City Lights

Od autorabrunamonteiro

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Para conquistar seus sonhos, Darrell e Rose precisaram um do outro. O problema é que nem sempre os opostos se... Více

BOOK TRAILER
Prólogo
Capítulo 2
capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18 (Parte 1)
Capítulo 18 (Parte 2)
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29 (Parte 1)
Capítulo 29 (Parte 2)
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36 (Parte 1)
Capítulo 36 (Parte 2)
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Epílogo
AGRADECIMENTOS
Aviso importante!!

Capítulo 1

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Od autorabrunamonteiro

Darrell Connor
____________________________

Pensei muito antes de sair de casa. Tenho milhões de motivos para nunca mais pisar nesse apartamento. Mesmo assim, engoli meu orgulho e cá estou eu. Tentei enfiar na minha cabeça que isso era por um motivo bom, mas não. Prometi a mim mesmo que nunca iria recorrer ao meu pai. Nunca mais dirigiria a palavra à ele. Esse ódio que sinto por ele me corrói por dentro. Fico nauseado só de pensar em olhar na sua cara e ainda por cima para pedir um favor.

É como se estivesse em meu inferno pessoal. O inferno que eu mesmo criei.

Acho que esse é o significado para a música do AC/DC, Highway To Hell. E vai por mim, é bem pior do que eles descrevem.

Se tivesse uma alternativa melhor, eu com certeza faria. Mas não tenho dinheiro, e além de soberba, isso ele tem de sobra. É só parar no hall de entrada do seu apartamento de luxo, que um enjoo me consome. Nunca me odiei tanto. Pior, nunca odiei tanto Christopher Connor.

Quatro anos atrás deixei de ser seu filho. Estar aqui hoje só confirma a sua opinião sobre mim. Que sou um interesseiro, inútil e um músico falido.

Puta merda.

Eu sabia que seria difícil olhá-lo nos olhos e pedir o que tenho em mente - não para ele, mas para mim. Só que agora, com a porta gigantesca do apartamento na minha frente simplesmente não consigo. Não consigo tocar a campainha, nem bater na porta e muito menos entrar. Odeio precisar dele. Nem quando era criança recorria à sua ajuda. Porque Christopher nunca ajuda ninguém de graça. Nem uma criança.

A única coisa que me prende no chão é a mesma que me trouxe até aqui, minha banda. Tenho um show daqui a uma hora. O primeiro show em um bar grande. Um bar que ofereceu um ótimo cachê. O problema é que o valor não chega nem perto do que precisamos. Só dá para pagar nossas despesas básicas. Por isso preciso entrar na casa de Christopher Connor e amassar meu orgulho e a minha dignidade.

Tenho que sair daqui...

Percebo que é tarde demais, quando a porta finalmente se abre e uma criatura pequena se joga em meus braços.

— Ellie, não sabia que estaria em casa hoje... - Suspiro, quase sufocado pelos braços finos de minha irmã mais nova. Não sei como uma criatura de dez anos consegue ter tanta força.

— Essa também é minha casa, e a mamãe está em Paris, esqueceu? -Faço que não com a cabeça, quando Ellie finalmente se afasta e me deixa tomar fôlego.

Como poderia esquecer, se a cada dia minha mãe me manda um email diferente sobre suas aventuras pelo mundo? É difícil acompanhar Jane Davis, mas não impossível.

De repente um aperto toma o meu peito. Como seria mais fácil se essa conversa fosse com ela e não com meu pai. Afasto o pensamento me forçando a entrar no apartamento. Em quatro anos esse lugar não mudou nada. A não ser pela loira com idade para ser minha irmã que ocupa o lugar ao lado de meu pai, ao me receber na porta. Achei que encontrar a nova esposa dele seria pior, agora sei que é irrelevante. Mesmo que a moça seja só oito anos mais velha do que eu.

— Papai, olha quem finalmente apareceu! - Ellie me puxa pela mão até nosso pai.

Entrar no apartamento é realmente como o inferno na terra. Sinto um nó se formando na garganta. Cresci nesse lugar, mas não reconheço como meu lar. Nem sinto saudade. E por mais que pareça idiota, queria tirar minha irmã daqui. Ela não lembra do que aconteceu, nem tem noção de como essa casa realmente foi o inferno durante dias. Anos, até. Tenho péssimas lembranças e tenho medo dela ter também.

Diminuo a velocidade do passo ao me aproximar de Christopher e sua esposa troféu. Sua expressão é indecifrável. Estou esperando pela raiva. Se ele for um completo babaca terei uma justificativa para ir embora mais cedo.

— Boa noite, Darrell. - Ele me cumprimenta com um aceno sucinto. A mulher ao seu lado - cujo até hoje não sei o nome - parece congelada em um sorriso. Não sei dizer se é falso ou não, mas me incomoda da mesma forma. - Fiquei surpreso quando disse que viria jantar.

— Acredite em mim, eu também. - Minha resposta ocasiona um clima horrível. A tensão se instala. Minha madrasta aperta de leve o seu braço, tentando acalmá-lo e isso me dá arrepios. Ele realmente aceita seu apoio.

No momento, a única coisa em que consigo me segurar, é a pequena mão de Ellie ao redor da minha. Minha irmã consegue iluminar a casa, mesmo com toda a merda que se instala aqui. Até fico ressentido com a minha mãe de viajar o mundo e deixar Ellie com esse mostro que tenho o desprazer de chamar de pai.

— Então, por que não vamos para a sala de estar? A comida talvez demore um pouco... - A loira pergunta depois de longos segundos em silêncio, sinalizando a sala com a mão.

— Claro, meu amor. - As palavras dele me enjoam ainda mais. O que aconteceu com o homem temperamental que conheci? Por Deus, tem como essa noite piorar?

Caminhamos até a sala de estar. Ellie cochichava algo sobre sua professora de piano e como amava aprender partituras novas - sem dar brecha para uma resposta, claro. Tenho absoluta certeza que ela é a única pessoa que dá vida para essa casa. Tudo parece vazio, como da última vez que estive aqui. Me sento em umas das poltronas que tem vista para o Central Park e observo todos se acomodarem.

— Querido, aceita uma bebida? Talvez um uísque? - A mulher me oferece, antes de se sentar ao lado de meu pai. Faço um esforço para lembrar o seu nome. Cameron? Caroline? Chasity? Deve ser alguma coisa com c. Lembro de receber um convite para o casamento no ano passado. Algo bem cafona com as iniciais CC.

Já falei o quanto essa noite está uma merda?

— Eu não bebo. - Respondo, secamente. Uma ruga pula da testa do homem à minha frente.

Christopher Connor não é de demonstrar muitos sentimentos. Em toda minha vida, não recebi muitos olhares carinhosos ou orgulhosos. Agora, pela forma que aperta de leve a perna da esposa, em um claro sinal de "sinto muito", vejo algo diferente. Algo que nunca vi com a minha mãe, por exemplo. Nunca nem vi um abraço da parte dele. A lembrança me causa uma leve pontada de dor de cabeça, cerro os punhos sobre os joelhos e respiro fundo para finalmente falar.

— O assunto que vim tratar com o senhor hoje não é muito longo. - A palavra 'senhor' quase engasga, mas me forço a continuar. - Estou precisando do meu fundo de investimentos, aquele que minha mãe e meus avós fizeram para mim.

Pela primeira vez desde que entrei, ele sorri. Não, ele ri. Uma risada seca e convencida. Um misto de raiva e vergonha percorreram pelo meu corpo. Há um ano, no meu aniversário de vinte e um anos, quando recebi um documento dizendo que tinha direito a um fundo de investimentos, não fiquei animado, nem saí jogando o dinheiro pro alto.

Na verdade, respondi ao advogado do meu pai de uma forma bem grosseira. Segundo ele, óbvio. Para mim, responder a um senhor que aparece na porta da sua casa às sete da manhã de uma segunda-feira com um "pode enfiar isso no seu rabo", não foi tão ruim assim.

Tinha muitos outros xingamentos que eu gostaria de direcionar a ele.

Mas afinal, o fundo é meu. Minha mãe e meus avós que guardaram o dinheiro. Só que Jane não foi inteligente o suficiente e passou toda a responsabilidade do fundo para o babaca do meu pai.

— Finalmente se tocou que estava errado? - A pergunta dele não precisa de resposta. Ele quer me humilhar, jogar na minha cara que sempre esteve certo sobre mim. Sinceramente, não sei por quanto tempo vou aguentar as suas merdas. Minha guarda está alta. Aperto as mãos para não perder o controle. - O que foi dessa vez? Está com dívidas? Devendo algum traficante por aí?

Silêncio.

Caralho. Não pensei que ele fosse tão longe.

Não consigo responder. Tenho desgosto da forma como me olha. E seu olhar sobre mim, mostra que tem o mesmo sentimento ao meu respeito. Deveria imaginar que ele tocaria no assunto. Eu o subestimei. E se posso culpar alguém pela conversa desagradável, essa pessoa sou eu.

— O que é traficante? - A voz de Ellie soa baixo e confusa, me impedindo de levantar.

Sua pergunta corta meu coração. Odeio saber que os assuntos da família podem de alguma forma afetá-la. E Ellie é inteligente demais para se calar. Continua à espera de uma resposta.

Sabia que essa conversa seria desgastante. Esperava qualquer merda, menos essa. Jogar isso na minha cara só mostra que ele não superou o que aconteceu há quatro anos. E, surpresa, eu também não. Tive vontade de voar nele, falar tudo o que tinha para falar e talvez quebrar seu nariz, de novo. Mas me controlei. Não só porque não quero que minha irmã  tenha essa memória, como também não quero dar mais razão a Christopher.

— Courtney, tire Ellie daqui, por favor. - Não foi um pedido, e a loira entendeu bem. Courtney levantou e foi até minha irmã que ainda parecia esperar a resposta da sua pergunta.

— Querida, vamos ver um pouco de televisão, que tal?

— Se você me responder, tudo bem. Caso não saiba como funcionam as coisas, normalmente alguém pergunta e a outra pessoa responde. Isso se chama diálogo. - A resposta saí tão natural da boca de Ellie que me surpreendo. Não passamos tanto tempo juntos como antes. Ela cresceu e agora não poupa as palavras. Courthney deve sofrer com essa garotinha. Mas tenho certeza que não foi de forma sarcástica. Ellie só quer uma resposta.

Minha irmã é teimosa, só levanta quando o olhar severo de meu pai recai sobre ela. Um frio na espinha me atinge ao lembrar desse olhar. Não quero que minha irmã passe pelo menos que eu. O mesmo que John, meu irmão mais velho, passava. Essa conversa acabará antes mesmo do jantar ficar pronto. Preciso sair desse apartamento o mais rápido possível.

Preciso respirar.

— Olha, eu não vim até aqui pra escutar esse tipo de coisa. Acho melhor eu ir. - Afirmo e levanto da poltrona. Giro os calcanhares para me direcionar à saída e paro abruptamente com o que ele responde.

— Não, espere. Desculpe-me por tocar no assunto. - Me viro de novo. Meu olhar para sobre o homem à minha frente. Minhas sobrancelhas se juntam ao escutar o pedido de desculpa. - Acho que posso te ajudar.

Mas...

— Mas com uma condição. - Ele completa. Claro, porque Christopher não se tornou um grande empresário sem seus acordos.

Nunca é de graça. Agora passamos de caminho para o inferno, para acordo com o diabo.

— Estou escutando. - Forço a assentir.

— Você é o meu sucessor na empresa. Querendo ou não, um dia receberá as ações e as responsabilidades. Isso já está me causando problemas.

Eu, já estou lhe causando problemas, penso.

— Os investidores não gostam da sua imagem. Não querem investir em uma empresa que, a longo prazo, será comandada por um menino imaturo que vive de vadiagem.

— Já disse que isso não vai acontecer. Não assumirei a empresa. - Minha resposta é imediata. Tento ignorar sua referência à minha vida, isso não é da conta dele.

— Para eles vai. Não posso deixar sua reputação acabar com os meus negócios e o legado da família.

— E o que eu posso fazer. - Pergunto, irônico. - Digo, o que acha que mudará a visão dos investidores? - Troco o peso da perna e espero por uma resposta válida. Meus braços estão cruzados sobre o peito e me esforço ao máximo para me manter ali, parado.

— É simples. Apareça de uma forma diferente. Talvez se parar de sair com várias mulheres e mostrar que tem um pouco de responsabilidade e compromisso.

Ah, porra, não é possível. O que ele acha que farei? Sair na rua e procurar uma esposa, depois fingir que tenho uma vida perfeita e sou super responsável. Fingir ser ele. Nem fodendo. Aparentemente, ele percebeu meu descontentamento e adiantou:

— Se fizer isso, terá seu fundo de investimento e quem sabe até mais. - Ele para de falar e parece pensar por um instante. Seu cenho se franze e aquela ruga retorna ao seu rosto. - Só uma pergunta... - Retoma. - O dinheiro não será usado na sua banda, certo? Porque é um fundo de investimentos. Tem que ser levado a sério. Não em um hobby.

A palavra banda parecia um xingamento saindo de sua boca. A repulsa que ele tem sobre a banda, sobre mim, me deixa sem apetite. Deixei bem claro para ele, anos atrás, que não abandonaria a música. Eu amo o que faço e não será ele que mudará isso. Mesmo que tente de todas as maneiras possíveis, não conseguirá mudar nada em mim.

Ele quer que eu seja responsável, o filho perfeito como meu irmão era. Mas ele está morto. Não podemos voltar no tempo. Não posso ser o filho perfeito dele. Tenho aversão à essa conversa e ao que meu pai se tornou para mim.

— Não preciso te dar detalhes sobre o que vou fazer com o dinheiro.

— Tanto faz. - Ele desdenha. - Não precisa me responder hoje, pense na proposta. Todos seriam beneficiados. - Seguro uma risada sarcástica. O único beneficiado que importa é ele. - Vamos para a sala de jantar, podemos conversar mais sobre isso depois no meu escritório.

— Vou deixar o jantar para a próxima, perdi o apetite.

Mal espero ele responder e já estou na merda do hall de novo. Quando saio na rua, alcanço o maço de cigarro em meu bolso e acendo um. Puta que pariu, o que eu tinha na cabeça para cogitar a ajuda dele? É claro que pediria algo em troca. E seu pedido não me irritaria tanto se não fosse uma tentativa de conseguir o filho perfeito. O herdeiro perfeito para esse monte de merda que ele chama de legado.

Conheço esse homem há vinte e dois anos. Sei de suas manobras, suas vontades para a família. Sei que a imagem é muito importante para ele. E não vou dar o que deseja. Não posso.

Até minha vida sexual é um problema para ele. Inacreditável.

Entro no carro às pressas e dirijo pelas ruas movimentadas de Nova York. Ainda tenho coisas para fazer antes de deixar de ser o filho irresponsável que Christopher tanto odeia.

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