Quando A Vida Acontece - Vol 3

By MariMonteiro1

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Crescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Ella e Allison estão de volta, a primeira tentando resg... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40

Capítulo 9

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By MariMonteiro1

Grace estava completamente boquiaberta:

-Você... Você está me botado pra fora?

Ela sempre havia colocado as coisas da pior maneira possível, desde a infância. Falava duas palavras e sempre tinha a capacidade de fazer com que Zach se sentisse culpado, como se aspirasse a leveza de qualquer situação. Mas, daquela vez, havia mais envolvido do que chantageá-lo emocionalmente para passar as férias com ela, por isso ele se blindou e explicou pacientemente:

-Ninguém está te botando pra fora, Gracie, mas seria melhor para todo mundo se você ficasse em um hotel. É só por uma semana, até o conserto do meu apartamento ficar pronto.

-Mas, se é só por uma semana, por que eu não posso ficar aqui?

-Pensa, Gracie. Nós dois poderíamos trabalhar sem ficar nos revezando no escritório, você não precisaria parar por causa do horário do sono da Millie, você podia até andar pelada se quisesse. E esse hotel é aqui perto e aceita cachorros. Eles têm até passeador de cachorros, sabia?

Zach segurava a foto do hotel no celular diante da irmã, mas ela não deu muita bola.

-Eu não posso pagar. Minha arte não anda vendendo, lembra? Não sou uma artista consagrada como você.

-Eu te ajudo. Eu até pago.

Grace, sentada de quimono por cima da camisola à mesa do café da manhã, ergueu os olhos da sua torrada.

-Nossa! Você está desesperado mesmo para me ver pelas costas!

Ele ia negar, mas teve medo de que, assim, ela resolvesse ficar. Logo, ficou olhando para a irmã, em expectativa, aguardando uma resposta.

-Isso tem dedo da Baby – Ela resmungou.

-Não tem.

-Aposto que a ideia foi dela.

-Não foi. E, mesmo que tivesse sido, é a casa dela. Ela tem direito de buscar uma solução.

-A forma que você vive repetindo que a casa é da Baby, parece que mora aqui de favor! Além do mais, as pessoas buscam solução para um problema, Zach. Eu não sou um problema! Já cansei de te receber, e muito bem, em Leeds, e nunca te tratei como problema.

Zach suspirou. Ainda eram nove horas da manhã e já estava exausto. Era verdade, sua irmã sempre fora super hospitaleira. Entretanto, ele nunca apareceu na sua porta com um cachorro e um martelo para ficar por tempo indeterminado.

Grace se levantou com um ar muito digno e disse, deslizando a cadeira para seu lugar sob a mesa.

-Pois eu vou. Vou agora mesmo fazer as minhas malas. E sabe por quê? Porque, por mais que a Baby tente, não vou deixar que ela consiga fazer com que a gente brigue.

-A Baby não está me colocando contra você - Ele disse, entre espantado e ofendido.

-Ah, não? Pois pense se, um ano atrás, nós estaríamos tendo essa discussão.

Enquanto Grace ia ao quarto arrumar as suas coisas, Zach fez exatamente o que ela havia sugerido. Não, não teriam tido aquela discussão um ano antes. Mas era natural, certo? Antes, ela podia fazer o que quisesse que só afetava a ele. Agora, ele tinha que pensar em Baby e Millie.

O hotel era mil vezes melhor que o escritório do apartamento, mas Grace estava muito mal-humorada enquanto fazia o check-in. Após deixar as malas no quarto, ela perguntou se ainda podia ir aos almoços de família, ou se havia sido completamente expulsa.

-Claro que pode ir – Zach falou, desanimado, pois seu plano era buscar Baby e Millie na casa do Mick, levá-las para o apartamento e convencer a namorada a não ir à casa da Malu naquele final de semana.

-Não tem problema levar o Theo, certo?

-Grace! É um cachorro na casa de alguém que você mal conhece!

-Ele não conhece o hotel, Zach! É crueldade deixá-lo sozinho!

E foi assim que Zach, Grace e um Theo muito feliz pararam o carro em frente à casa de Mick. Ele pediu que os dois esperassem no carro porque não queria matar nenhum dos moradores do coração. Não adiantou nada, porque Alex já abriu a porta gritando:

-Baby, o Zach está aqui, mas se prepara que a irmã e o cachorro estão também!

-Papai! - Millie veio correndo e ele a pegou no colo! - O Theo veio?

-Veio, Millie! Vai lá falar com ele – Ele disse e a colocou no chão, seus olhos em Baby, parada no alto das escadas.

-Oba! A Mandie e a Dawn vão adoraaaaar! - Ela correu porta afora até o carro, cuja porta Grace já estava abrindo para recebê-la.

Baby desceu as escadas lentamente, parecendo que estava fazendo uma cena para um filme, de preferência um de assassinato. Alex cruzou os braços e encostou no aparador ao lado da porta para assistir melhor.

-Você disse que ia resolver, Zach – Ela sibilou, mal mexendo os lábios. Era assustador.

-E resolvi – Ele sorriu, para tentar trazer mais leveza à atmosfera. - Já fizemos até o check-in no hotel, mas ela queria ir ao almoço da Malu. O problema é ela ficar lá em casa, não é não poder socializar, certo?

-O cachorro está no carro – Baby apontou.

Alex espiou:

-E está mesmo! E a Millie falou que a Mandie e a Dawn iam adorar, e vão, e a Kate deve adorar também, e vai, só que a Malu vai ter um siricutico, o que vai ser ótimo, porque ela vai brigar com a Kate e não vai deixá-la ser madrinha do casamento da Lily e eu vou ficar no lugar. Achei perfeito. Vou parar de cruzar borboletas.

-Vocês vão levar um cachorro enorme à casa da madrinha?

-Baby, me ajuda, cara – Zach pediu.

-Como assim? Eu, te ajudar? Nosso apartamento novo parece uma oficina de carpintaria, o sofá que mal saiu da loja está cheio de pata de cachorro, você leva um mês para dizer para a sua irmã o óbvio e aí coloca um cachorro desse tamanho no carro para levá-lo ao almoço da madrinha, e sou eu que tenho que te ajudar?

-É que ele quer ficar bem com todo mundo, tipo político - Alex falou. - Eu tive um namorado que era congressista, não vou falar o nome que pega mal, não pra ele, pega mal pra mim, e ele não brigava nem com funcionário público. Já viu não brigar com atendente dos correios? Com bilheteiro do metrô? Ele não brigava. Aí eu me estressei e briguei com ele.

-Cara, tô cansada pra caralho! - Baby jogou as mãos pra cima. - Tô muito cansada de me aborrecer, Zach! A madrinha é minha e, se você não tem coragem de dizer pra ela que o cachorro não pode ir, digo eu.

-Ok – Ele mostrou a palma das mãos, apaziguador. - Se é assim que você se sente, eu falo com ela.

-Jura que só agora você percebeu que é assim que eu me sinto? Você jura?!

-Vou falar com ela.

-Vai ter barraco? Se tiver, eu vou também.

-Não vai ter barraco, Alex – Zach respondeu. Se ele estivera exausto às nove da manhã, não tinha nem como descrever seu estado agora, às onze.

-Mamãe, o Theo vai na dida! - Millie gritou da janela do carro.

-Não vai, não, Millie.

-Mas a Dawn e a Mandie querem ver o Theo.

-Aí elas visitam a tia Grace e veem o Theo.

Grace acompanhava a conversa com uma ruga na testa e Zach viu toda a sua diplomacia cair por terra.

-Zach? - A irmã se virou para ele, querendo uma explicação.

-Não vai rolar, Gracie. E é melhor. A Malu esteve doente há pouco tempo.

-Um cachorro não adoece ninguém. Aliás saiu um estudo que disse que animais domésticos ajudam pacientes com câncer - Ela falou, sem citar que estudo era aquele.

-Pois é, mas a madrinha não tem câncer nem animais domésticos, o Theo é o seu animal que vai ficar subindo onde não deve e manchando as coisas dela – Baby respondeu, afiada.

-Eu já falei que vou pagar pela limpeza do seu sofá - Grace respondeu, mal contendo a raiva.

-Pois então, já que você ainda não pagou nem a limpeza desse, não vamos manchar mais nada, certo? Vem Millie, vem com a mamãe para a casa da dida que o papai Zach ainda tem de deixar a tia Grace no hotel.

E foi assim que uma guerra até então velada ficou descarada. Prova disso é que Grace ficou calada pela primeira vez, reunindo arsenal e munição pelo caminho.

Irmãs eram o assunto do momento.

Ella encarava seu celular, onde havia uma notificação de pedido de amizade de Robyn no Facebook. "Vi que você é amiga da minha mãe e te add".

Minha mãe.

-Por que você está deitada na cama? - Joel perguntou. Ele estava tendo um dia especialmente ranzinza, talvez porque os tais adesivos de nicotina não eram tão bons assim.

-Estou fazendo massagem – Ella respondeu, a voz ligeiramente tremida por causa da vibração.

-A poltrona do quarto também faz massagem. Tudo treme por aqui. Foi obra sua, né?

-Foi – Ela deu um sorriso e se sentou na cama com as pernas cruzadas. - Pai, lembra o outro dia, em que eu vi as fotos antigas e peguei a do seu casamento?

-Não - Ele se sentou na poltrona e ligou a massagem também. Ficaram os dois tremendo, um de frente para o outro. - O que você quer com a foto do meu casamento?

-É uma foto da minha mãe - Ela respondeu, com sinceridade.

-O que você quer com a foto da sua mãe?

Aquilo prometia ser um jogo interminável e cansativo, logo Ella achou melhor reavaliar e corrigir a rota:

-Sem querer eu vi uns documentos, porque estava tudo junto – O que era uma pequena mentira que ela torcia para que fosse inofensiva – Eu notei que você e a minha mãe se separaram no papel. Por que eu e meus irmãos nunca soubemos disso?

Joel passou um longo tempo olhando para Ella de sua poltrona. Quando ela achou que ele estava pensando como colocar a história em palavras para lhe responder, ele abriu a boca e disse:

-Quero um cigarro.

-Você não pode fumar, pai.

-Por que não posso?

-Primeiro, porque faz mal. Segundo, porque pode acelerar o seu estado. Terceiro, porque o condomínio não permite. Quarto, porque você está usando adesivo, que já tem uma quantidade grande de nicotina, e seria até perigoso fumar um cigarro agora.

-Eu não quero adesivo, quero cigarro.

Ella revirou os olhos e resolveu usar o próprio truque do seu pai contra ele mesmo, ignorando o que ele estava dizendo e insistindo no que era do interesse dela.

-Por que vocês não nos disseram que se separaram?

-Ela voltou? Não. Ia voltar? Também não. Então de que adiantaria contar e viver o drama outra vez?

Ella não se convenceu. Porque, se um divórcio foi assinado, significava que sua mãe havia sido localizada. Era muito diferente da versão da sua fantasia de que ela simplesmente desaparecera no mundo.

Sua mãe estava ali, a cinco horas de distância, e simplesmente preferiu ignorá-los.

-Você sabia que ela morava aqui em Londres? Tentou entrar em contato com ela alguma vez?

-Pra que mexer nisso, menina? Isso é passado.

-Não é, não. É a minha história - Ela respondeu, mais para si mesma.

Desbloqueou a tela do seu celular e aceitou o pedido de Robyn. A coitada era tão filha da puta quanto Ella. Literalmente. E alguém no mundo tinha de lhe dar respostas, algo que fosse menos ridículo que "Eu era muito nova" ou "Para que reviver o drama".

Era impressionante a dificuldade que as pessoas tinham de falar sobre a própria vida. O fútil era facílimo, os problemas pequenos do dia a dia, picuinhas, tudo isso o mundo tirava de letra. Mas chegava a hora de falar sobre o que realmente importava, era mutismo coletivo, todos tímidos.

-Você ficaria chateado se eu a procurasse? - Ella perguntou. Se ele dissesse que sim, seria tarde demais, mas o que Joel quis saber foi:

-Procurasse quem?

-A minha mãe.

-Por que você procuraria a sua mãe?

-Por... sei lá... Curiosidade.

-Besteira, menina. Tudo isso é uma besteira.

Talvez fosse.

Ella respondeu o texto que Robyn havia deixado com uma carinha feliz e foi olhar as fotos. Havia uma com a família de comercial de margarina toda marcada: Mary, um tal de Dan Stuart que provavelmente era o pai da Robin, um rapaz marcado como Jack Stuart. Sua mãe largara uma família e montara outra em uma vizinhança melhor, uma cidade melhor, pessoas melhores de quem ela pudesse sentir orgulho.

Mais tarde naquele dia, recebeu uma nova mensagem:

"Eu sei quem você é". O coração de Ella acelerou quase ao ponto de lhe provocar um infarto, e então a continuação: "Te procurei no Instagram, antes do Facebook te sugerir. Você é uma supermodelo, né? Legal, nunca conheci ninguém famoso".

"Ela não faz a menor ideia de que eu sou irmã dela", Ella pensou, mais fascinada que chateada.

Ella largou o celular e pegou seus livros para estudar. Tom estava na casa da ex-mulher com os amigos e filhos, e Ella não foi para almoçar com seu pai. Mas agora, no silêncio do seu apartamento, ela ficava pensando se valia mesmo a pena tentar se aproximar de Robyn ou se era melhor deixar todo aquele pessoal para lá.

Ella: "Eu estou sem fazer nada. Quer tomar alguma coisa?"

Robyn: "Quero, sim. Eu estou na barraca da minha mãe, mas a feira termina às cinco e posso te encontrar depois"

Ella: "Ótimo. Me diga um bom lugar para a gente se encontrar"

Ella pensou que estabelecer um horário para ver a sua irmã e manter a tarde livre lhe daria tempo e gás para estudar, mas foi o contrário. Ficou andando de cima para baixo pelo apartamento, incapaz de focar em coisa alguma. Foi até a tabacaria e comprou um único cigarro, que fumou, absorta, na praça, sentindo a ansiedade no estômago. Por fim, foi se arrumar para encontrar a Robyn.

-Qual o nosso problema? - Ella se lamentava para o telefone enquanto experimentava looks "casuais para não assustar". - Somos pessoas legais. Por que temos mães horríveis? E como somos pessoas legais tendo mães horríveis?

-Acho que a gente traumatizou, por isso fomos para o lado oposto e viramos ótimos seres humanos – Mia respondeu.

-Você já está em casa?

-Acabamos de chegar. Ella, você quer companhia para ver a Robyn?

-Não, não precisa – Depois de tanto pensar, ela vestiu uma calça jeans e um moletom – Eu consigo lidar com isso sozinha.

-Eu sei que você consegue. Mas você não precisa, sabe?

Os olhos de Ella pinicaram, mas, para a sua sorte, nenhuma lágrima chegou à superfície.

-Eu sei, amiga. Obrigada. Vou lá, acabo com isso, e depois caço o Tommy para me fazer uns mojitos. Aliás, o namorado dele compareceu?

-Compareceu.

-Ah, bom. Ninguém faz meu filho de bobo.

Ella passou apenas rímel e gloss e pegou a bolsa.

-Estou indo. Me deseje sorte.

-Boa sorte!

Robyn estava sentada no bar, bebendo um refrigerante. Por algum motivo, Ella havia chegado ali com medo de que sua mãe estivesse junto, mas não havia sido o caso. Ela pediu um chá gelado e se sentou também. Teria tempo para encher a cara com Tommy depois se, claro, o amigo estivesse sozinho e o namorado não continuasse comparecendo depois do almoço.

Ou então poderia ligar para o próprio namorado, que sempre comparecia, e encher a cara com ele, o que também era uma ótima ideia.

Robyn sorriu e bateu a mão no banco, animada.

-Oi, Ella! Meu Deus, eu não acredito! Achei incrível que agora eu conheço uma top model de verdade e que ainda quis conversar comigo.

Ella sorriu, um pouco sem saber como agir.

-Ah, é... A gente conversa. Na verdade, é uma profissão como qualquer outra, com mais viagens e menos comida.

-Eu achava que te conhecia de algum lugar, mas ontem você estava de óculos escuros e chapéu. Um chapéu lindo, aliás.

-Não é? - Ela concordou, feliz por reconhecerem a beleza do seu chapéu. - Comprei baratinho em uma viagem. Aquelas coisas lindas perdidas no meio de um monte de tranqueira em feiras livres, sabe?

-Sei! Já vi que você gosta de ir a feiras, né? - Robyn falou, inocente.

-É... eu gosto. Qualquer lugar com potencial de compra, eu gosto – Ella não mentiu. - Gosto de descobrir as coisas, sabe? Como aquele chapéu e os meus cinzeiros. Eu coleciono cinzeiros.

-Foi assim que você chegou na minha mãe? Não fazemos cinzeiros e nem sei por que você nos conheceria. Mas fiquei curiosa. Uma top model e um músico famoso na nossa barraca! Foi um dia inesquecível - Ela riu. Robyn estava completamente fascinada e Ella sentia um pouco de dó de acabar com a sua ilusão de que havia encontrado duas celebridades interessadas em nada mais que os medalhões pedantes da Mary.

-Na verdade, eu conhecia a sua mãe - Ella começou, sem saber como continuar.

-É? Ela não me falou nada! Minha mãe com certeza comentaria que te conhecia, nem que fosse por você ser namorada do Tommy Lewknor. Ela é superfã dele.

-Eu a conheço de antes disso. De muito antes.

Robyn ficou em silêncio, intrigada, aguardando o final da história. Ella percebeu que não era fácil contar, não para proteger uma mulher para quem ela não devia nada, mas simplesmente porque gostava da menina, ainda que mal a conhecesse.

-Você sabia que a sua mãe já foi casada?

-Já, no norte. Acho que era Lancashire. Não foi um casamento muito feliz.

-Durham. Não foi Lancashire, foi Durham.

-Como você sabe? - Ela perguntou, a curiosidade estampada no rosto.

-Porque ela teve três filhos nesse "casamento infeliz" - Ella fez aspas com os dedos. - Você sabia?

Robyn fez que não, perplexa. Ella não sabia se a moça estava acreditando nela ou apenas ouvindo uma boa história, por isso tirou a fotografia da bolsa.

-Olha, essa foto é do casamento dela. Está vendo como ela estava grávida? Olha a minha certidão de nascimento – Ela a colocou sobre a mesa. - Olhe o nome da minha mãe. Mary Christabel Acker. Era o nome dela de casada.

Robyn pegou a fotografia e o documento lentamente:

-Gente, que loucura! Você é... minha irmã? E minha mãe nunca me falou nada?

-Aparentemente, a resposta para as duas perguntas é "sim".

-Mas por que ela faria isso?

-O que ela me disse é que ela era muito nova.

-Não... - Robyn negou com palavras e com a cabeça. - Ela é uma boa pessoa, uma boa mãe. Ela não faria isso.

-Eu não sei o que ela faria ou deixaria de fazer – Ella suspirou. – Eu não tive tempo de conhecê-la. Ela foi embora quando eu tinha três anos e deixou a mim e a meus dois irmãos para trás. Meu pai também, diga-se de passagem. Só voltou depois de anos para pedir o divórcio, provavelmente para se casar com o seu pai, e nem aí nos procurou. Logo, Robyn, não faço ideia do que ela faria normalmente.

-Ela disse que o marido dela era abusivo. Não fisicamente, mas verbalmente.

-O quê? - Ella botou as duas mãos na mesa e jogou o corpo para a frente, e então percebeu que talvez estivesse parecendo um pouco agressiva e chegou para trás. - O meu pai é um cara bronco, grosseiro, às vezes até desagradável, mas duvido muito que fosse abusivo. E depois, Robyn, ela podia ter os problemas que fosse com meu pai. Eu e meus irmãos não tínhamos culpa.

-É... - Robyn falou, distante. - Eu... Eu não entendo. Eu preciso de um tempo para digerir.

-Claro – Ella recolheu as suas coisas. - Acho que também precisaria, se fosse você. Vou te passar o meu número, se quiser conversar, tá? E, depois que você digerir, eu adoraria falar com você. Afinal, somos irmãs.

Robyn sorriu.

-Eu sempre quis ter uma irmã.

-Eu também - Ella confessou.

-Só nunca imaginei que seria assim.

-Nem eu.

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