15 de agosto - ano II após a guerra (parte final)

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Está bem tarde e é quase segunda, mas eu não esqueci do capítulo. Semana passada eu não consegui postar. Estava inacabado quando a chuva veio e acabou a energia. Aqui na minha cidade vivemos uma longa seca no inverno e quando as chuvas voltam sempre são fortes demais e causam problemas. Vou tentar agilizar os próximos. Boa leitura!

Sabemos que nenhuma paz dura o suficiente no mundo ninja. No fim da tarde Kakashi enviou um anbú para nos convocar a ir imediatamente ao seu escritório. Outra reunião enfadonha certamente. Quando chegamos lá, Naruto, Shikamaru, Sai, Shino e Neji já estavam. O loiro burro e o cabeludo arrogante ficaram um bom tempo observando nossos dedos entrelaçados e depois nos encarando. Se isso incomodou Hinata, ela disfarçou muito bem. Sua expressão continuou tranquila e nada fez para se afastar. Kakashi pigarreou para ter nossa atenção. Seu semblante exalava preocupação mesmo por trás da máscara.

- Bem, agora que estão todos aqui, vou dar logo o primeiro aviso. Tudo que vão ouvir agora nessa sala é estritamente confidencial. Não devem comentar em nenhuma hipótese nem com seus companheiros, amigos ou parceiros de time. Somente vocês terão as informações completas. Entenderam?

- Hai, Kakashi-sensei! Falando assim parece que somos os fofoqueiros da Vila... – resmungou o Uzumaki.

- O que me preocupa são as línguas que ficam frouxas algumas vezes. Especialmente a sua. Vamos logo ao assunto. Eu acabo de receber uma mensagem urgente de Suna. Tentaram invadir e roubar o local onde o governo guarda documentos secretos por gerações. E pelo que indica o pergaminho, os bandidos buscavam algo que tem a ver com Konoha.

- Nani? Porque tem documentos nossos em Suna? – Naruto evoluiu muito nesses anos, no entanto ainda é capaz de se distrair a ponto de fazer perguntas tapadas como essa.

- Porque nem sempre vivemos em paz, como você bem sabe Naruto. As Vilas tinham suas rivalidades e cada uma acumulava informações estratégicas sobre as demais através de seus espiões. Nós também fazíamos o mesmo. Justamente por isso, o caso é altamente confidencial. Para evitar um entrave diplomático em nosso estado de paz tão duramente conquistado.

- O Kazekage vai informar o que eles roubaram? – o ponto que Shikamaru levantou é importante. Espionagem era algo bastante comum. Konoha mesmo tem inúmeros registros sobre as outras vilas nos arquivos secretos da Anbú-raiz.

- Ele fará melhor do que isso. – meu antigo sensei parece confiante – Os ladrões não conseguiram encontrar o que buscavam. Parece que Suna criou um método para catalogar seus arquivos que confunde os invasores com pistas falsas e deixa rastros para que eles saibam o que está sendo procurado. Por isso, Gaara sabe precisamente o que buscavam e já mandou separar tudo para que nos seja entregue. Sasuke, Sai e Naruto devem partir ao amanhecer para recuperar esses documentos e trazê-los para nós em segurança.

- E os demais? O que faremos? – pergunta Shino verbalizando a curiosidade que era de todos.

- Você, Neji e Shikamaru irão reavaliar tudo o que sabemos até agora sobre esses roubos misteriosos. Cada detalhe. Talvez assim possamos entender como esses documentos se encaixam nessa trama.

- E Hinata? – me antecipo à minha esposa e namorada, já pressentindo que não vou gostar da resposta. Toda vez que a deixam por último, é para inventar algo descabido e perigoso como missão – Porque ela foi chamada?

- Hinata seguirá como anbú para Kirigakure ao amanhecer também. Vai buscar um artefato que a Mizukage acredita que poderá nos auxiliar a desvendar a razão desses ataques.

- Eu me oponho! – anuncio em alto e bom som enquanto ela se curva graciosamente para aceitar a missão. Hinata ergue os olhos confusos em minha direção. Eu sei que prometi confiar na capacidade dela. Ainda lembro do rompante escandaloso que tive, da nossa primeira briga e de como ela ficou triste por imaginar que eu não confiava o bastante em suas habilidades. Não vou de modo algum envergonhá-la em público. E também não vou permitir que se arrisque dessa forma. Que bom para mim que eu consigo pensar rápido, especialmente na crise. – Se esse artefato é tão importante para darmos fim aos roubos, Hinata também deve ter uma equipe. Ou ao menos um parceiro. Para que possam se revezar na vigilância e defesa. – ela sorri graciosa para mim. Deve achar que só estou agindo estrategicamente para o sucesso da missão. Por mim, esse tal artefato pode até sumir para todo sempre, contanto que ela retorne em segurança. De jeito nenhum revelarei minhas verdadeiras razões. Não arriscarei deixa-la furiosa comigo outra vez. E diante dos demais mantenho minha reputação.

- Eu posso ir com Hinata-sama. – o primo se oferece antes de qualquer outro. Custei a entender essa proximidade deles, e mesmo que eu não compreenda plenamente, o fato é que hoje em dia não há como negar que ele faz de tudo para manter as primas protegidas. Kakashi tenta negar, porém todos acabam lançando mão de argumentos a favor de que Neji a acompanhe. Até o molenga do Shikamaru, apesar dele só ter dito que poderia dispensar a ajuda de Neji para um propósito mais útil. E no fim, ganhamos do Hokage. Ao menos dessa vez. Os primos partiriam juntos. Fomos dispensados para nos prepararmos e corremos de volta ao Clã.

Chegando em casa, avisamos de nossa partida e começamos a arrumar nossas bagagens. Sem discussões dessa vez. Confesso que estava policiando meus pensamentos para evitar falar besteira. Preparei uma katana e coloquei junto ao equipamento dela, assim como ela faz com o farnel de comida. Me deitei e assim que ela saiu do banho, estendi meus braços para que se aconchegasse. Sem receio de estar ultrapassando limites. Somos namorados e agora sei que nos conhecemos desde pequenos. Percebi que algo a incomodava quando ela sentou sobre os joelhos me olhando seriamente e empurrou uma mecha teimosa para trás da orelha.

- Eu sei que está preocupado e percebi sua estratégia de mandar meu primo comigo, mas ...

- Do que está falando? – interrompo tentando disfarçar.

- Sasuke, eu não sou burra. Nem tola. Agradeço que tenha se controlado o suficiente para não fazer eu me sentir diminuída como ninja diante do hokage. Só acho que não precisa ficar aflito assim cada vez que eu parto em missões. Eu vou ter cuidado, pode confiar.

- Hinata, eu... – um suspiro profundo escapa de mim. Ergo meu tronco me apoiando nos cotovelos. Não sei como expressar o que se passa dentro da minha alma. Eu achava que nem tinha uma. – Gomen se eu exagero. Eu já perdi muita coisa nessa vida. Perdi toda minha família. E a ideia de te perder me assombra – "Você é tudo que eu tenho", eu queria ter coragem bastante para declarar isso a ela. Acabo de perceber que não sou tão confiante quanto acreditava ser. – Eu já me preocupava quando mal estávamos nos tornando amigos, imagina agora que é minha namorada.

- Eu sei que é normal. Eu também me preocupo. Sempre que sai em missões, eu peço a Kami que tudo corra bem. Só que eu confio em você e em suas habilidades. E tenho fé que vai voltar em segurança. Tenha fé em mim também. – ela pede e vejo em seus olhos uma súplica.

- Eu tenho. É só que... – um segundo suspiro sela minha derrota nesse embate, simplesmente por não ser capaz de expressar o que sinto quando nem mesmo eu entendo - Vou tentar me controlar, eu prometo. – afirmo mesmo sabendo que será uma tarefa das mais difíceis. – Vamos deitar? Temos que descansar para sair cedo.

- Hai. – estendo novamente meus braços para um abraço e sou surpreendido com o toque suave de seus lábios macios nos meus. Uma carícia tímida e ainda assim tentadora. Imediatamente aceito o convite de sua boca entreaberta e aprofundo o beijo enquanto minhas mãos afundam em seus cabelos sedosos trazendo-a para mais perto de mim. Quando nos afastamos não posso deixar de sorrir de sua face afogueada.

- Uau. Isso foi bom. – provoco só para admirar suas reações.

- Você disse que eu também podia te beijar quando eu quisesse. – ela se justifica tomada pelo rubor, mas com um olhar determinado.

- Eu não estou reclamando. Pelo contrário. Fico feliz de saber que também sente vontade de me beijar. – ela se aconchega e eu aperto meus braços sobre seu corpo miúdo. – Fique bem atenta naquelas estradas e não se distraia com nenhum artefato maluco dessa vez, pode ser?

– Hai. Eu vou chegar em casa antes de vocês e aguardar seu retorno com uma sopa de tomate bem quentinha. Tenha cuidado também Sasuke-kun.

– Eu sempre tenho. - deposito um beijo no topo de sua cabeça e me permito relaxar. – Durma bem namorada.

- Bons sonhos namorado. – ela deseja já de olhos fechados. Por muitos anos eu desejei me livrar das imagens noturnas que me faziam reviver meus tormentos. Passei a dormir cada vez menos por conta disso. Hinata aos poucos espantou os pesadelos para bem longe, me permitindo sonhar novamente. E me fazendo desejar que ela sempre esteja neles, sorrindo e mostrando o caminho de casa com sua luz.

O que acharam? Hinata vai conseguir não se envolver em problemas? Domingo que vem saberemos rs. 

Beijos!

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