Capítulo 12

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Enquanto a pintura do quarto do Noah secava, Malu e Luca, com Noah pendurado em um sling, foram a uma loja de decoração comprar os móveis. Segundo ela, eles estavam sendo espertíssimos, pois ela já havia cometido a loucura de pintar o quarto e esperar os móveis ao mesmo tempo e não, não havia sido uma boa experiência. Ele havia pedido sua ajuda com opiniões e com o dinheiro, pois não ganhava tão bem assim para decorar um quarto inteiro. Malu disse para deixar a última parte por sua conta, seria um presente de batizado.

-Esse negócio de batizado é bem lucrativo – Ele riu, checando os berços que estavam de acordo com o que havia visualizado para o espaço. - O que eu ganhei no meu?

-De mim? Dos seus padrinhos?

-É.

-Eu dei a roupa do seu batizado, um macacãozinho lindo com perninha pimpão.

-Que ridículo, mãe - Luca deu uma gargalhada. - Até o nome é tosco. O que é perninha pimpão?

-É lindo, são umas pernas bufantes, e você era gordinho e cheio de dobrinhas, ficava a coisa mais fofa. Seus padrinhos te deram aquele escapulário de ouro lindo que eu guardo numa caixinha porque obviamente não te serve mais. A gente pode dá-lo ao Noah.

-Queria ver as minhas coisas antigas.

-Quando a gente chegar em casa você desce com elas para mim, porque não posso subir e pegá-las por motivos óbvios. Depois da prova do vestido da Lily, claro.

As pessoas os olhavam, e Luca sabia que tinha muito pouco a ver com o hediondo andador roxo de cestinha da mãe, e sim com o fato de ela ser famosa. Mas era uma loja cara, exclusiva e todos eram muito discretos, provavelmente acostumados a ver celebridades. Um vendedor alto e magro como um varapau os atendeu, solícito, e Malu e Luca encomendaram tudo o que precisavam. Algumas coisas, diga-se de passagem, que Luca nem sabia que existiam.

Quando terminaram, foram fazer um lanche na medida em que Noah permitia.

-E os seus amigos da Suíça? Tem falado com eles? - Malu perguntou, depois de dar um gole em sua Coca-Cola.

Luca levantou um ombro:

-Tenho. Mas não todos. O assunto da gente muda, né? Às vezes acho que não me encaixo mais, mamãe.

Ela ficou séria, pensativa. Por fim, disse:

-É, seus amigos estão em uma fase diferente. É difícil mesmo. Ter filhos é uma coisa maravilhosa, mas também tem desafios bem grandes. Só que amigo de verdade fica. Tipo Dylan e Jake.

-Eles são da minha família - Luca riu. - Não têm para onde correr.

-Mas não correriam se tivessem. Se você quiser, a gente pode ir um final de semana a Zurique, depois que passar a loucura do casamento da sua irmã. Você pode encontrar seus amigos e eu e Eddie ficamos com o Noah para você dar uma saída com eles.

No início, Malu e Eddie passavam várias noites conversando se não estavam sendo duros demais. A conclusão geralmente era que não, o que não significava que não lhes doesse. Mas havia valido a pena. Luca tinha crescido, amadurecido, lidando com tudo de uma forma que a surpreendia, e olha que ninguém no mundo o tinha mais em alta conta do que ela. Ele havia conquistado alguns direitos, como algumas noites de vez em quando em que pudesse se sentir um jovem de vinte e dois anos novamente.

E, por falar na loucura do casamento da Lily, aquele foi o dia da última prova do vestido. Lily entrou com a estilista no closet e saiu uma princesa moderna. Todo o glamour do vestido estava na sua simplicidade. Era um tomara que caia com a modelagem tão perfeita que parecia que a renda havia sido colada sobre a sua pele, esculpindo toda a parte superior da peça. A saia, por sua vez, tinha um tecido liso e diáfano com caimento perfeito em várias camadas produzindo ondas suaves e assimétricas que traziam toda a leveza ao modelo. Mas o que dava o toque final era uma faixa singela na cintura, lisa e acetinada, num tom de nude tão suave que em alguns momentos aparentava ser a pele de Lily dividindo o vestido em top e saia, num misto de delicadeza e ousadia, digno da menina que ela havia sido e que sempre seria.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now