Capítulo 104

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Sentia suas mãos suadas em cima da mesa já que estava de dedos cruzados. Encarava o rosto dela nesse momento. Elisa não lhe encarava parecia olhar para um ponto no nada. Aquela covinha que ela tinha no cantinho dos lábios parecia tensa e seus olhos estavam nublados e profundos. Sim… iria ninar sua esposa em seus braços assim que tudo aquilo passasse. Iria abraçá-la com força e chorar de emoção ao acariciar sua barriga. E sabia… tinha certeza que Elisa iria reconsiderar e desistir daquela história de divórcio. E não podia evitar que um leve sorriso curvasse seus lábios ao visualizar um futuro cheio de amor com um bebezinho lindo sendo mimado pelos três, por ele, por ela e por Hugo…

_Bom… _O juiz se pronunciou. _O resultado do exame comprova a inexistência de uma gravidez nesse caso podemos continuar…

Não foi o modo que ele falou… não foi a naturalidade com a qual foi dita… fôra apenas o fato… apenas o fato que lhe deixara completamente inerte… uma sensação de estar caindo no nada e uma dor como de uma adaga sendo cravada em seu peito. 

_Nao pode ser… _Balbuciara ao mesmo tempo que tomava o exame das mãos do juíz para ver com os próprios olhos. E sim… negativo. Não havia bebê nenhum. _O que você fez com ele? _Encarara Elisa em choque. Mas por mais que houvesse se arrependido no mesmo instante de fazer tal acusação, palavras ditas ao ar não podiam ser extraídas de volta para sua origem e as consequências delas eram inevitáveis. E foi inevitável o que aconteceu. Elisa o encarara com ódio antes de se levantar do outro lado da mesa alí a sua frente e lhe desferir um tapa na cara com força e repulsão. 

_Desgracado! Como ousa me acusar de assassina? Eu nunca estive grávida de você tirando o fato de ter me engravidado de propósito aos meus 17 anos! Infeliz! Você destruiu a minha vida! Me fez uma refém alienada. Me enclausurou! Me traia constantemente como se em vez de sua esposa eu fosse um mero bibelô em sua estante. Porém em uma estante com portas maciças onde não podia ser observada e nem simplesmente avistada por ninguém. Você me tratou como se eu fosse um objeto inanimado sem sentimentos e sem vida própria. Você tinha uma vida lá fora regada a festas, bebedices muitos amigos e muitas amantes enquanto eu era sua escrava do lar. E lar? Hoje vejo que nunca tive lar nenhum com você. Eu era tão somente a sua empregada na sua mansão da qual me expulsou assim que ouviu a primeira mentira sobre mim. Foda-se Alex! Eu não sou mais criança e nem tampouco aquela Elisa cega e burra, eu jamais engravidaria de você de novo e tudo que posso dizer é que você me adoece, não foi por causa de gravidez nenhuma que tive enjoos e vomitei foi somente por sua causa! Porque tenho nojo de você! 

Não havia como reagir... queria gritar bem alto um milhão de coisas ao mesmo tempo. Que ela estava enganada, que nunca tinha traído ela e que sentia muito pela acusação e que entendia agora como tinha sido burro de não atentar para aqueles sintomas de outra forma. Adoecera sua mulher e agora só sentia a dor de estar doente com tudo isso. 

_Elisa… amor…

_Porco! Se tem o mínimo de honra e vergonha nessa sua cara cínica assina a porra desse divórcio de uma vez por todas!

_Eu não posso fazer isso! Elisa precisamos conversar! As coisas se complicaram demais mas podemos conversar e você vai entender que… 

_Eu não vou entender porra nenhuma Alex! Eu nunca vou entender como alguém pôde ser tão cruel com uma pessoa que nunca lhe fez mal. Você me fez de gato e sapato sem que eu pudesse me defender! Agora eu quero que você se exploda! ASSINA A DROGA DESSE DIVÓRCIO ALEX E ACABA COM ISSO DE UMA VEZ POR TODAS! 

E o juiz pigarreou. 

_Bom… _E encarou a todos com olhar surpreso. _Agora vejo que isso realmente é um divórcio. Alex Annenberg quer fazer alguma objeção quanto a proposta da sua esposa sobre os bens? 

COLEÇÃO POR UM SONHO _ A esposa. Where stories live. Discover now