Capítulo 47

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←Dia 23→

   Jade e Roman tinham saído pela manhã, Vicente havia ido levar eles enquanto eu arrumava nossas malas, íamos embora pela noite de hoje, os dias na praia foram ótimos e alegres, Vicente nunca deixou ser tedioso, sempre atencioso e brincalhão comigo, ontem antes de dormimos falamos muito sobre como iria iniciar meus treinos em casa, um curso online para poder trabalhar com ele, apenas para aprender pelo menos mexer no computador, digitar eu sei, pelo menos poderei o ajudar nesta parte. Mesmo ele querendo insistir para eu fazer uma faculdade as suas custas, não é orgulho ou algo do tipo, mas eu não gosto de depender de alguém, por uma vez na vida quero fazer algo que eu gosto e pagar alguma coisa sem ser a minha comida e estadia, quero ter o prazer de valorizar o meu dinheiro com meus bens, quero saber como é essa fase da minha vida. Pois, eu não terei sempre alguém para me pagar algo, como fizeram comigo no clube, como faziam, pagavam tudo o que eu consumia e jogavam na minha cara que eu não trabalhava direito para receber um bom salário. Nunca valorizaram nem mesmo o banheiro lavado que usavam. Tento esquecer isso, um bom pensamento levou a um ruim, trato de pôr um sorriso no rosto enquanto termino de arrumar as malas de Vicente. Que pena que já iremos voltar, faltam alguns dias também para ele voltar a trabalhar, estou com saudades de Clarice, quero muito conversar com ela e a conhecer melhor. Ela será a minha nova companhia depois que Vicente voltar à sua rotina.

  Vicente havia chegado ao fim da tarde, não o vi depois que subiu para o quarto e não desceu mais, preparava um suco para o acompanhamento do lanche, penso no que farei nos próximos dias, talvez terminar o livro que estou lendo ou tentar jogar os jogos que estão espalhados na gaveta da estante na sala do apartamento, tentar jogar vídeo game para passar o tempo parecia bom e, ao mesmo tempo, dar dor de cabeça, eu não saberia andar pelas ruas a só, não conheço ainda muito bem a cidade que moro, todas às vezes que saí com Vicente foi de carro, para lugares que eu não iria sozinha como um passeio, ao parque parece legal, mas quando se tem alguém, eu terei que fazer um plano de hábitos diários de coisas legais para fazer enquanto estou com essa bota, e um plano que priorize o meu descanso. Meus pensamentos rodam de tarefas para Jéssica em um passe, acho que não seria legal sair de casa depois do ocorrido, não enquanto ela estiver por aí, não sabemos se já está internada ou se fugiu da sua mãe. Sento-me na espreguiçadeira com a palavra "casa" rondando na minha mente, não foi mais a casa ou apartamento de Vicente, foi apenas casa, será que posso chama-la assim por muito tempo? Lar?
À noite já caia, Vicente anda pela casa e eu observo como parece inquieto, desde que desceu não disse uma só palavra, está a procurar alguma coisa, abandono a visão do por do sol e vou a seu encontro.
  — O que está procurando? — seus olhos se arregalam quando percebe minha presença, logo deixa seus ombros descansarem e suspira em alívio.
  — Nada, só estou vendo se não esquecemos nada — sorri caminhando até mim e me abraça, forte e quente. — Demorei, pois, encontrei uma loja que achei sua cara — o olho tomando um pouco de distância do seu peitoral — quero que se arrume, fique mais linda do que já é — afasta meu cabelo para trás da orelha — pode ficar descalça eu deixo — rimos juntos, pois, para Vicente esse era meu maior obstáculo, chinelos.
  — Mas por que devo ficar tão bonita? — olho em seus olhos.
  — Você está me devendo um jantar, não? — lembrei-me que sim. Sorri no mesmo instante ansiosa para ver o que ele havia comprado. — Agora vá — recebo um beijo na testa por ele e saio de seus braços, passei a metade do dia sentada por conta do meu tornozelo, andar agora e ficar em pé por minutos me é doloroso, mas ainda consigo subir as escadas.
No quarto me deparo com duas bolsas vermelhas cintilantes, uma menor e outra maior. Sorrio pequeno com o gesto e me sento abrindo primeiro a pequena, há uma caixa lá dentro, abro a mesma e me deparo com um par de brincos e um colar, são simples, mas com certeza vale muito, em dinheiro e emocionalmente, mesmo que isso tivesse custado vinte dólares seria tão valioso para mim quando um diamante. Falando na pedra preciosa, o colar se constrói numa fina tira dourada com um brilhante pequeno, assim como os brincos uma tira fina de brilhantes dourados. Reparo no anel também, não havia pedra preciosa, ele por si só brilhava. Deixo de lado a caixa com as joias e abro a caixa maior dentro da outra bolsa, um vestido verde de seda com um salto branco, não os usarei e agora sei por que pediu para ficar descalça, não usaria apenas um salto estando de botas. Uma pequena risada saiu dos meus lábios imaginando a cena de vestir apenas um salto. Seguro no envelope ao lado abrindo e pegando um bilhete, tem perfume e cheira a rosas.

"Para a mulher mais linda desse mundo
Com amor V".

Sinto meu estômago embrulhar e esfriar com a festa de borboletas, olho para tudo em cima da cama e depois para meu próprio reflexo no espelho.
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Meia NoiteWhere stories live. Discover now