Capítulo 34

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Tommy se separou de Loly na porta da sua cliente e, como não era muito longe, resolveu caminhar. Amava Londres em todas as estações, principalmente no ar frio do inverno. As pessoas eram até mais bonitas quando estava frio, e ele estava muito feliz por poder andar pelas ruas e apreciar isso, uma vez que adorava a beleza, todas as formas dela. Na arte, na música e no dia a dia. A beleza clássica, a dos detalhes, a que era óbvia e a que passava despercebida.

E foi observando isso que quase abraçou um poste.

Na verdade, ele devia era tomar vergonha na cara e aprender a dirigir. Assim não cansaria a beleza dos seus lindos pezinhos e chegaria à casa do Zach bem mais rápido.

Tocou a campainha e ele não demorou a atender. Àquela hora do dia, Baby estava no ateliê e Millie ainda estaria na creche. Ele só havia se esquecido de um detalhe: as férias.

-Oi, Tommy! – Millie se embolou com as pernas dele.

-Oi, Millie! Sou eu, o dindo!

-Papai, é o Tommy!

-É o... dindo – Tommy tentou mais uma vez, sem muita empolgação.

-E aí, Tommy? – Zach o cumprimentou.

-Então, queria falar com você, mas... – Ele apontou para Millie.

-Beleza – Zach respondeu e se virou para a menina: - Millie, quer ver Show da Luna?

-Oba! – Ela saiu pulando para a frente da televisão.

-Nunca subestime o valor de um clássico – Zach falou e colocou o programa na TV para ela. Em seguida, perguntou se Tommy queria uma cerveja. Ele aceitou e o seguiu até a cozinha.

-Tenho um coreógrafo, um grupo de dançarinos que dão para o gasto e um outro grupo muito bom, tudo depende do quanto está disposto a gastar. De nada – Tommy tirou a tampa da garrafa e deu um gole.

-Pois então, essa história... – Zach disse, na dúvida de como continuar.

-O quê? Desistiu de se casar com a Baby? Zach, não faça isso! Só você aguenta a minha amiga! Se ela não se casar com você, vai ficar no meu pé para o resto da vida!

-Não desisti – Zach abriu a garrafa dele. – Mas, de boa, no momento nem consigo pensar nisso. Tenho que arrumar um advogado para a minha irmã e estou tão puto com a Baby que casamento é a última coisa que passa pela minha cabeça.

-Ok, por partes, como o Jack. Como terminou a história da sua irmã?

Zach contou que era tudo um pesadelo. Realmente havia uma Nancy Cooper morando no asilo em que Grace trabalhava, com um milhão de esculturas no mesmo estilo. Que isso não queria dizer nada, mas chamaram um especialista que disse que todas as peças dela tinham uma marca, como uma assinatura. Um pequeno rabisco na base. Olharam as estatuetas da Grace e lá estava, todas tinham a assinatura da Nancy. A irmã, sem ter por onde fugir, alegou insanidade, no que, é claro, ninguém acreditou. A mãe havia voltado, traumatizada e envergonhada, para Bradford, e Grace estava sofrendo um monte de processos diferentes. Ela merecia? Merecia. Mas era família e Zach não podia deixá-la na mão. E, enquanto isso, Baby tinha saído para beber depois da exposição.

-Eu não estou com raiva por ela ter desmascarado a minha irmã, porque a Grace fez por merecer. Mas não precisava ter sido daquela forma, principalmente com a minha mãe presente. Antes de pensar em mim e na minha mãe, ela quis se vingar porque a minha irmã se mudou para cá com o cachorro e fez a maior confusão com a nossa vida. A Baby só pensa nela, cara.

Tommy não soube o que responder, pois, apesar de amar a Baby, ele sabia que tudo aquilo era verdade.

-Então eu vou deixar passar para só aí pensar em casamento. Mas deixa os contatos comigo, Tommy. Valeu mesmo.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now