Capítulo 39

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   ←Dia 19→

   No elevador seguro um pequeno buquê de flores. Não estou nada relaxado me sinto feliz, mas sei que além da felicidade a preocupação e nervosismo estão presentes no meu semblante carregado. Quando o elevador se abre me dou de frente com um corredor de cadeiras com algumas pessoas que me encaram. Médicos andam de um lado para o outro igualmente as enfermeiras. Faço o trajeto nada familiar até o quarto sessenta e cinco que é o de Fransky. Estou tranquilo acima de tudo, mesmo que tenha quebrado o pé e sentirá dor é melhor isso do que a morte. Estou tão apegado a essa menina que sinto até culpa pelo que aconteceu, eu poderia muito bem ter ido a buscar e atravessar com ela, aí me pergunto se fosse eu o morto? Para onde ela iria? O que faria? Paro na frente da sua porta a suspirar, o que passou já era, tenha foco no que está diante de você Vicente.

   Entro já tendo a surpresa da enfermeira a preencher algo na prancheta, já posso fazer perguntas.
   — Bom dia — a moça baixa de olhos negros e pele igualmente sorri para mim largo exibindo dentes alinhados.
   — Bom dia senhor Gutemberg — olho a menina que para minha felicidade tem olhos abertos. — Ela está meio atordoada, acordou agora, dormiu pouco pela noite teve pesadelos e os batimentos do coração acelerava a cada dez minutos. — Preocupado chego mais perto do pequeno corpo e acaricio seus cabelos que agora não tem ondas, estão apenas emaranhados.
   — Pesadelos — digo mais para mim do que para a moça ao meu lado, sei com o que tem maus sonhos e não gosto de pensar que não estava aqui para a consolar.
   — Sim pesadelos, dizia constantemente para que alguém parasse e não parou de dizer o nome Jéssica — Jéssica — é algum parente? — apenas aceno que não, Jéssica. Levantei-me de perto da menina que nem se quer desviou o olhar do teto, seus olhos se fecharam e respirei fundo tentando afastar a raiva por enquanto.
   — Não terá alta, não é? — o semblante carregado da morena me diz que não, mas logo abre um sorriso sem dentes.
   — Foram apenas alterações pelos pesadelos, não teve mais febre nem apresentou mais nenhum sintoma de algo. Mas ficará aqui até às cinco da tarde, onde faremos algumas avaliações — concordo com um último olhar para Fransky e entrego o buquê para a enfermeira.
   — Então até às cinco.
   — Obrigada — sorri em agradecimento a ela e me retiro do quarto.

    Passos determinados até o elevador e pressa para que ele logo chegue, quando por fim chega espero que todos saiam e entro em disparada a aperta todos os botões.

   No carro os nós dos meus dedos estão apertados e brancos em volta do volante em raiva, ódio, desdém tudo o que pode ser emoções ruins por Jéssica, nada na minha cabeça poderia mudar o que estou sentindo agora e eu tinha sim um último gatilho para que ela pare de me perseguir em uma obsessão abusiva.

   Demoro horas para chegar do outro lado da cidade e me pergunto como ela é capaz de gastar o seu tempo em duas horas para ir na minha casa fazer o que quer que ela foi fazer com Fransky. A mais Fransky irá se ver comigo! Jéssica foi para lá e não me disse nada. Eu poderia ter evitado isso, ela poderia ter evitado tudo isso. Em direção ao seu apartamento Fabrício havia avisado que eu estava subindo eu só espero que ela esteja, se não estiver eu espero o tanto que eu posso esperar. Bato em sua porta e não demora em ser aberta, não sou educado em adentrar sua casa a gritar por seu nome.
   — Jéssica! — o barulho dos saltos são ouvidos e logo aparece.
   — Meu Deus isso é um milagre! Veio dizer que pensou direito e que prefere mais v...
   — Vim lhe dizer que a minha cota já era, eu suportei tudo, tudo! Até aqui Jéssica, deixei que fizesse seu joguinho em mandar sua mãe para tentar me convencer de voltar com você, deixei que a polícia entrasse na minha casa arriscando a minha vida e carreira e deixei que destruísse minha vida até aqui...
   — O que...
   —... Não terminei! Você foi longe demais apelando para cima de Fransky. Você poderia fazer qualquer coisa menos mexer com ela. Menos fazer mal a Fransky! — seu rosto revestido em fúria e confusão ouço mais passos, mas não me importo que esteja alterado.
   — Eu não fiz nada a sua namoradinha! — grita de volta, rosto vermelho em ódio, pois nada mais emanava da sua pessoa.
   — Não fez? É bom você nem tentar chegar perto de Fransky de novo Jéssica ou...
   — Ou o que? Vai vir me matar? Me dar outro sermão? — dar passos provocativos para cima de mim a esticar seus ombros e sua postura.
   — Não, eu só irei denunciar você para polícia por matar alguém — assim como o seu rosto não escondeu a surpresa com seus olhos frios. Sua mãe também não escondeu a surpresa ao chegar na sala no momento exato que disse. — Direi a polícia que matou, planejou a morte e fez parte do sumiço do corpo.
   — Isso é verdade Jéssica? — vira rápido em direção a sua mãe e posso ver os olhos vermelhos de Cris, ela sabe que o que falo é verdade uma vez que desabafou comigo quando encontrou um revólver na bolsa da sua filha. Eu vi o que Jéssica fez, mas pelo jeito manipulou a mãe como faz com muitas outras pessoas, é só forçar um choro e um arrependimento falso, isso não funciona comigo quando tenho a prova do crime. Posso ser preso por acobertar isso, mas me vingo de Jéssica que fez minha vida um inferno e foi capaz de pedir para matar novamente.
   — Não mãe, ele está mentindo! — solto uma gargalhada e encaro Cris.
   — Você sabe que não Cris, sabemos que não e quer saber mais, ela mandou matar Fransky, mas para a sua desgraça Jéssica. Ela está bem viva — me retiro do apartamento andando furiosamente pelos corredores, meu aviso foi dado, qualquer passo falso para mim e Fransky eu mostro a fita para os polícias, a fita da câmera de segurança daquela noite. Saio do elevador olhando o relógio, são duas da tarde e chegarei encima da hora de buscar Fransky no hospital, tudo o que eu quero agora é apenas leva-la para casa e esquecer tudo isso. Mas meu tempo vai ser novamente tomado quando ouço a voz de Cris:

   — Vicente — meus calcanhares quase não faz a volta para ver seus olhos. — Eu juro, juro que não sabia de nada sobre o que você falou, não sabia sobre esse plano da Jéssica. Eu e Richie estamos preocupados. A cada dia ela está mais distante, diferente — não sabia o motivo que estava a desabafar comigo, chorava ao falar da filha — tentamos por na cabeça dela que você fez sua escolha perante o que ela cometeu. Mas achamos que a obsessão dela por você se tornou doentia. — Confuso tento entender o que quer dizer com isso.
   — Aonde quer chegar com isso Cristine? — pega uma respiração profunda e me olha nos olhos por fim.
   — Talvez tenhamos que a levar para ter ajuda médica, ou ela se tornará um perigo para a sociedade e para você.

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Meia NoiteWhere stories live. Discover now