No se me quita - Gerson Santos da Silva

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Começou com um beijo apressado
E terminou um pouco mais atrevido
Ai, meu Deus, o que foi que fizemos?

Era o início de uma realização, estava indo para a Cidade Maravilhosa — os demais paulistas que me desculpem —, o verão estava no auge.
Copacabana.
Ipanema.
Barra da Tijuca.
Estádio do Maracanã.
Fla x Flu.
Era tudo que desejava para o finalzinho das minhas férias. Seria um ano de muitas transformações. Transformações que nunca poderia imaginar.
Tudo começou depois daquele jogo. Depois que a gente iniciou a partida perdendo por 1x0 com gol do tricolor aos três minutos, foi apenas no segundo tempo que viramos o placar, Arrascaeta, deixou tudo igual aos vinte e cinco minutos e nossa vitória veio com um puta golaço do Gérson, no final dos acréscimos. Gritei, gritei até ficar sem voz. Abracei os desconhecidos ao meu lado. Nada me importava, era o meu Flamengo, saindo vitorioso de um clássico.
Queria comemorar, extravasar ainda mais aquela sensação gostosa de ver meu clube vencendo no templo do futebol. O que seria melhor que um samba pra aproveitar? Poucas coisas.
Havia escolhido um barzinho na Gávea, tinha lido boas recomendações. Coloquei um vestido um pouco acima do joelho, um pouco rodado na saia, e um salto alto, fiz uma maquiagem tranquila e chamei um Uber.
O trajeto não era longo, conversei um pouco animada demais com o motorista, principalmente quando ele contou que alguns dos jogadores do time frequentavam ali.
— São boatos que eu ouço, não sei até onde são reais, mas já citaram, Rafinha, Bruno Henrique, Gabriel, por exemplo. 
— Nada do Gérson? — Ri com a minha pergunta ridícula.
— Nadinha, nenhuma vez. — Ele rio também. — Ele é um rapaz família demais pra esse tipo de coisa.
— É uma pena, então. — Rimos por um instante.
— Mas quem sabe um dia, alguém não consiga trazer o homem pra cá. — Ele sorriu, estacionando o carro.
— Obrigada.
— Por nada, foi um prazer, paulista. — Ele deu risada.
Entrei praticamente sambando, o som era contagiante, os músicos estavam ao fundo, as mesas espalhadas de forma que todo o meio do salão estivesse livre para quem desejasse dançar. Sentei no balcão, não iria pegar uma mesa apenas para mim, e pedi uma cerveja e fiquei observando as pessoas que dançavam.
Observar. Era algo que fazia muito mais do que gostaria de admitir. Mesmo com vontade de dançar, me sentia completamente envergonhada com a situação.
Percebi uma mudança no ambiente e olhei para porta, assim como todas as outras pessoas. Estavam descendo do carro prata, Gabriel Barbosa, Rafinha, Giorgian de Arrascaeta e, por último, o moreno, aquele moreno que reconheceria em qualquer lugar, Gerson.
Sorri, encarando minha cerveja, que por sinal, começava a ficar quente.
Os meninos, se ajeitaram em uma mesa próxima de onde eu estava, o homem do balcão, já lotou a bandeja com cerveja e algumas porções. Eles eram esperados. Rafinha, foi se juntar com os músicos algum tempo depois, e isso, era algo que tinha certeza que ele faria, Gabigol, estava conversando com uma loura enquanto dançavam, Giorgian e Gerson, estava sentados, não pareciam em um papo animado, ao meu ver, o uruguaio, estava consolando o companheiro.
O que havia acontecido?

Foi só pelas tantas da noite, depois de boas cervejas, tive coragem de cair na pista, sozinha mesmo. Estava me divertindo, talvez rindo para o nada. Senti uma mão firme segurar meu braço com delicadeza, e me virei na direção do abusado.
Meu coração gelou.
Ele.
Não dissemos nada, apenas começamos a dançar. Ter um par era muito melhor, sem dúvida. Estava nervosa? Ansiosa? Não sabia decidir.
Caramba.
— Então, morena, como se chama? — Ele finalmente decidiu perguntar, depois que a primeira música acabou.
— Thainá.
— Tem cara. — Ele sorriu, meu coração falhou. — Posso te pagar uma bebida?
— Você não é bom nisso. — Ri. — Mas aceito. — Ele me conduziu para a mesa, onde até poucos instantes ele estava com os companheiros.
— Cerveja? — Concordei, e ele ergueu um a mão com dois dedos levantados e apontou para as garrafas na mesa. — É nova por aqui?
— Turista, na verdade. — Disse com sinceridade. — Mas pelo que sei, você não é um frequentador.
— Não era, mas não importa, se puder encontrar você mais vezes.
— Você realmente não é bom. — Ele riu de maneira enérgica.
— Um pouco enferrujado, talvez.
Tivemos uma conversa bem superficial enquanto tomávamos aquela cerveja, e logo voltamos a dançar. Gerson, tinha uma ótima pegada na dança, meus pensamentos voaram para como ele seria na cama. Tento afastá-los, mas era difícil. Foi, no meio da música que ele colocou os lábios nos meus, de maneira tímida, foi mais rápido do que eu gostaria, para que no segundo seguinte, estivesse mais ardente.

Ele fechou a porta do apartamento já se livrando da camisa que usava, e me pegando no colo, beijando meus lábios e atacando meu pescoço, deixei que minhas pernas se enrroscassem em sua cintura, ele me conduziu para o quarto, me deitando na cama após tirar meu vestido e joga-lo no chão, não segurei o gemido que se formou em minha garganta quando seus lábios quentes tocaram a pele sensível de meu seio, senti seus lábios formando um sorriso. Logo, ele estava em minha intimidade, traçando padrões inimagináveis em minha intimidade, deixava que todos os gemidos fossem ouvidos por ele.
Na minha vez de retribuir o favor, tive dificuldade de colocá-lo todo em minha boca, então, cuidei com a mão, gostava da sensação em minha boca, e principalmente dos gemidos roucos que ele soltava, aquilo só me fazia querer ir mais longe, coloquei a camisinha e sentei bem lentamente, olhando em seus olhos.
A partir daí, tudo se tornou mais intenso, seus movimentos eram rápidos, seus toques precisos, exatamente onde deveriam ser, poderia chegar ao orgasmo tão rapidamente, quanto me sentia atraída por ele, mas sempre que eu estava quase lá, ele parava, era torturante de um jeito gostoso, sabia que toda aquele retardo no prazer, criaria uma onda ainda maior no final.
Foi exatamente isso, não tinha nenhum controle do meu corpo, me sentia completamente extasiada, satisfeita.
Que homem.

A manhã seguinte foi extremamente desconfortável, ele dormia de barriga para baixo, esparramado pela cama, suas costas musculosas me faziam ter vontade de beija-las durante todo o dia.
Mas não, isso não iria acontecer.
Vesti minha roupa, deixei um pequeno papel com meu telefone. A esperança é a última que morre. Não queria que ele acordasse e eu ainda estivesse ali, não saberia encarar um jogador do meu time, depois do que fizemos durante a noite.
Uma coisa era certa, nunca me esqueceria daquela noite com o jogador.

Coletânea de Contos - Jogadores de futebol. Where stories live. Discover now