Culpables - Bruno Rezende (vôlei)

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Eu sei como aconteceuEssa distância que tínhamosAos poucos foi nos matandoSe há um culpado aqui, nós somos os doisMas ele não

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Eu sei como aconteceu
Essa distância que tínhamos
Aos poucos foi nos matando
Se há um culpado aqui, nós somos os dois
Mas ele não

Driele sempre teve seus objetivos bem definidos na vida, tornar-se bem sucedida e por seus próprios méritos. Estudar nunca foi seu forte, mas mesmo assim, encarou os anos intermináveis de Nutrição, precisava ter alguma profissão que a completasse juntamente com a sua paixão e de onde tirava a maior parte do seu sustento, o tarô. Quando saiu de salvador para Buenos Aires, ela apenas queria uma nova  oportunidade em um novo país, o país vizinho era a uma das poucas possíveis com o que ela tinha em sua conta bancária, talvez não fosse a melhor opção, mas ainda  assim lhe parecia uma boa ideia principalmente quando queria se livrar das amarras que tinha em sua casa.
Pelo menos haveria apoio naquele momento de transição para um novo país, sua melhor amiga, Paula, já estava lá havia alguns anos, desde que se mudou para  lá com a  transferência do marido para o River Plate em 2018. A soteropolitana  se  mudou para lá cerca de  seis meses depois e ficou não mais que dois meses na casa da amiga, logo conseguiu suas próprias coisas e mudou-se para um apartamento pequeno em um bairro não tão fino, mas era o melhor lugar do mundo, era o seu cantinho e o melhor de tudo, ela podia ver sua segunda casa desde que chegou a capital portenha, da  pequena varanda de sua sala, avistava-se La Bombonera, era difícil dizer qual jogo a brasileira havia perdido desde que estava por ali, o Boca Juniors era sua paixão assim como carioca Flamengo e o Real Madrid.
Apaixonar-se nunca esteve em seus planos, por rival era ainda pior, mas não poderia negar que em algum momento seu sentimento do Ignácio Scocco foi grande e sincero, agora ela já não entendia direito se estava com ele por amor ou apenas porque já estava acostumada. Muitas coisas haviam mudado desde que o ex camisa 32 riverplatense tinha ido para Rosario defender as cores do seu clube do coração, Newell's Old Boys  e ela tinha ficado para trás. Driele, não havia aceitado se mudar para lá com ele, nos últimos três anos havia conquistado muitas coisas naquela cidade, ela não podia simplesmente largar tudo para ir atrás dele, nem mesmo quando ele a prometeu casamento, sua única resposta havia sido que não estava pronta para algo muito mais sério que o namoro que eles tinham. Depois disso, a relação parecia estremecida, eles  se viam uma ou duas vezes por  mês, em um bom, três, afinal, a agenda dele era complicada, ela tinha suas próprias coisas para fazer e não podia se deslocar sempre para lá.
E foi assim que tudo começou a se desfazer.
Quando se deixa uma pessoa muito tempo sozinha, outras pessoas podem aparecer, e porque na vida  agitada e  confusa de  Driele não aconteceria o mesmo. Ela sequer sabia explicar  como Bruno entrou em sua vida. Apenas aconteceu, e agora ela estava envolvida até o pescoço com ele.
E o pior, ela não sabia como conversar com o… Seja lá o que eles fossem agora.
E para ajudar, ela estava com a mala na mão indo para Itália naquele exato momento.
Ela sabia que precisava  ser sincera com Ignacio, mas não conseguia naquele momento, sua consciência dizia que era errado, contudo ela duvidava que ele não tivesse outra pessoa em Rosario, ela conhecia bem ele para saber que era bem provável que nesse momento ele estava com uma loira em sua cama. E ela não se importava, eles não tinham mais nada mesmo, há vários meses, apenas não tinham dado um final digno para aquela história cheia de comodismo, onde um casal se formou apenas por conta de seus amigos e estarem sempre juntos em quase todas as ocasiões.
Havia conversado com sua melhor amiga sobre  o que estava acontecendo  e ela lhe disse que deveria seguir seu coração e ser feliz, e  tinha consultado suas cartas, Bruno era seu destino, não havia outra alternativa. Era diferente de quando tirou sobre o argentino anos antes, ela sempre soube que tinha um outro homem em seu caminho, ela só não imaginava quem ou nunca se atentou às pistas que a Espiritualidade deixava para ela.
Paula tinha concordado em levá-la para o aeroporto, o companheirismo das duas era algo indescritível, mesmo quando estavam erradas, elas se apoiavam uma na outra depois de brigarem e jogarem na cara uma na cara da outra todos os vacilos e merdas que aquela escolha lhe traria.

Coletânea de Contos - Jogadores de futebol. Where stories live. Discover now