Capítulo 7

25 10 2
                                    

"Oi. Eu fiquei muito ansiosa quando você me mandou uma solicitação de amizade e tenho passado esses dias todos esperando um contato. Como ele não aconteceu, imagino que esteja tímida, talvez? Receosa?

É muito estranho, pois não sei como você é na realidade. Não sei se é introvertida, se teria medo de se aproximar ou se é audaciosa. Tenho uma imagem mental sua. Bom, na realidade, a imagem exterior é muito clara, e sei que você virou uma mulher linda e sua beleza é sucesso no mundo inteiro. Por dentro, não sei nada a seu respeito, mas imagino que esteja no mínimo curiosa sobre mim, ou não teria me adicionado.

Gostaria de dizer que, quando quiser, estou disponível para conversar sobre o que desejar"

Ella terminou de ler em voz alta. Já havia lido para si mesma umas duas vezes, o coração martelando contra as costelas, e agora levantou os olhos do tablet para o Tom, com expressão de "O que você acha?"

Ele estava sentado na poltrona do apartamento dele, ela na poltrona em frente, cercada da sua bagunça habitual: livros, textos, laptop, celular, tablet. Desde que começara o curso de administração, vivia estudando ou ameaçando estudar nos intervalos que fazia para visitar o pai e procurar a mãe. E agora uma das Mary Christabel havia entrado em contato. Por um acaso, não era aquela com cuja foto havia cismado, mas a outra, uma loira.

-A loira, é? - Ele deu um sorriso torto.

-A loira! Será que ela pinta o cabelo? Ou é uma doida que me reconheceu das revistas e está se dizendo minha mãe? Depois da mãe da Mia que se fingiu de cega para ganhar uma casa, eu não duvido de nada.

-Onde ela mora?

-Londres.

-A gente pode investigar.

Ella olhou para Tom, simplesmente maravilhada com a ideia.

-Isso! Foi exatamente a ideia que eu tive quando a mãe da Mia apareceu, e o Dave me chamando de louca! Ainda bem que você me entende, grandão! Ok, naquela época eu tinha bem mais tempo sobrando, mas ainda assim eu acho que ainda tenho os bonés...

-Espera, você quis dizer "a gente investigar"? - Ele riu. - Eu estava pensando em contratar alguém.

-E que graça tem isso? - Ella perguntou, desapontada. - É rápido e impessoal.

-Tá, e você quer a versão longa e pessoal.

Ah, sim. Porque, quanto mais longo fosse, mais tempo Ella teria para se acostumar com a ideia.

A Mary Christabel tinha razão. Ela não sabia nada a seu respeito. E Ella não sabia nada a respeito dela. Poderia nem ser uma boa pessoa, o que era bem provável, pois havia sumido completamente da vida de três crianças. Ao mesmo tempo, ela queria perguntar, precisava ter certeza.

Mia sabia que sua mãe não prestava. Podia se afastar de consciência limpa, pois lhe dera até chances demais. Ella queria o mesmo. Se reconectar com aquela mulher ou se afastar para sempre, mas por motivos reais. Sabendo de quem se tratava a pessoa que a colocara no mundo.

-E como a gente faz do seu jeito, além de usar boné? - Tom perguntou, curioso e levemente divertido.

-Também precisa de óculos escuros.

-Tenho.

-E a gente vai precisar ficar de tocaia, logo precisamos de um carro que não seja chamativo.

-Mas a gente vai ficar de tocaia onde? A gente só sabe que ela mora em Londres.

-Putz, eu sou um fracasso! - Ella falou, quando se deu conta. - É claro que não posso procurar a mulher em Londres inteira!

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now