Meia Noite

Prólogo

Fransky Griffer

Apenas...

   Me olho no espelho enquanto tiro a maquiagem e vejo que outras meninas andam de um lado para o outro, atrás do espelho há um cartaz, o cartaz que foi exposto em alguns lugares de Londres.

"Tente compra-la, agrada-la resistir a ela e leva-la".

   Agora eu sou a garota em que todos tentam algo e não conseguem nada, a que antes não era vista por ninguém, apenas servia e dançava uma música, agora todos querem tentar leva-me, mas eles não sabem jogar e eu gosto de jogo.

   Seguro na minha roupa enquanto me retiro para os fundos onde dormimos e pensar que jogar foi o único meio que achei de tentar me divertir e sorrir para os homens a noite, ao contrário Madelaine me daria surras por perder clientes e dinheiro, aliás, é dali que eu consigo comer e sair para tomar um sorvete pelo menos e a outra parte é do clube, pelo que eu gastava a morar nele. Eu só quero poder sair daqui, mas eu não sei nada do lado de fora dessas portas, à única coisa que me ensinaram é a dança, a arte da sedução e como saber usar bem um salto e um batom vermelho. Eu tenho meus estudos completos pelo menos, por uma professora particular que pagaram para dar aulas as meninas de catorze anos que trazem para esse buraco e claro, a professora também trabalha aqui à noite. Tudo isso é tão escondido de modo que a identidade de pessoas que trabalham aqui não seja difamada lá fora, pessoas de duas personalidades, Katherine de dia, Sophia de noite. Me deito na cama a olhar a cama ao meu lado, o quarto agora é apenas meu já que a garota que dormia comigo, chegou em duas semanas e foi embora ontem. Amanhã seria mais um dia e eu acordaria cedo para limpar tudo da noite de hoje para que amanhã mais homens venham a se divertir.

•

   Perto da hora do clube abrir eu olho pela janela do meu quarto, a cidade, o que eu poderia estar fazendo lá ao invés de estar aqui? Observo um dos maiores prédios de Londres, dizem que é um dos mais luxuosos e só homens extremamente ricos moram lá, quero um dia morar lá, quero poder ser uma mulher reconhecida, quero poder sair daqui, abandonar minhas dores e meus demônios, só quero viver de um modo diferente.
   — Ei Fransky, vamos, está na hora! Já sabe o que fazer. — Respiro fundo ao ouvir os saltos de Madelaine a sair pelo corredor, me olho no espelho e cubro meu rosto com uma máscara, tenho certeza que se tirar ela do meu rosto no momento da dança os homens que vive vindo iriam desacreditar que a garota que eles tanto jogam dinheiro e pedem de joelhos, é apenas a garota de canto que os servia. Quando Madelaine percebeu que eu gostava de jogar, que homens gostavam de mistérios e de garotas difíceis, virei a atração do clube e aqui estou eu a segurar a porta em minhas mãos e a abrir para ver que os carros já chegam, carros extremamente luxuosos que valem muito, o que ganho e junto embaixo da cama na caixa de sapatos não dá nem para o primeiro pneu, imagine para os outros três.

   A música já é ouvida quando meus saltos batucam no chão a voltar ao salão, enquanto os homens atrás de mim não param de soltar burburinhos ou até mesmo a já implorarem para temos uma conversa, uma coisa me chama atenção, mesmo tendo música aqui nesse corredor era abafado o barulho e paro no meio do caminho a ver homens passarem por mim ansiosos para chegarem ao salão e ver milhares de mulheres seminuas a servi-los e agrada-los. Parei, pois, tem mais um salto comigo e meu pescoço se viu em obrigação em virar e analisar quem seria a mulher, mas, na verdade é um homem que anda em minha direção calmo e de terno preto. Estamos distantes apenas por alguns centímetros, mas ele também para e apenas os sapatos sociais normais são ouvidos em abundância, a música a aumentar e os motores dos carros a chegarem. Encaro suas botas e logo seus olhos, por um motivo eu me encontro hipnotizada com seus olhos, o jeito sério e o modo que me olha, sem sorrisinhos maliciosos, é o primeiro homem que mantinha seus olhos nos meus e não no meu corpo. Tirando uma mecha dos meus cabelos ondulados do rosto, viro-me de costas ouvindo novamente meus saltos e logo os seus.