26 de maio - ano II após a guerra

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Está um pouco tarde mas ainda é domingo. E eu não deixaria vocês na mão. Como estão? Tiveram um bom domingo? Não vou enrolar, vamos ao capítulo de hoje.

Já se passaram três semanas desde aquela reunião desastrosa na minha casa. Eu e Naruto ainda não conversamos. O loiro se tornou esquivo e eu não fiz o esforço de correr atrás. Praticamente só nos encontramos em situações públicas ou reuniões com o Hokage. E assim que o Uzumaki encontra uma brecha, some das minhas vistas. Pelo menos parou com aquele comportamento irritante que vinha adotando. Ainda está calado demais, como se estivesse processando algo importante dentro de si. Para minha felicidade, os últimos dias foram bem serenos. Sem missões complicadas, nada que fosse extenuante, sem visitas irritantes, sem nada para me tirar do sério. A não ser os costumeiros deslizes dos habitantes do meu lar. Só que com isso já estou acostumado. 

Karin continua soltando suas farpas venenosas, que ignoramos com êxito. Suigetsu ainda acha seus comentários inconvenientes o máximo. E Orochimaru... esse eu ainda não entendi onde pretende chegar. Anda animado com suas leituras e se esforçando para demonstrar interesse por algo que não seja ele mesmo. Acho suspeito, muito suspeito. Já Kabuto se mudou para o orfanato e vem nos visitar ao menos duas vezes por semana. Eu pensava que ele viria ver seu antigo mestre, mas não. Ele vem atrás de Hinata. E assim que a vê, desata a falar sobre projetos, crianças, e todas as coisas que quer para aquele lugar. Toma toda sua atenção sem dar espaço para mais ninguém. Neji é a visita mais frequente, o chato sempre tem assunto para um particular com minha esposa. Quando não são traduções, são planos ou pistas. E sempre com a aquela mania irritante de cochichar pelos cantos. Vez ou outra o cabeludo consegue trazer a impertinente da minha cunhada. Até que ela é engraçada. Gosto de sua presença. Me diverte assistir ela enfrentar Karin com tanta empáfia que parece até ficar mais alta. Nunca admitirei isso para não atiçar sua ousadia para o meu lado. Eu sinto que essa baixinha está só sondando o terreno, buscando espaço para criar laços familiares comigo. Agora tenho certeza que ela não sabe dos termos da minha união com sua irmã. Essa calmaria me agrada e ao mesmo tempo me preocupa. Talvez por ter crescido em meio a infindáveis conflitos eu não consiga mais relaxar o suficiente para baixar a guarda. Talvez seja só cisma minha.

Hinata está treinando comigo no dojô. Depois da noite em que me contou sobre a luta com Pain, ela pediu que a ajudasse a treinar o uso da katana. Foi logo na manhã seguinte, e ela estava ainda mais sem jeito do que no dia em que me propôs casamento. Quis saber a razão, no entanto, minha esposa além de teimosa é arisca. Falou, falou e no fim senti que faltava o essencial. A princípio, acreditei ser uma curiosidade, talvez até passageira quando notasse o desgaste que são esses treinos. Entretanto me surpreendi ao constatar que ela já tinha bons movimentos. Muito precisos e firmes. Eu diria até graciosos, levando em consideração que não se trata de uma arma qualquer. O que busca é se aprimorar com um oponente qualificado. Nesse caso, quem melhor que eu? O que justifica seu pedido, porém me deixa cada dia mais intrigado com suas habilidades. Treinamos juntos todas as manhãs. Meu objetivo nesse momento é sabotar sua concentração para encontrar as possíveis falhas em combate. Para isso nada melhor de que puxar assuntos aleatórios e ver como reage.

- Sabe que seu hábito de sumir silenciosa quando acorda me incomoda demais? – provoco enquanto preparo um ataque sorrateiro.

- Gomen. Achei que seria adequado já que prometi não lhe perturbar com minha presença. – responde sem mudar a expressão nem dar qualquer sinal de distração – Não imaginei que minha ausência iria ser problema. – zomba enquanto bloqueia meu golpe.

- Não é. É só que não custa me chamar. Eu gosto de levantar cedo. – o contra-ataque dela foi simples, contudo eficiente. Chegou bem perto do meu tórax. Dei impulso com a kusanagi fazendo-a recuar até a outra extremidade do dojô. – Estive com Naruto ontem. Ele parecia pensativo. Será um clone? Devemos nos preocupar?

Bodas de PapelWhere stories live. Discover now