26 de maio - ano II após a guerra (parte 3)

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Konnichiwa minna! Muita animação nesse domingo ensolarado? Todos bem? Vamos continuar nossa leitura? 

(...) Fico parado atrás de uma árvore, de onde os escuto com clareza.

- Mas porque ir em meu lugar está te incomodando tanto, Sai-kun? – pergunta em um tom suave.

- Sabe que você é uma das poucas pessoas que me trata assim? Sempre tão amável! Posso te chamar de Hinata-chan? – ela assente e ele prossegue – Eu... eu acho que me sinto um pouco deslocado sabe. Todos vocês fazem parte de algo, seja de um time ou uma família. Eu sou sempre o substituto de alguém. Fui de Sasuke no time sete, agora serei seu. Não sei ao certo qual é meu lugar.

- Seu lugar é onde está. – ela sorri e coloca a mão em seu ombro – Aqui, com seus amigos. Não como substituto de ninguém e sim como parte de um grande grupo. Só estamos revezando.

- Viu o que Tsunade falou? Que eu não posso ser líder por falta de sociabilidade. Como vou conseguir desenvolver isso se não tenho um time? Como vou criar esses laços fortes que vocês tem? – ele inclina o corpo para frente desanimado.

- Nossos laços não surgem com um time, Sai-kun. – ela explica paciente - Os times funcionam porque eles existem, mas estar em um time não garante que irá criar vínculos com os demais membros. Eu entendo o que Tsunade quis dizer. Realmente seu conhecimento é grande, sua competência inegável, mas suas habilidades no trato com outras pessoas são limitadas. Imagine como seria ter que lidar com o gênio forte de Kiba em uma missão. Já Shino, embora muito calado, tem uma forte percepção das pessoas. Sabe como se dirigir a cada um e se fazer entender. Ele com certeza conseguirá manter a harmonia do grupo e você poderá aprender bastante o observando. O fato de Tsunade lhe delegar a tarefa de participar de times diferentes significa que confia em sua capacidade de se adaptar. Pense nisso como uma oportunidade de ir além. Uma possibilidade de adquirir cada vez mais desenvoltura diante de personalidades distintas. O que acha?

- É, você pode ter razão. Mas tem coisas que ainda não entendo. E porque Sasuke pode liderar se ele também não é lá essas coisas para lidar com os outros? Sempre indiferente, sem paciência, distante, e sei lá mais quantos adjetivos negativos já ouvi a seu respeito. – ela ri baixinho – Não devia rir. Seu marido não é muito apreciado pelos outros. – eu concordo com ele. Sobre a parte de não rir de mim, claro.

- Eu sei. E também sei que ele dá motivos. Só que no fundo, bem lá no fundo, ele não é nada disso. Sasuke-kun passou por muitas experiências traumáticas, viveu momentos difíceis e escolheu criar essa redoma um tanto ... hã... digamos, antipática para afastar as pessoas. Todavia, ele é perfeitamente capaz de se relacionar com as outras pessoas. E é um excelente líder por natureza. De um jeito mandão, porém nunca injusto ou tirano. – sorrio porque me alegra que ela tenha uma opinião boa a meu respeito. E que não se incomode em declarar.

- É tão estranho o quanto vocês dois são diferentes. – ele pondera com um tom levemente curioso na voz.

- Viu. É disso que eu estava falando. Não deve dizer coisas assim para recém-casados. Mesmo que seja verdade. – então ela acha que não temos nada em comum? Será? Não gosto dessa hipótese - É preciso captar as sutilezas do comportamento humano e agir de acordo para que a sinceridade não seja ofensiva aos outros. Se me permite dizer Sai-kun, aprecio sua franqueza, mas precisa aprender a dosar ela.

- Eu venho tentando. – pela primeira vez vejo um sorriso em sua face pálida - E não me entenda mal. Minha estranheza é perceber que vocês parecem tão certos juntos. Não sei como explicar. Eu diria que são como lados opostos de uma mesma moeda. Será que ele vai ficar bravo se descobrir que está aqui comigo? – certamente que vou. Seu idiota, você a fez corar e eu detesto quando fazem isso. Só não saio daqui e te soco porque ela vai descobrir minha indiscrição. E porque reconhece o quanto somos perfeitos juntos... quero dizer, como equipe.

- E porque ficaria? Somos amigos e Sasuke-kun sabe que gosto de conversar com meus amigos. – saber eu sei, nem sempre aprovo.

- Sei lá. Eu sei o quanto os rapazes são competitivos. E também já li sobre ciúmes. Ele pode achar que estou tentando tomar o que é dele, assim como Naruto anda dizendo que ele fez. – mas é muito imbecil. Onde um cara como esse conseguiria me roubar algo? Vai ter que comer muito lamen antes de me encarar. Pateta!

- Olha, Sai-kun. Fez de novo – ela ri abertamente com a mão em seu braço. Para que precisa tocar nele enquanto fala?– Sasuke não tem ciúmes de mim, - é, não tenho. Nem sei o que é esse sentimento. Espera, se for como quando eu era criança e não suportava ver meu aniki dividindo a atenção que deveria ser minha com outros, então pode ser que eu tenha. Um pouco só. Quem pode me culpar? Fazia muito tempo que eu não tinha com quem compartilhar nada. E agora sou adulto. Posso controlar esses impulsos. - e não está disputando nada. Nem com você nem com Naruto nem com ninguém. Ele voltou para casa e está reconstruindo a vida. Ele está onde tem que estar assim como cada um de nós. Se tivessem oferecido outra função a ele, tenho certeza que teria considerado aceitar. – está enganada esposa, eu nem mesmo considerei a oferta que Kakashi me fez. E não te contei porque estou certo que se me pedisse para pensar eu talvez fizesse isso - Naruto só está um pouco confuso. Tenho certeza que logo isso vai passar e eles vão voltar a ser como sempre foram. Grandes amigos que implicam um com o outro o tempo todo. – me impressiona a clareza com que ela nos enxerga. Sim, é assim mesmo que sempre fomos. Essa coisa toda que ela disse sobre perceber as sutilezas, uau, Hinata é mestra nessa arte. Um chacra oscilante se aproxima. Me volto para saber de quem se trata e vejo Ino se aproximando de onde eles estão em passos duros.

- Ora, ora, eu vim ver onde Sasuke-kun se meteu e o que é que eu encontro? Hinatinha dando trela para o pintor de paredes! Muito bonito, hein! O que Sasuke-kun vai achar disso? – é melhor eu sair do meu esconderijo antes que essa loira mimada ofenda minha esposa.

- Vou achar de que? Da minha esposa conversando com um amigo? O que tem de mais isso? – repreendo severo ficando de pé um pouco atrás dos três. Ao me ver, a senhora Uchiha me contempla com um sorriso radiante. Chego a me envergonhar por saber que minhas palavras foram pura dissimulação. Ainda não entendo muito bem porque razão me irrita dividir a atenção dela com qualquer outra pessoa – Hinata-chan, é melhor irmos para casa. Precisamos arrumar tudo e descansar. Venha. Vamos nos despedir. – estendo a mão e a morena não hesita em aceitar. Nem bem nos viramos na direção do Ichiraku e ouvimos a Yamanaka atrás de nós.

- É mesmo impressionante como podemos nos enganar com as pessoas. Um dia toda tímida e no outro querendo pegar todos os morenos da vila. – respiro fundo me preparando para rebater a afronta só com palavras. Afinal, ela é mulher. Se não fosse... ah, como eu queria que não fosse.

- Não deve tratar Hinata-chan dessa forma. – o tal Sai é mais rápido que eu – Muito menos tentar agredi-la sugerindo que seja quase tão oferecida quanto você mesma. – tive que me conter para não rir, minha esposa aperta minha mão com os olhos arregalados. É, parece que o dosador de franqueza do rapaz falhou. Em muito boa hora por sinal - Não é correto isso, Yamanaka. Suas insinuações ofendem a ela, ao esposo e a mim também. Posso ter muito que aprender, contudo sei o que é amizade. E sou muito grato pela que me é oferecida pela senhora Uchiha – é isso ai garoto, está subindo no meu conceito a cada palavra. Posso até tentar esquecer suas inconveniências de antes – Surpreendente é que alguém veja um amigo dando conselhos ao outro e já saia tirando concussões errôneas e precipitadas, maculando um ato de boa fé com uma atitude mesquinha e venenosa. – Ele encerrou e continuou com sua cara de paisagem encarando a loira que ficou de queixo caído. Depois de alguns segundos sem qualquer reação, ela virou-se e saiu bufando. Hinata somente suspirou e balançou a cabeça com quem diz: "não tem jeito mesmo".

Nos despedimos de todos e seguimos para casa. Mal chegamos e Hinata começou a providenciar uma série de coisas que para ela são muito importantes, ver se estava tudo em ordem, deixar recomendações, preparar comidas, separar provisões. Eu até já me acostumei a levar o peso extra do farnel que ela sempre apronta para mim. Já estou com tudo que é meu arrumado quando ela finalmente entra no quarto para organizar sua própria bagagem. Estou deitado, um dos braços sob a cabeça, observando ela escolher as armas que levará, quando a inquietação assume o controle da minha língua.

- Não acha que foi imprudente demais aceitando essa missão?

- Porque acha isso Sasuke? Não confia na minha capacidade? – retruca com um olhar ressabiado.

(Continua) 

Eu andei aproveitando um tempo livre que consegui e mais tarde eu posto a parte final desse capítulo. Gostaram?

Bodas de PapelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora