23 de Setembro, 2018 - Domingo (03h42)

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Mas, merda... Eu estava tão chapado...

Acreditei mesmo que era ele com a boca ali, me chupando. E depois acreditei de verdade que fosse ele que estava deslizando uma camisinha em meu pênis. Eu estava querendo isso há tanto tempo, e estava tão frustrado, que pareceu tão correto ter o Nicolas montando em cima de mim para se redimir... Brincando com a venda em meus olhos... Pareceu tão certo jogá-lo diante de mim e penetrá-lo como ele havia feito comigo nos últimos dias, com frieza, para que ele entendesse como foi horrível ser tratado como um objeto sexual por alguém que amo. Naquele momento pareceu tão real... Tão plausível! E como eu estava vendado, não era difícil fantasiar isso...

Ousei murmurar o nome dele. Ah, amiga, que vergonha... E mais do que isso, que raiva! Que raiva! Lembro vagamente que eu falava o nome dele, e mesmo com a venda nos olhos parecia que o mundo girava, zunindo ao meu redor como se eu estivesse mergulhado na porra de um vórtice sem sentido onde só havia eu e o Nicolas. Eu estava drogado e com raiva dele, ao mesmo tempo em que sentia um tesão imenso por achar que meu pau estava socando o rabo do meu namorado! Ahhh, que ódio!

Eu sei que é absurdo, e sei que não faz sentido algum, amiga! Mas que inferno, EU SEI DISSO! Agora que o efeito passou, fico abismado de como fui tão tapado e manipulável! Quase desacredito de mim mesmo! Mas naquele momento pareceu tão fácil acreditar que era possível que ele estivesse ali, correndo atrás de mim para pedir perdão... Que ele tivesse perdido o tempo dele com um lixo como eu, só para dizer que tudo ficaria bem...

Como sou patético...

A única coisa que atrapalhava eram os gemidos diferentes. Eu lembro vagamente de ter tapado a boca dela, para não ouvir aquele gemido que não era de meu namorado. Provavelmente foi por isso que levei um soco na cara.

Meu Deus, ainda bem que levei esse soco, amiga... Ainda bem, ainda bem! Porque foi nessa hora que a venda caiu de meus olhos e percebi que eu estava, sei lá há quanto tempo, transando com a Hellen. Merda, merda... Só de admitir isso, com todas as palavras, eu... Ahh, amiga... Por que eu fiz isso com o Nick? Eu sou um inútil, e não mereço estar ao lado dele, não mereço!

E a Hellen agia como se aquilo fosse normal! Ela acariciou o lugar onde me bateu, e disse com uma voz melosa: "Cê tava sendo muito bruto, bebê... Tapar minha boca daquele jeito machuca... Pode continuar, só que sem unhar minha cara".

Não sei onde eu estava com a cabeça por acreditar por um segundo sequer que o Nicolas tivesse vindo até aqui por mim... Nunca imaginei que fumar maconha e ficar bêbado, ao mesmo tempo, pudesse dar essa sensação de irrealidade tão palpável. Eu juro que em sã consciência eu nunca teria feito isso, amiga... Juro pela minha morte! Juro por tudo que é sagrado em minha vida! Eu nunca trairia o Nicolas! NUNCA!

E vê-la em minha frente, nua da cintura para baixo... E me dar conta de onde eu estive enterrado até o talo, foi um choque. O susto fez metade do entorpecimento ir embora, e eu me afastei... Ver meu pau duro metido numa camisinha melecada me deu vertigens. Não era para aquilo ter acontecido! Não era! Acredite, fiquei horrorizado quando a realidade começou a tomar conta. O presságio ruim parecia uma seiva gelada e ardida descendo a partir de minha nuca ao longo de minhas costas. Quando me afastei e subi minhas calças ela se ofendeu, e disse: "Espera aí, vai me deixar assim? Você não pode abandonar pela metade o que estávamos fazendo!"

Vaca cretina! O caralho que eu não podia! Como ela tem coragem de ser tão desgraçada?

Nem lembro direito o que respondi. Só me lembro que fiz questão de xingar ela de tudo o que eu conseguia me lembrar na hora. Tentei ofendê-la, mas obviamente não funcionou. Ela riu da minha cara e disse: "Eu só dei o start, bebê... Foi você que veio pra cima de mim, morrendo de fome".

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora