Quando A Vida Acontece - Vol 3

By MariMonteiro1

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Crescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Ella e Allison estão de volta, a primeira tentando resg... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40

Capítulo 6

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By MariMonteiro1

A mesa estava posta com uma toalha vermelha de bolinhas brancas e um painel com as orelhas da Minnie atrás. Tudo era temático, desde os balões pretos, vermelhos e brancos até os cookies com a cabeça da Minnie e os espetinhos com duas metades de morango e um blueberry no meio formando um laço. A aniversariante também entrou no clima, com uma saia de tutu vermelho, camiseta preta e um arco da Minnie comprado na Disney, exatamente igual ao que a Allison ganhou da Loly.

-Dida! - Ela entrou correndo.

-Parabéns, meu amor! - Malu abriu os braços. - Como você é uma Minnie bonita, Amelia!

Todos em volta desejaram feliz aniversário para a menina. Millie escalou o colo da madrinha e se sentou sobre suas pernas enquanto vários adultos em volta prendiam a respiração e Baby estava pronta para arrancá-la de lá.

-Deixa – Malu falou. - Não incomoda nem um pouco.

-Quero andar no carro da dida! - Millie falou, se referindo à cadeira de rodas.

-Tá, mas devagar, pelo amor de Deus – Malu pediu, enquanto colocava um dos braços ao redor da cintura da neta/afilhada para mantê-la segura e, com o outro, operava a cadeira.

Assim que elas se afastaram, Baby apresentou:

-Grace, esse é Tom, meu padrinho, e essa é a Ella, a namorada dele.

-Muito prazer, você é o pai do Tommy, certo? Nós fomos ao teatro essa semana – Grace falou apertando a mão dele, um sorriso cheio de dentes.

-Foi? Viram a peça da Malu?

-A peça da madrinha não está mais passando – Baby comentou. - Era boa pra cacete, você ia gostar, Grace.

-Sensacional. Eu estava nela – Tom sorriu sem modéstia.

-A Malu tem uma peça, é? Me conta isso! - Grace pediu e Zach explicou, falou que Malu era uma grande guitarrista e seu primeiro álbum havia virado um musical.

A casa foi enchendo de gente, de gritos de crianças e de conversas de adultos. Havia várias mesas espalhadas pelo quintal, todas com as cores da Minnie. Sentados a uma delas, Tommy, Louis (que compareceu), Ella, Mia e Dave.

-Olhem as fotos – Ella dizia, mostrando o tablet. - Eu não sou parecida com essa Mary Christabel?

Os três se aproximaram para ver melhor. Apenas Dave continuou na mesma posição, agindo como se não estivesse no grupo.

-Eu não entendo uma coisa – Louis disse. - Por que você não escreve para ela e pergunta?

-É uma coisa difícil de fazer. Dizer "Oi, sou a menina que você abandonou com três anos. Quer conversar comigo?"

-Mas agora ela deve saber quem você é, né? - Louis insistiu. - Aparece uma mulher do nada solicitando amizade, que por um acaso tem o mesmo nome e sobrenome da filha dela. É muita coincidência.

Todos os ocupantes da mesa ficaram mudos, pois não tinham se dado conta disso. Menos Dave, que já estava calado mesmo.

-Ok, é um bom ponto. Vou me reapresentar.

Ficaram todos olhando para ela, em expectativa, até que a rara voz do Dave soou:

-Não agora.

-Por que não, maridão?

-Maridão? - Louis levantou uma sobrancelha.

-Tá vendo? - Dave comentou, impaciente. - O cara agora acha que eu sou seu marido.

-Eu não, só acho bizarro.

Dave suspirou e explicou, daquele jeito dele, de quem se mantinha calmo com muito esforço:

-Você não vai querer conversar com a mãe que te abandonou na infância em uma festa, com um monte de orelhas de Minnie em volta.

-Nossa... - Ella falou, perplexa. - Você é muito inteligente, maridão.

Ele encolheu os ombros sem modéstia e Mia resolveu mudar de assunto:

-E como foi a peça, Tommy? Com a irmã do Zach?

-Isso, o seu encontro – Louis revirou os olhos, fingindo estar com bem mais antipatia do que sentia na verdade.

-Puta merda, que mulher pesada. Ela não é ruim.

-Andam dizendo por aí que ela é do mal – Ella interrompeu.

-Não, mas não acho que seja. Ela tem a energia pesada, é diferente. Eu não entendo como aquela loira ainda não alugou um apartamento pequeno pra ela.

-O que tem eu? - Baby, que passava por perto comendo um pedaço de melancia em forma de cabeça de Minnie, perguntou.

-Arruma um apartamento pra Grace, loira! Aquilo não é uma cunhada, é um encosto!

-Eu sei! Isso porque vocês não escutam o martelo dela! Mas prometi para o Zach deixar que ela fique até o fim do mês, então vou ter de deixá-la ficar até o fim do mês. E seus contatos no mundo da arte, Tommy?

-Não deram certo. As esculturas dela são feias demais.

-São horríveis!

-Calma – Ella falou. - Pelo o que eu estou vendo, a mulher é espaçosa, tem um cachorro enorme que mancha o sofá, tem a energia fodida e é incompetente. Tem alguma coisa que salve?

-Ela é bonitinha – Mia tentou contribuir.

-E me odeia – Baby falou.

-Anna, estabeleça as suas regras – Dave falou.

-Gente, o homem está eloquente! - Ella riu. - Daqui a pouco abre uma seção de conselhos!

Dave lhe lançou um olhar gélido e voltou a atenção para a irmã.

-Você nunca levou desaforo para casa, não faz sentido que leve agora.

-Ela é irmã da porra do Zach e estou tentando ser menos autoritária - Baby explicou.

-E aí deixa os outros montarem em cima, loira? - Tommy perguntou.

-Olha o respeito, Tommy – Baby resmungou, sabendo que sim, estava deixando que montassem em cima dela.

O que, diga-se de passagem, era algo inédito.

O problema era que finalmente havia descoberto algo precioso demais para estragar, que era a sua família com Zach. E, pensava, todo mundo tinha um parente chato do qual fugir.

Ela possuía o tio Leo, irmão do seu pai, que, toda vez que vinha a Londres, a família inteira saía inventando uma viagem para não o receber.

A família da madrinha não tinha ninguém, mas, segundo ela, era só porque a insuportável da sua mãe já havia morrido.

Uma vez, conversando com Oyekunle, descobriu que Kate e seu irmão Adiel viviam um relacionamento de ódio e ódio desde que o mundo era mundo.

Tommy tinha uma tia Becky que era uma provação.

Ela e Zach tinham a Grace. Se fosse pensar bem, era até legal tê-la. Aproximava seu pequeno clã das outras famílias e mostrava que eles eram normais e estavam fazendo tudo certo.

Já Tom andava pelo jardim com a incômoda sensação que era observado, o que era estranho, pois estava entre seus amigos e sua família. Quando passou pela árvore que tinha aquela casa horrorosa que seus filhos pintaram há mais de vinte anos, tudo fez sentido ao ouvir uma voz vinda da folhagem:

-Papai, queria falar com você.

-Porra, Lily! - Ele deu um pulo. - Que susto! Que mania que você tem de trepar nesses galhos.

Ela riu, admitindo. Adorava mesmo subir em árvores, mesmo que tivesse vinte e quatro anos, estivesse quase se casando e uma pequena voz na sua consciência dissesse que devia se comportar como uma mocinha. Mas outra voz, mais alta, se perguntava o que era uma mocinha, afinal de contas, e que o importante era ser feliz.

-Você consegue subir aqui? - Ela perguntou.

-Essa árvore tem meio metro, Lil. É quase uma muda – Ele subiu sem muito esforço e se sentou ao lado dela. - E aí? O que a gente está fazendo aqui?

-A vista é panorâmica - Lily ia dizer que a única vista melhor que aquela era a do terraço do loft, mas não queria entregar o esconderijo para a geração anterior.

-Então a gente subiu aqui para ver a paisagem? - Tom perguntou.

Ele se lembrava muito bem quando havia comprado aquela casa. A Malu era uma mulher de cismas. Em um dado momento, cismou que um apartamento não era um lar e que eles precisavam de uma casa. Ele ruminou e avaliou a ideia durante meses, até que resolveu dá-la para ela em seu aniversário. Havia sido uma decisão difícil, mas, depois de concretizada, não podia ter sido melhor. Era um lugar lindo, mesmo que a Malu o houvesse transformado em um Frankenstein depois que se separaram, com anexos, puxadinhos e aquela casa malfeita na árvore. Seus filhos haviam crescido ali, e ele não conseguia deixar de pensar que eles foram imensamente mais felizes do que seriam no seu apartamento na cidade.

-Eu queria conversar, lembra?

-Lembro, não estou tão velho assim. E sobre o que é essa conversa?

-É sobre o meu casamento.

A primeira coisa que Tom pensou foi que Mateus tinha aprontado alguma coisa, aí se lembrou que não podia mais julgar o moleq... genro.

-Você é o meu pai.

-Sou – Ele confirmou, pensando por que diabos estavam patinando no óbvio.

-E um pai bem incrível.

-Verdade – Ele deu um meio-sorriso.

-Mas sabe, papai, você não me criou sozinho, né? O que é normal – Ela disse, cheia de dedos. - Mas desde bem pequenininha até os dezessete anos eu morei com a mamãe e o tio Eddie e fui criada pelos três.

Tom sabia exatamente aonde aquela conversa levaria e, sinceramente, não sabia como se sentia a respeito. Porque, no fundo, ela estava certa. Queria ter sido mais presente na infância da Lily, sim, mas ele havia sido o pai de final de semana. Resolvera conflitos, se divertira, tivera conversas sérias, mas apenas de sexta a domingo e quinzenalmente. Quem dera as suas mamadeiras, trocara as suas fraldas, a colocara para dormir e a ensinara a andar de bicicleta havia sido o Eddie... Não, espera, fora ele que ensinara Lily a andar de bicicleta. Nada disso acontecera por escolha dele, mas havia sido assim que a vida caminhara e que moldara a forma da Lily ver a sua família.

-Eu gostaria que vocês dois me levassem ao altar, papai. Você e o tio Eddie – Lily falou, decidida.

Tom se sentiu murchar como um balão.

-Putz, Lily, que alívio!

-O que você achou que eu fosse pedir?

-Que o Eddie te levasse no meu lugar!

-Não, claro que não! – Ela soltou uma gargalhada. – Quero que vocês dois me levem! Tá que ninguém vai conseguir me enxergar no meio, mas... E então?

-Claro, Lil. Fale com ele. Ele vai ficar feliz. É só aquele mané não começar a chorar porque ele tem dessas merdas.

-Oba! - Lily colocou os braços em volta do seu pescoço e deu um beijo no seu rosto.

-Ei, você vai nos derrubar dessa árvore!

-Relaxa, papai! É quase uma muda! – Ela piscou e desceu do galho.

Lily correu por entre as pessoas até encontrar o tio Eddie, que conversava com Alex e tio Mick em uma roda.

-Dá licença, gente. Tio Eddie, precisava falar com você.

-Lily, eu também preciso falar com você! – Alex interrompeu. – Quem eu vou ser no seu casamento?

-Hummm... Convidada – Lily respondeu, confusa.

-Só isso?

-Convidada de honra? – Lily tentou, com um sorriso sem-graça.

-Porque eu ouvi dizer, Lily, que a Kate vai ser uma das madrinhas. É verdade? É verdade isso?

-É que ela é minha madrinha de batismo, Alex.

-Mas eu não posso ser outra coisa? Não posso ser daminha? Jogar flores?

-Aí são a Mandie, a Dawn e a Millie, e você é... adulta.

-Relaxa, Lil. Leve o Eddie. Deixa que eu lido com as alucinações – Tio Mick falou.

-Tá... – Lily falou, incerta, e ficou gritando para a Alex, enquanto se afastava puxando tio Eddie pela mão: - Mas você é a convidada mais importante, Alex! A VIP! A incrivelmente especial!

-E eu sou o quê, já que fui até chamado à parte – Tio Eddie riu, quando chegaram a um canto mais sossegado.

-Tio Eddie, então... Sabe como você me viu crescer literalmente, né? Você é meu segundo pai, só não diz isso pro papai, embora no fundo ele saiba.

-Sei – Tio Eddie sorriu, já um pouco emocionado. Só faltava o pai dela estar certo e ele começar a chorar mesmo.

-Você me levaria ao altar junto com o papai?

Tio Eddie ficou tão perplexo que até demorou a responder:

-Você está falando sério, Lil?

-Estou. É difícil lembrar de um momento do meu crescimento que você não estivesse junto. Menos me ensinar a andar de bicicleta. Mas você compensou me ensinando a tocar baixo, e acho que fez um trabalho incrível porque, modéstia à parte, eu sou uma baixista bem melhor que você.

-Um milhão de vezes melhor. Vem cá - Ele a abraçou e disse, depois de lhe dar um beijo no topo da cabeça. – Eu fico muito honrado, Lil. De verdade.

-Por que a Lily está andando por aí emocionando as pessoas? - Malu perguntou para si mesma, com o cenho franzido.

Grace, que estava por perto, acabou respondendo a pergunta:

-Não é ela que vai se casar? Deve ser relacionado a isso, não? Todo mundo fica muito emocionado com casamentos. Aliás, Malu, preciso elogiar a sua festa. Está maravilhosa.

-Haha se você for elogiar o quintal, aí eu aceito. Foi toda a minha contribuição. Foi uma empresa de festas que a Baby, o Zach e o Victor contrataram que fez tudo.

-Os três, é? - Ela perguntou, interessada.

-Sim. A princípio, quem estava vendo era a Baby e o Zach, mas aí o Victor fez questão de contribuir, o que é muito justo, já que ele é o pai. Vem, vamos cantar os parabéns!

Malu colocou a cadeira para andar na direção da mesa, com as pessoas abrindo caminho para deixá-la passar. Zach, Victor e Baby com Millie no colo ficaram na frente do bolo. Todos cantaram parabéns, com Millie berrando a música a plenos pulmões e quase ensurdecendo os três pais, e então o fotógrafo foi tirar as fotos.

-Agora com os avós.

Malu, Tom, Mick e Alex posaram com Millie.

-Agora, os pais!

Houve um certo constrangimento envolvido. Primeiro, apenas Baby e Victor se colocaram na frente da câmera, e então eles perceberam que Zach não os acompanhava e o chamaram. Tudo muito civilizado.

Não para Grace.

Se era verdade que muito naquele grupo de pessoas não era convencional, para uma pessoa tradicional como a Grace era como ser largada sozinha em um planeta estranho. Estava acostumada às inúmeras tatuagens do seu irmão e a viver no mundo da arte. Mas, no que dizia respeito a famílias, algumas coisas iam longe demais.

No dia seguinte, enquanto seu irmão tentava trabalhar e ela mesma dava um tempo do seu martelo devido a questões mais urgentes, como colocar suas inquietações em palavras, ela aproveitou para dar a sua impressão sobre a festa.

-Gente estranha, Zach! Vai me dizer que não são estranhos?

-Não são estranhos – Zach respondeu, girando para um lado e para outro na cadeira da escrivaninha.

-Ah, por favor, e a Malu e os seus dois maridos?

Zach deu uma gargalhada:

-Ei, já ouviu falar em divórcio? Foi isso que aconteceu com eles. A Malu tem um único marido, e o ex dela tem uma namorada.

-Mas aquela dinâmica, Zach. É uma dinâmica toda errada! E o mesmo vai acontecer com você, a Baby e o Victor.

-O que vai acontecer com a gente, Grace? Vamos virar três adultos que se dão bem?

-Eu só tenho medo de que você acabe sendo jogado para escanteio, só isso. Você é o pai da Millie na prática, mas não tem papel nenhum comprovando isso. Ela te chama de papai, mas ela é muito novinha. A tendência é o laço dela com o Victor ir se estreitando conforme ela for crescendo. Você viu isso ontem, quando o fotógrafo quis fazer a foto dos pais. Você age como pai, mas não é o pai.

Zach ficou mudo. Sua irmã, com quem sempre se deu muito bem enquanto moravam em cidades diferentes, testava a sua paciência o tempo inteiro desde que passaram a conviver em um mesmo apartamento. Mas algo no que ela dizia fez sentido e tocou a nota certa. Era mais um incômodo do que algo que ele tinha certeza, como passar a língua em um dente dolorido.

E o pior é que não havia nada que pudesse fazer a respeito.

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