Capítulo 23

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O designer libanês Georges Chakra era conhecido pela dramaticidade. Foi ele que desenhou o vestido preto forrado de cetim vermelho, com decote estruturado e uma fenda alta, com detalhes pregueados na lateral, imitando ondas. Ella completou o look com um par de escarpins Louboutin, brincos em gota e um coque alto no cabelo. No rosto, não deixou de colocar um batom bem vermelho e delinear os olhos.

"Ok, agora você pode vir", mandou pelo celular.

Tom: "Você tem noção que a princípio você queria que eu te pegasse uma hora e meia atrás, né?

Ella: "Que bom então que resolvi avisar quando estivesse pronta, grandão"

Como eles ainda precisassem buscar o pai de Ella, combinaram que Tom ligaria quando estivesse chegando para ela descer, e foi o que aconteceu. Ella pareceu desfilar pela portaria até abrir a porta do carro.

-Cacete! Como você está linda – Tom falou quando ela entrou.

-Você também não está nada mal – Ela o avaliou de cima a baixo, sem deixar de registrar que ele estava de calça jeans. Uma calça jeans bonita e cara, mas era uma calça jeans. O tipo de situação que acontecia quando se namorava roqueiros. Perguntou, tensa: - Como isso funciona?

-Eu não estar mal?

-Não, inaugurar coisas.

Ele sorriu, partindo com o carro:

-Você chega lá e as pessoas ficam em cima de você. Você tira fotos. Fala com um monte de gente e não lembra de ninguém. Pode ter música. Tem uma galera que gosta de dançar.

-Eu tenho dois pés esquerdos.

-Você faz um social, vão dizer que está tudo incrível, você agradece, fica tarde, volta todo mundo pra casa, você trepa com o seu namorado, tá inaugurado.

-Como você é prático - Ella deu uma gargalhada.

-Não foi isso o que você perguntou?

-É, foi.

-Sabe aquelas coisas que não têm como dar errado? Essa é uma delas. Vai por mim, vai dar tudo certo. E você tá linda pra cacete. Achei que valia a pena repetir.

-Sempre vale – Ella sorriu, embora continuasse visivelmente nervosa.

-Ei, você fez a sua parte super bem. O que não estava ao seu alcance, você delegou a uma galera supercompetente – Ele tirou a mão do volante e apertou de leve a perna dela: - Foi como eu disse, não tem como dar errado.

-Ok – Ela colocou o dedo na boca para arrancar aquelas malditas pelinhas, aí se lembrou que havia ido naquele mesmo dia à manicure e levou as mãos ao colo.

Tom parou o carro na vaga para visitantes do condomínio e Ella foi sozinha buscar seu pai. Quase deu um encontrão em uma mulher morena de cabelos curtos, jeans, camiseta e crachá, que saia de uma das portas carregando uma mochila.

-Desculpe – Ella falou, distraída.

-Ella! - A mulher disse, encantada. Primeiro porque Ella estava mesmo encantadora e parecia ter acabado de pisar para fora de uma revista chique, uma Vogue ou Harper's Bazaar. Segundo porque não conseguia pensar em pessoa melhor para encontrar.

Quando Ella olhou para a moça, confusa, esta esclareceu.

-Sou a Grace. A irmã do Zach, namorado da Baby, lembra?

-Ah, sim – Ela disse, sem muita emoção. Se ela não se enganava, era a mulher que a Baby não gostava porque invadiu seu apartamento novo com um cachorro e umas esculturas. Mas, tirando o fato de ser entrona, não tinha nada contra ela. - Dá licença.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now