07 de julho - ano II após a guerra

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Quando nos apresentamos ao hokage, deixei que Sai fizesse o relatório da missão. O branquelo é mais esperto do que eu suspeitava. Ressaltou todos os pontos obscuros com aquele modo estranho dele falar. Saímos do escritório deixando um Kakashi pensativo para trás. Pressinto que nada de bom pode surgir dessa história. Acabei gostando de ter o desenhista como parceiro de missão. Ele é caladão, vive lendo ou perdido em pensamentos, de vez em quando faz umas perguntas sem pé nem cabeça, mas é uma pessoa com quem consigo lidar. Não me azucrinou, não foi barulhento. E nem reclamou porque o deixei sem resposta quando me perguntou sobre relacionamentos. Perguntar sobre isso justo para mim? Só fechei a cara e acho que ele entendeu que era melhor calar. Como os membros da comitiva preferiram se manter afastados de nós e ele não é tão invasivo, tive bastante tempo para pensar. E lembrar.

No dia seguinte do meu pequeno deslize com bebida, acordei com a cabeça zonza. E dolorida. Cenas embaralhadas iam e vinham. Notei que Hinata estava ruborizando a cada palavra que me dirigia, no entanto mal tive tempo de tomar o remédio que me ofereceu. Logo um anbú veio me chamar com urgência. Me apresentei ao hokage e tive que partir imediatamente. Quando fui me despedir, minha esposa me entregou o farnel de comida, que agora sempre me faz carregar, e me desejou sorte, recomendando que eu tivesse cuidado. Tudo isso lindamente corada. Eu admito que adoro ver ela assim, adoro provocar essa reação, no entanto, dessa vez eu não fazia ideia do que estava trazendo sua timidez à tona. Pelo menos não lembrava naquele momento específico. Eu a abracei e parti. Quando paramos para almoçar, algumas imagens perturbadoras me vieram, mas achei que tinha sonhado. Foi somente na noite do primeiro dia, enquanto estava de vigia, que me lembrei claramente do que aconteceu. E tive certeza que não havia sonhado. Minha vontade era voltar o quanto antes para perguntar como ela estava se sentindo a respeito do nosso beijo. Sim, foi nosso, porque depois de juntar todos os fragmentos e reprisar inúmeras vezes em minha cabeça, tenho certeza que ela correspondeu. E ainda perguntou o que estávamos fazendo. Infelizmente também me lembrei das coisas patéticas que fiz em seguida. E do riso dela. Não zombando, mas se divertindo comigo.

Eu não podia voltar, então me permiti ficar relembrando. Do toque delicado, do gosto, da sensação inebriante. E pensar. Certamente essa era a razão do seu comportamento acanhado naquela manhã. Teria se arrependido? Estaria brava comigo? Será que achou que eu não a respeitei? Foram tantas questões que surgiram e foram se acumulando dentro de mim. E só quem pode me dar as respostas é ela, minha doce, teimosa, delicada e arredia esposa. Será que eu devo lhe pedir desculpas? Mas qual o sentido de me desculpar se só desejo repetir? Não fui educado com toda essa formalidade dos Hyuuga. Nem com qualquer outro tipo de etiqueta social. O que se diz para uma moça depois de beijá-la? Não sei como agir nessa situação. A única estratégia em que consigo pensar é aguardar um momento propício para que possamos conversar. A sós. Nós dois conseguimos nos comunicar quando estamos sozinhos. Nem sei como vou começar o assunto, mas sinto que preciso fazer isso. Não é como se eu pudesse ou quisesse fingir que nada aconteceu. Entretanto, Hinata parece decidida a não facilitar as coisas para mim.

Desde que cheguei não conseguimos ter um minuto de privacidade. Será que ela está fazendo de propósito? Está se esquivando de ficar sozinha comigo? Se for assim, o que isso quer dizer? Meu Kami Sama, essas dúvidas estão me corroendo a mente. E o humor também. Enquanto limpo a Kuzanagi repasso os nossos passos buscando sinais que revelem se está me evitando mesmo ou não. Chegamos em Konoha pouco depois do amanhecer e demoramos no escritório do hokage, fui para o Clã quase na hora do almoço e Hinata estava treinando com Suigetsu, quando eles entraram na cozinha e ela me viu deu boas vindas mas desviou o olhar, almoçamos juntos e Hinata estava quieta demais, quando ia chama-la para o dojô a Yamanaka chegou e não parou mais de falar, ficaram algumas horas naquilo e depois elas saíram apressadas para pegar alguma encomenda, Neji acompanhou Hinata na volta e ficaram naqueles particulares que me irritam, fui tomar um ar para mais uma vez pensar em como tocaria no assunto beijo e acabei sendo abordado por Juugo que parecia ter sido contaminado pela tagarelice da sua cliente loira, queria me contar tudo que faria e me agradeceu inúmeras vezes por permitir que usasse as terras do Clã. Eu tentei explicar que era ele quem me fazia um favor, afinal eu não saberia o que fazer para dar uma finalidade produtiva a boa parte do que herdei. Passei minha vida treinando e lutando. Não me acostumei ainda ao fato de que tenho uma herança a zelar. Sem Hinata, tudo por aqui ainda seria só ruína. Acho que nunca antes eu tinha me empenhado em mostrar a ele que reconhecia seu valor. Vi seu espanto e seu contentamento com meu gesto. E estranhamente fiquei satisfeito por isso. Já era bem tarde quando fui deitar e Hinata já dormia. Tenho certeza que não fingia. Acariciei seus cabelos, me aproximei um pouco mais para sentir seu aroma e ela permaneceu serena.

(Continua)

Pobrezinho... quanta aflição por causa de um beijo rs. Na quarta-feira tem mais. 

Agora eu gostaria de convidar vocês a darem uma olhada em outro livro que estou publicando aqui. Se chama Tenaz e se passa no Japão. O link é https://www.wattpad.com/story/106492742-akai-ito-tenaz . As coisas estão interessantes por lá também. Agradeço se visitarem e deixarem suas opiniões. Até breve!

Beijos da Nica!

Bodas de PapelWhere stories live. Discover now