Capítulo 21

25 10 1
                                    

Allison precisava tomar algumas providências no dia seguinte. A primeira era um remédio para dor de cabeça e alguns galões de água. A segunda era se livrar de Hunter.

-Pô, Allie, parece que tem uma banda de metal tocando na minha cabeça - Ele resmungou.

-Bem-feito. Qual foi o trato? Você não dorme aqui. Você nunca dorme aqui – Ela respondeu, o sacudindo.

-Eu apaguei e você também.

-Mas agora eu acordei e você também. Vaza, Hunter.

Allison dividia os caras com quem fazia sexo em algumas categorias: Havia os que ela não sabia nada a respeito, ficava apaixonadinha, lamentava por ele sumir no dia seguinte, nunca dava certo; Era a essa categoria que Luca havia pertencido um dia. Havia os pintos amigos, normalmente não tão amigos assim, com quem ela tinha liberdade suficiente para mandar desaparecer antes que o dia amanhecesse; Hunter era um desses. E havia a categoria dos melhores amigos, aqueles que tinha tanto medo de perder que o peito doía e a garganta fechava, e aí cometia o desatino de dormir com eles e acabava perdendo-os mesmo. Desse tipo, só houve o Dylan.

-Não ganho nem um café da manhã? - Hunter se sentou na cama e esfregou o rosto.

-Mas é muita folga! - Allison respondeu, se vestindo. - Usa o meu corpinho e ainda quer que eu cozinhe pra você?

-Você cozinha bem pra cacete, Allie.

-Eu sei. Se você sair da minha cama em cinco minutos, eu te faço um waffle, mas só isso.

-Não ganho nem um mel no waffle?

-Aí você paga por fora.

Allison, agora de calça de moletom e cropped, o que era uma calça de moletom e uma cropped a mais do que ela estivera vestindo há poucos minutos, abriu a porta e foi para a cozinha. Bebeu água com a sensação de que todas as suas células encarquilhadas pela desidratação voltavam a se expandir e começou a fazer o waffle pensando que era por isso que ela não se casava, era o cúmulo, acordar de ressaca e ainda ter de fazer café da manhã para marmanjo, mesmo que na realidade ela fosse fazer café para si própria e dar a Hunter uma pequena parte.

-Tem queijo na massa? - Hunter saiu do banheiro e se sentou em um dos bancos que ficavam em frente à bancada que separava a cozinha da sala.

-Sério, vou começar a te cobrar. E é claro que tem queijo na massa. Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

Hunter pegou um waffle do prato e o colocou na boca.

-Você devia cobrar mesmo por isso, Allie. Devia ter seu próprio restaurante – Ele disse, com a boca cheia.

-Já que você faz gastronomia, quando é que vai ser a sua vez de cozinhar?

-Não posso, minha culinária é refinada demais.

-Tá me chamando de grossa?

Hunter riu e não teve tempo de responder, pois o interfone tocou. Havia esquecido que tinha marcado com a Sophia de manhã, pois mais tarde tinha combinado de refazer o longo caminho até a Malu e aprender a fazer empadas. O único problema era a amiga ver Hunter tão cedo na sua casa. Não que Sophia ligasse, pois entrou falando:

-Menina! O viking!

-Eu não disse? Eu prometi pegada, eu entreguei pegada – Allison falou, feliz. Depois parou e pensou: - Você ficou com ele, né?

-Fiquei! Deu certo! Nada na minha vida dá tão certo tão rápido! Você disse que ele era gato, ele era gato. Gostei dele, ele gostou de mim. Você prometeu pegada, ele tinha uma puta pegada.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now