Capítulo 27

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Allison não sabia o que era a pior, se a ressaca física, a ressaca moral ou o telefone tocando. Olhou para o visor e notou que era um número desconhecido. Considerou não atender, algo que qualquer pessoa normal faria, mas então lembrou que havia colocado seu telefone em cinquenta cartões que distribuiu na festa das gêmeas da Angie.

-Temos mais trabalho, Sophia! – Ela disse, exatamente vinte minutos mais tarde, que foi a conta para que desligasse o telefone com uma tal de Liv e telefonasse para a amiga.

-Temos? – Sophia perguntou, maravilhada.

-Quer dizer, temos uma prova. Uma audição, como a galera do teatro diz. Mas, se der certo, e vai dar, aí, sim, temos um trabalho.

-Que ótimo! – Sophia fez uma pausa. – Vem cá, por que eu estou na faculdade e você não?

-Porque estou cheia de ressaca e vontade de morrer. Aliás, estava, até alguns minutos atrás. Agora estou explodindo de energia criativa. Quando a gente pode se encontrar para combinar os detalhes e para você me passar a matéria que eu perdi?

-Posso te ver agora.

-E aí quem vai pegar a matéria que nós duas vamos perder?

-O Hunter! A não ser que você queira que ele vá também.

-Não – Allison respondeu, pensando que, embora não se opusesse a ver o Hunter em situações normais de temperatura e pressão, ver a Sophia naquele dia já estava de bom tamanho. – Então vem.

Assim que Sophia chegou, ambas esqueceram rapidamente as aulas que estavam perdendo e começaram a pensar na festa que tinham de planejar. Segundo Allison, seria o tema hiper batido das princesas. Varinhas de condão de biscoitos, bailarinas feitas de marshmallow e formas de cupcakes viradas, e Liv disse que sua filha havia ficado muito impressionada com as tartarugas de frutas.

-Que bicho de fruta a gente pode arrumar para uma festa de princesa? – Sophia se perguntou, batucando o lábio inferior com o lápis.

-Um sapo! – Allison, que estava deitada, sentou-se de repente. – A gente pode fazer vários sapinhos usando pera ou maçã verde, com os olhos, braços e pernas de uva verde, ou então a gente faz um sapão usando uma melancia, e estoca a boca do sapo com frutinhas ou bolinhas de melancia mesmo.

-Queria ter a sua criatividade, Allie! É por isso que você vai ter muito sucesso na vida – Sophia disse, escrevendo. – Vem cá...

-O que foi? – Allison falou, satisfeita, certa de que vinha pela frente mais uma oportunidade para ser elogiada.

-Por que você não quer mais saber do Hunter?

-Oi? – Ela perguntou, pega desprevenida.

-Eu sei que tem alguma coisa rolando entre vocês dois.

-Ah, meu Deus! – Só faltava ela e Hunter virarem um casal. – Ainda não chegamos à parte da reunião em que a gente fala sobre garotos. Vamos terminar isso primeiro.

Allison não queria mais falar sobre garotos enquanto vivesse. Esse era um tema que não lhe trazia nada além de problemas. Por causa de garotos, havia dito a Daisy que se mudaria de volta para o apartamento antigo, para conviver diariamente com ela e com o Dylan. Sua única esperança era que já estivesse suficientemente bêbada naquela parte da festa e que tivesse alucinado aquele diálogo. Porque até parece que Dylan se mudaria para lá com Daisy. Eles estavam saindo juntos há cinco minutos, era lógico que ele não faria isso. E tudo bem que Loly também se mudou para a casa do Jake no dia seguinte ao que eles começaram a namorar, mas eles se conheciam desde sempre.

Merda.

Queria poder conversar sobre isso com Loly, mas não queria ouvir um "Eu te disse, agora perdeu, porque meu irmão está feliz com outra", ainda que Loly fosse gentil e doce e jamais dissesse algo assim. Mas ela possuía seu orgulho, mesmo que ele estivesse rastejando pelo chão e levando uns chutes na boca do estômago no momento.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now