Capítulo 06

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   Ando até à cozinha a ver que está a guardar as coisas que coloquei no balcão e botar as coisas que comprou no mesmo, faço o café e o encaro.
   — Bom dia — sorri e percebe minha pessoa, um mínimo sorriso, sei que não economiza neles.
   — Bom dia pequena — passa por mim, deixando um beijo a minha testa e logo some pelo corredor que eu iria bisbilhotar. Deixo meu ato curioso para depois, vasculho o que trouxe e seguro nas torradas com a geleia, como tudo a só e ando até a poltrona de frente a vidraça, não há muito o que fazer aqui, o que eu iria fazer foi interrompido por sua presença e tenho vergonha de ser pega a bisbilhotar sua casa, mas confesso que tenho curiosidade naquele corredor.

   Encolho meus joelhos para perto dos meus seios a me aconchegar na grande poltrona, o dia está frio e não me importo pelo arrepio que sinto nas pernas pelo curto calção que uso.
   — Se vista apropriadamente. Iremos às compras — ouço sua voz calma de um lado do apartamento e o encaro a subir as escadas, está apenas de toalhas. Faço um esforço de segui-lo e acompanhar seus largos passos e quando está quase a entrar no quarto o interrompo com minhas palavras.
   — Por que iremos às compras? — o mesmo se vira para mim e me analisa.
   — Precisa comprar o que gosta de comer, coisas femininas que precisa talvez algum remédio. Coisas para você — percebo que realmente aqui só há coisas para homens, então realmente mora só e não tem nem mesmo um shampoo feminino. Ainda me encara esperando talvez uma resposta.
   — Tudo bem — meu olhar vai ao chão e ouço a porta ranger, logo a visão de seus pés estão na minha frente, levanto meu olhar para encarar seus olhos e o mesmo me analisa por segundos. Seus olhos só desviam dos meus para deixar um beijo no meu pescoço, sinto que minha pele arrepia e sua respiração fria chega a meu ouvido.
   — Um olhar tão inocente, uma menina tão perversa — aperta minha cintura, está a brincar com meu ponto fraco — és tão pequenina em minhas mãos — deixa uma mordida no lóbulo da minha orelha e logo me olha — tenho tanta vontade de punir você.
   — Por que não punir senhor? — parece que senhor é a palavra mágica da coisa, suas pupilas dilatam tanto com simples palavras soltas da minha boca, fico na ponta dos pés para ficar mais perto do seu ouvido, mas por minha altura imatura só chego a seu pescoço — ou você gosta de sentir dor? — abaixo meus pés a olhar para o homem a minha frente, sorri para ele e vejo que fica intrigado, palavras sedutoras e sorriso angelical. Carmela me disse isso uma vez quando disse algo tão obsceno e sorri como uma criança, mas é isso que sou.
   — Você tem quinze minutos, Franky — vira-se de costas, seu tom soa neutro, não revela nada por trás de suas palavras, mas seus olhos revelam muito mais do que ele quer demonstrar, o desejo insaciável a qual ele se refere, a pessoa que ele é, me pergunto como é tão paciente, é fácil o provocar, é praticamente o desejo em pessoa, mas também é difícil de cair nas provocações. Não que eu queira, o resultado de cair nas minhas provocações é da o que ele quer, a minha etiqueta, mas ele não vai usar a roupa ainda. Não por enquanto.

   Visto uma calça fofa para o frio, tem uma cor cinza escuro, uma blusa de frio vermelha por cima do meu tronco nu e por fim uns sapatos brancos. Encaro os meus cabelos todos bagunçados em cachos desfeitos, cinco minutos não seria o bastante para arruma-los então apenas passo um pouco de água neles para abaixar todos os fios que estão em pé e faço um coque desleixado. Um gloss e perfume são o bastante para sair e dar de cara com Vicente. Veste algo diferenciado e eu o olho dos pés a cabeça até olhar seus olhos. Veste calça social na cor marrom, um suéter cinza e sapatos baixos na cor branca.
   — Vamos — anda a minha frente e parece aconchegante, mesmo não estando tão formal está elegante. Abre a porta e deixa que passe em sua frente, sorri com a gentileza e caminhamos entre os corredores até chegar ao caixote de ferro chamado elevador.

   Desta vez escolheu uma Mercedes branca para irmos às compras. Olho pela rua agora de dia, analiso cada coisa e tento memorizar cada ponto. Alguns quarteirões Vicente para em um shopping, olho tudo, pois, nunca pensei na possibilidade de vir aqui um dia.

   Paramos em frente a uma farmácia, o olho e o mesmo já está a entrar, estou perdida aqui, pois não sei o que fazer. Não tenho alergia, intolerância a nada e nem mesmo algum problema sério para usar medicamentos, mas Vicente parecia procurar algo junto ao farmacêutico, vou à sessão feminina e seguro em um cesto, lá pus absorventes, shampoo, loção, creme de cabelo e lenços, no caminho para o caixa onde Vicente me espera paro em frente a uma prateleira de remédios, me lembro de que Carmela me dava um desses antes de dormir para evitar pesadelos, não sei se os devo pegar.
   — Tem problemas com o sono? — a voz rouca me chama a atenção e sinto que o órgão dentro do meu peito bate rápido, não sei por qual motivo me assusto, mas estou eufórica.
   — Às vezes — passo pelo mesmo a deixar o cesto no caixa.

   Saímos da farmácia e fomos ao mercado, lá me autorizou a pegar o que eu quisesse, brincou comigo quando peguei doces em geral, reclamou que a maioria das minhas comidas eram besteiras e brigou quando peguei uma bebida alcoólica que eu gostava no clube. Deu-me um sermão por ser ainda uma criança a tomar aquele tipo de bebida, mesmo tendo quase nada de álcool. Quando pagou tudo, fomos à praça de alimentação e eu tomo um sorvete enquanto observo o movimento, meus olhos encontram os do homem a minha frente e seus olhos me analisam, não come nada, apenas espera que eu acabe o sorvete para irmos para casa, são duas da tarde e nem almoçamos. Percebo que seus olhos intercalam entre meus olhos e minha boca e me vi a provocar o homem com pequenas lambidas sobre o sorvete, deixo que um pouco do creme desça por meus lábios e limpo cuidadosamente, nunca tirando meus olhos dos seus. Quando acabo teve pressa em segurar minhas bolsas a me ajudar, fico curiosa para saber do que trabalha, mas não pergunto. Não acho melhor fazer perguntas agora, deixarei para uma ocasião onde talvez eu não tenha nada para fazer ou para falar.

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