Capítulo 35

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O sol se infiltrando pela cortina entreaberta foi o que deu a dica à Baby de que um novo dia começava. Ela se espreguiçou, percebendo que vestia tecido de menos. Estava usando sua lingerie branca e rendada que dizia "vamos acreditar que sou inocente enquanto tento te seduzir". De repente, se lembrou que, na sua empolgação, havia bebido sozinha uma garrafa inteira de vinho e dormido na sala antes do Zach chegar.

Que desperdício ridículo.

Tentou acordá-lo de várias formas, mas ele só resmungou e virou para o lado. Por fim, bufando de frustração, ela foi tomar banho para trabalhar. Um anel de noivado escondido e os dois trouxas bêbados demais. Pelo menos, aquele era o último dia de trabalho antes do Natal e das suas duas semanas de férias, as primeiras em cinco anos, sem contar a licença maternidade da Millie, embora fosse verdade que várias das suas criações haviam sido feitas de madrugada, depois que Millie dormia entre uma mamada e outra. Passaria a primeira semana em Londres, criando situações românticas para que Zach lhe entregasse logo o anel, e na segunda, quando Millie estivesse com Victor, ela e Zach passariam alguns dias na Costa Rica, bebendo drinques complicados, fritando embaixo do sol e fazendo sexo suado. Melhor plano, impossível.

Enquanto secava os cabelos, Baby se perguntou quando Zach pretendia fazer o pedido. Talvez no Natal, na frente de toda a família, o que seria uma ótima forma de marcar o fato na memória de todos. De repente ele até pediria sua mão para o seu pai, imagina! O Zach tinha aquela cara de maluco, mas ele era muito bom moço, capaz de pedir sua mão mesmo. Ou então no ano novo, enquanto assistiam a um show de fogos de artifício em San José.

Ele entrou no banheiro e, sem falar nada, se enfiou no chuveiro. Pelo humor, decididamente o pedido não seria naquele dia.

-Chegou tarde ontem? – Baby perguntou desnecessariamente.

-Aham – Ele simplesmente ficou lá, deixando a água cair. Devia estar com uma tremenda ressaca.

-Eu te esperei para beber um vinho, mas acabei pegando no sono.

-Se eu saí para beber e você queria beber também, podia ter ido junto.

-Seus amigos não gostam de mim, Zach – Ela desligou o secador e começou a se maquiar.

-Eles podem gostar se você se esforçar.

Ah, ótimo. Ela esperando um pedido de casamento e havia ganhado mais uma DR.

-Eles podem se esforçar também.

-Podem. Mas se ninguém faz nada, aí fica difícil. E uma vez que eu estou sempre fazendo o possível para me dar bem com os seus amigos, não custa você tentar com os meus – Ele respondeu, ainda debaixo d'água, como se estivesse participando daquela conversa de um lugar muito distante.

-Não é tanto sacrifício assim se dar bem com os meus amigos.

-Eu também acho os meus bem legais.

-Então pronto – Baby começou a procurar o corretivo dentro da gaveta de maquiagem, irritada.

Zach finalmente pareceu se lembrar do que estava fazendo embaixo d'água e pegou o sabonete. Baby achou o corretivo e o passou embaixo dos olhos.

-Mas é uma via de mão dupla – Ela disse.

-Exatamente. Uma via de mão dupla.

Baby socou o corretivo de volta na gaveta e virou de frente para o chuveiro:

-Zach, o que você quer dizer? Estou com a impressão de que você está me mandando mil mensagens codificadas que eu não tenho a competência de interpretar.

-Quero dizer que eu adoto a sua família e os seus amigos. Eu sei o que você faz para viver, eu me orgulho para caralho do duro que você dá, eu te defendo e defendo quem estiver do seu lado. Mas essa via é de mão única.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now