela cortina entreaberta foi o que deu a dica à Baby de que um novo dia começava. Ela se espreguiçou, percebendo que vestia tecido de menos. Estava usando sua lingerie branca e rendada que dizia "vamos acreditar que sou inocente enquanto tento te seduzir". De repente, se lembrou que, na sua empolgação, havia bebido sozinha uma garrafa inteira de vinho e dormido na sala antes do Zach chegar.

Que desperdício ridículo.

Tentou acordá-lo de várias formas, mas ele só resmungou e virou para o lado. Por fim, bufando de frustração, ela foi tomar banho para trabalhar. Um anel de noivado escondido e os dois trouxas bêbados demais. Pelo menos, aquele era o último dia de trabalho antes do Natal e das suas duas semanas de férias, as primeiras em cinco anos, sem contar a licença maternidade da Millie, embora fosse verdade que várias das suas criações haviam sido feitas de madrugada, depois que Millie dormia entre uma mamada e outra. Passaria a primeira semana em Londres, criando situações românticas para que Zach lhe entregasse logo o anel, e na segunda, quando Millie estivesse com Victor, ela e Zach passariam alguns dias na Costa Rica, bebendo drinques complicados, fritando embaixo do sol e fazendo sexo suado. Melhor plano, impossível.

Enquanto secava os cabelos, Baby se perguntou quando Zach pretendia fazer o pedido. Talvez no Natal, na frente de toda a família, o que seria uma ótima forma de marcar o fato na memória de todos. De repente ele até pediria sua mão para o seu pai, imagina! O Zach tinha aquela cara de maluco, mas ele era muito bom moço, capaz de pedir sua mão mesmo. Ou então no ano novo, enquanto assistiam a um show de fogos de artifício em San José.

Ele entrou no banheiro e, sem falar nada, se enfiou no chuveiro. Pelo humor, decididamente o pedido não seria naquele dia.

-Chegou tarde ontem? – Baby perguntou desnecessariamente.

-Aham – Ele simplesmente ficou lá, deixando a água cair. Devia estar com uma tremenda ressaca.

-Eu te esperei para beber um vinho, mas acabei pegando no sono.

-Se eu saí para beber e você queria beber também, podia ter ido junto.

-Seus amigos não gostam de mim, Zach – Ela desligou o secador e começou a se maquiar.

-Eles podem gostar se você se esforçar.

Ah, ótimo. Ela esperando um pedido de casamento e havia ganhado mais uma DR.

-Eles podem se esforçar também.

-Podem. Mas se ninguém faz nada, aí fica difícil. E uma vez que eu estou sempre fazendo o possível para me dar bem com os seus amigos, não custa você tentar com os meus – Ele respondeu, ainda debaixo d'água, como se estivesse participando daquela conversa de um lugar muito distante.

-Não é tanto sacrifício assim se dar bem com os meus amigos.

-Eu também acho os meus bem legais.

-Então pronto – Baby começou a procurar o corretivo dentro da gaveta de maquiagem, irritada.

Zach finalmente pareceu se lembrar do que estava fazendo embaixo d'água e pegou o sabonete. Baby achou o corretivo e o passou embaixo dos olhos.

-Mas é uma via de mão dupla – Ela disse.

-Exatamente. Uma via de mão dupla.

Baby socou o corretivo de volta na gaveta e virou de frente para o chuveiro:

-Zach, o que você quer dizer? Estou com a impressão de que você está me mandando mil mensagens codificadas que eu não tenho a competência de interpretar.

-Quero dizer que eu adoto a sua família e os seus amigos. Eu sei o que você faz para viver, eu me orgulho para caralho do duro que você dá, eu te defendo e defendo quem estiver do seu lado. Mas essa via é de mão única.

-Não é verdade, Zach! Porque eu não me dou bem com a sua irmã? Meu Deus, você não passou metade do ano neste apartamento com ela também? Você não viu que ela me detesta? Não viu que ela roubou a velhinha?

-Puta merda, como você é obtusa, Baby!

-Eu? Eu falei alguma mentira?

-Não, não falou. Só que você nunca se daria bem com ela mesmo que ela fosse uma pessoa mais fácil, sabe por quê? Porque ela não gravita em torno do seu umbigo. Você não enxerga ninguém além de você, Baby.

-Agora você vai dizer que eu não gosto da minha filha – Baby deu uma risada debochada.

-Não estou dizendo que você não goste das pessoas. Estou dizendo que você se importa com o seu mundo em primeiro lugar. Você é a pessoa mais mimada que eu já vi na vida!

-Eu não sou mimada! – Baby respondeu, nervosa. – Eu fui, sim, muito mimada quando era criança. Mas eu cresci! Eu me virei sozinha, eu me fiz sozinha!

-E pelo visto se acostumou tanto com isso que atropela todo mundo em volta.

-Eu não sou assim – Ela disse, magoada. Não esperava aquele ataque porque era seu último dia antes das férias e era o Zach. E porque ele havia comprado um anel de noivado para ela. Não conseguia entender como alguém que pretendia pedi-la em casamento podia estar guardando tanto rancor. – Eu disse que ia tentar ser menos autoritária e tenho sido mesmo.

Zach fechou a torneira e enrolou uma toalha na cintura.

-Você não pode querer mudar só porque te puxam a orelha. E quer saber? Nem sei se você tem que mudar alguma coisa. Não sei se eu deveria exigir algo assim ou não. De repente... Só não encaixou, sabe?

-Não – Ela respondeu, com medo do que viria a seguir.

-De repente não somos certos um para o outro.

Baby viu todo o seu mundo que gravitava ao redor do umbigo rodar. E aquele ano inteiro? E o anel?

-Eu não aceito isso – Ela respondeu.

-Não está fluindo, Baby. Não está bom.

-Claro que não está fluindo! Olha todo o caos que aconteceu desde que a gente resolveu morar junto, e pode dizer que não, mas esse caos tem nome e sobrenome, e tem até um cachorro! Antes estava tudo lindo e perfeito! A gente só tem de ajeitar a situação da Grace e voltar ao que éramos antes.

-Você não ouviu nada do que eu disse, Baby! – Zach perdeu a paciência. – Foi foda tudo o que a Grace causou, mas ela não é o nosso problema! O nosso problema somos nós!

Baby ficou em silêncio, em estado de choque. Zach pareceu se acalmar um pouco e disse, olhando para o chão.

-Olha, vamos dar um Natal legal para a Millie. Domingo a gente volta a conversar. E, enquanto isso, eu vou ficar em Shoreditch.

Baby finalmente encontrou a voz:

-Você quer dar um Natal legal para a Millie saindo de casa?

-Ela está com a Viv na Malu, nem vai perceber.

-Eu vou perceber. Ou estou sendo egoísta de novo? Você termina comigo e eu não posso falar de mim?

-A gente conversa domingo, Baby. Quando passar o Natal.

-x-x-x-

-E foi isso – Baby concluiu, assoando o nariz, sentada à mesa do café.

-Cacete – Tom e Ella disseram juntos.

-Tommy, seu maldito, ele não ia me pedir em casamento? Por favor, não me diga que tinha um brinquinho para a Millie naquela caixa que ela ainda nem faz sombra suficiente para usar alguma coisa daquela joalheria.

Tommy ficou mudo, explodindo, sem saber o que fazer, até que Ella disse:

-Filho, você deve mais lealdade à Baby.

-Ok, ok, ele ia te pedir em casamento. Eu já te disse isso! Mas aí você foi emputecer o boy antes do pedido, deu nisso.

-Você sabe se ele devolveu o anel? – Baby perguntou, a voz tremida.

-Ele não vai devolver o anel antes de domingo. Se ele quer esperar passar o Natal, não vai fazer nada drástico – Ella disse, com muita sabedoria.

-Foi por isso que você me mandou mudar de personalidade, né, Tommy? Você também me acha um trator insensível.

-Eu?! – Tommy fez, com afetação. – Eu só acho que você... tem o gênio forte.

-Me conte sobre a sua vida, agora só vou querer saber dos outros.

-Baby, tudo bem você querer falar hoje de você. Você acabou de levar uma marretada na cabeça – Ella disse, compreensiva.

-Não, vou ser totalmente altruísta. Então me fale de você, Ella. Conseguiu o Mark Cavassos?

Apesar do que havia acabado de dizer, Ella mal conseguiu conter o sorriso que se espalhou em seu rosto.

-Eu consegui! – Ela cantarolou. – Posso não ser a sócia sociável, mas consegui!

-Você é super sociável, mãe. Não sei de onde tirou isso.

-É porque alguma coisa a Mia tem de fazer, né? – Baby falou. – Desculpa, sou tratorzão mesmo, mas se a Mia não ficar com os contatos com os designers, você carrega a agência toda nas costas. Aliás, já está carregando. – E, em uma total mudança de humor, perguntou, insegura: - Estou sendo insensível?

-Não. Um pouco surpreendente, talvez – Ella falou, com os olhos arregalados. – Eu faço muita coisa mesmo, mas sou solteira, né?

-E cuida do seu pai e estuda e faz todo o resto da agência. Amo a Mia, mas a Baby tem razão – Tommy disse.

-Amo a Mia também, mas tenho razão – Baby concordou consigo mesma.

-Nossa, como amo a Mia. Mas talvez vocês estejam certos.

Seguiu-se um silêncio curto, em que Tommy e Ella pensaram sobre todo o amor que tinham pela Mia e Baby implorou:

-Vocês querem falar alguma coisa? Preciso desviar o pensamento de que Zach deve estar tirando as coisas do nosso apartamento neste instante. Não consigo trabalhar, não posso ir para casa, não sei o que fazer. Posso visitar suas clientes com você, Tommy?

-Não tenho clientes. Vou acabar esse almoço e sair para caçar motivos marinhos para colocar na mesa de Natal da minha mãe. Minha outra mãe – Ele falou, olhando para Ella.

-Sua outra mãe não chama uma empresa para fazer a decoração?

-Não a do nosso Natal. Ele é complexo demais para a minha outra mãe não nos enlouquecer, como você saberia se não chegasse linda e cheirosa apenas na hora do jantar. Esse ano, algum espírito generoso se apossou do corpo dela e a fez delegar a ceia para a Allie. Agora preciso de motivos marinhos, Angie está caçando bruxas...

-Bruxas?

-Befana, a bruxa italiana que entrega presentes no lugar do Papai Noel... Lily está em um sabático porque se casou e deu à mamãe a esperança de novos netos, e Luca escapou porque ia ver se conseguia um milagre de Natal e a vaca da mãe do filho dele os liberava para ir a Montevidéu.

-Por falar em irmãos, você sabe o que o Victor quer comigo? – Baby olhou o celular. – Só falta ter acontecido alguma coisa com a Millie para esse entrar para a história como o pior dia que já existiu.

-Não é nada com a Millie. Bom, é, de uma certa forma.

-O que é? – Baby perguntou, impaciente.

-Meu irmão está voltando para Londres, deu a notícia ontem no jantar. A sócia vai ficar lá em Los Angeles, cuidando da parte americana, e ele vai abrir uma filial aqui. Ele disse que era um sonho antigo, mas a Millie apressou as coisas.

Baby ficou boquiaberta.

-O que isso significa?

-Além do que eu acabei de te dizer?

-Será que ele vai querer a guarda da Millie?

-No máximo uma guarda compartilhada – Tommy disse. – Se você está pensando no Victor tirar a Millie de você, meu irmão é muito gente boa e isso seria novelesco demais.

-É tanta coisa acontecendo que está me dando dor de cabeça. Acho que vou para casa chorar.

-Não – Ella e Tommy a abraçaram, cada um de um lado, e Tommy completou: - Vem comigo comprar conchas de plástico e colares de pérolas falsas. Você vai se divertir, vem.

-Ai, caralho, devo estar muito mal, porque acho que vou mesmo.

Enquanto esperavam a conta, Baby mandou uma mensagem para Victor perguntando se não podia esperar até o dia seguinte. Ela iria à madrinha mais cedo, levando a roupa que usaria para passar o Natal.

"Beleza, mas você vai ter de disputar espaço com a Befana, a bruxa italiana".

Na verdade, Baby se via diante de um grande dilema. Não podia lidar com uma noite na sua cama vazia, mas, se fosse para a casa dos pais, teria de dar explicações. Era provável que o mesmo acontecesse se fosse para a madrinha. Resolveu que o Tommy já havia dormido no seu sofá vezes demais e que devia retribuir o favor, até porque o noivo milionário dele certamente tinha um quarto de hóspedes.

-É claro que temos quarto de hóspedes – Tommy disse, colocando o cinto de segurança no carro da Baby. – Você é sempre bem-vinda, loira.

-x-x-x-

-Noah! – Roberta sorriu quando Luca entrou com o bebê na lanchonete. E virou-se para os outros funcionários: - Gente, esse é o Noah.

-Olá, Noah! – Várias vozes disseram.

O rosto dela, sempre tão duro, se suavizou e ela sorriu de trás do balcão para o filho, estalando a língua e fazendo careta. Noah a ignorou solenemente e ela olhou para o gerente.

-Vai lá – Disse ele.

Roberta deu a volta ao balcão e pegou Noah, que ameaçou chorar, no colo.

-Não, não chora – Ela o sacudiu suavemente. – Vamos conhecer o trabalho da mamãe.

E, enquanto mostrava para o bebê coisas incríveis como mesas, cadeiras e caixas registradoras, perguntou para o Luca:

-O que te deu? Essa semana não é de visita.

-Não, mas amanhã é véspera de Natal e o Noah queria trazer um presente.

Roberta olhou para ele, desconfiada:

-Isso é um suborno para eu deixar vocês viajarem no ano novo?

-Não – Ele lhe entregou um embrulho. – É uma lembrança porque você é a mãe do Noah. Quando ele crescer, te dará presentes de Natal sozinho, mas por enquanto ele não pode fazer isso.

Roberta se sentou a uma mesa, Noah sobre as pernas, e abriu o embrulho. Havia um cordão simples, mas de bom gosto, uma corrente fina prateada com um pingente em gota.

-Obrigada – Ela disse, séria. – É uma lógica legal, mas não comprei nada para você.

-Não tem importância.

Roberta ficou em silêncio, brincando com Noah, mas na verdade queria evitar o constrangimento de não saber o que dizer para o Luca. Por fim, ele falou:

-A gente não precisa ser inimigo, Bobbie. A gente só quer o melhor para o Noah.

-Eu sei disso – Ela respondeu, sem olhar para ele.

-Então por que a gente fica brigando? Não há necessidade disso.

-A culpa é minha? – Ela perguntou, defensiva.

-Não. É nossa. Eu também estava muito puto com você. Mas a gente precisa conviver, certo? A gente vai ter de conviver para o resto da vida. Melhor que seja de boa.

Sem dar resposta, Roberta olhou para o gerente e se levantou:

-Eu preciso voltar para o trabalho. Mas quero que você saiba, Luca, que estou fazendo a minha parte. Posso ter deixado o Noah na porta dos seus pais, mas agora estou tentando fazer tudo certinho.

-Eu sei, eu estou vendo.

-E, quando puder, vou querer guarda compartilhada dele.

"Mas nem fodendo", foi o que Luca pensou, mas achou que ia contra o espírito festivo e de reconciliação do Natal dizê-lo em voz alta. Por isso, não disse nada e pegou o filho dos braços dela, enquanto tentava manter o sorriso no rosto. Futuras batalhas judiciais estavam lá mesmo, no futuro. E, se tudo desse certo, ele e Bobbie conseguiriam ter algum tipo de relacionamento que as tornassem desnecessárias.

-Não-inimigos? – Ele estendeu a mão para ela.

-Não-inimigos – Ela a apertou. E falou, quase como se estivesse sem saída: - Obrigada pelo presente.

-Foi o Noah – Ele sorriu.

-Obrigada, Noah – Ela apertou a barriguinha do bebê.

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