Capítulo 9

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_Dessa vez é bom você segurar mesmo na minha cintura. São cerca de dezoito quilômetros para o bairro que você disse que mora, vamos procurar as ruas menos movimentadas e é melhor não ter medo da velocidade.

_Não creio que queira me matar.

_Não tenha tanta certeza disso. _Ele falou em tom de brincadeira. Mas Elisa não achou nada engraçado.

Elisa sentia náuseas em função da velocidade, obrigou-se a agarrá-lo pela cintura, fechar os olhos e esconder o rosto atrás do ombro dele. Para piorar começou a chover e tudo que já era ruim só piorou.

Um tempo depois, quase que sem fim ele indicou.

_Estamos em seu bairro é melhor me dizer onde é sua casa...

Elisa abriu os olhos. Era noite, era um bairro sempre bem iluminado e a chuva parecia estar acabando, mesmo assim uma penumbra prejudicava a visão.

_Aquela é a escola do meu filho, vira na segunda à direita.

Pedro a obedeceu.

_E agora?

_Aquele portão...

Pedro parou diante do enorme portão. Pelo muro percebia ser uma construção imponente, as grades do portão impossibilitavam de ver nitidamente, mas podia perceber que havia um longo caminho cercado de jardim pra chegar na casa. E pelo que podia observar não era uma simples casa.

_Obrigada Pedro. _Elisa tirou o capacete e lhe entregou.

_Por nada Elisa...

_Desculpa, estou com pressa, nos vemos amanhã.

_É... amanhã. _Pedro deu a partida na moto e se foi.

Elisa entrou em casa com coração disparado. Não estava preparada para enfrentar Alex, e não estava mesmo, ao abrir a porta da sala se deparou com um Alex sentado no sofá, cotovelos apoiafos nos joelhos gorando uma taça de vinho na mão com uma cara intragável.

_Oi amor, desculpa eu acabei...

_Perdendo a hora? Ah que novidade...

Elisa encolheu os ombros.

_Você tá bebendo Alex?
_O que? Trouxe um vinho, custou uma nota, não iria desperdiçar.

_Cadê o Hugo?

_Há séculos dormindo.

_Alex eu...

_O que vai dizer?! _Alex levantou com a voz alterada. _Trabalho da faculdade? E por isso esqueceu do nosso aniversário de casamento?! De muitas coisas você pode me acusar Elisa, mas nunca de ter sido egoísta a esse ponto! _Ele a encarou com raiva. _Ao menos chegasse cedo e teríamos ido a um restaurante...

_Alex, meu amor... _Elisa se aproximou e o beijou. Nunca tinha usado dessa artimanha feminina, mas agora tinha que confiar na sua capacidade de sedução para evitar uma briga. Estava parcialmente molhada, e ele parcialmente embriagado, aos poucos sentia que ele cedia, os lábios de Alex eram os mesmos de quando eram adolescentes, os beijos o mesmo sabor... sentia-se aquela adolescente lançada nos braços dele, mas agora mais do que nunca se sentia uma mulher confiante, sabendo que tinha poder sobre ele, assim como ele tinha sobre ela. E que bom sentir fisicamente que ele estava entregue.

Alex passou a lhe acariciar sedento beijando-lhe a nuca, mas por algum motivo ele parou e a encarou sério.

_Elisa que perfume é esse?

Elisa empalideceu, era a última coisa que esperava ouvir, também a última  coisa que deveria ter feito; ficar pálida.

_Alex é o meu perfume...

COLEÇÃO POR UM SONHO _ A esposa. Where stories live. Discover now