San Valentin

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- Madu! Madu!
- Pode entrar, Fátima!

Fátima tinha passado a noite na casa de seus pais, ao Norte da ilha. Desde que começou a trabalhar no gabinete, a secretária passava mais tempo no Norte e pouco aparecia no Palácio das Laranjeiras. O sol mal tinha aparecido quando saiu de casa para ir até o Palácio, a própria Madu pediu que ela aparecesse cedo por lá, Fátima acreditou que encontraria a amiga dormindo. Que nenhum inimigo de Madu soubesse, mas a alteza era uma dorminhoca de carteirinha. Para sua surpresa, ao entrar no quarto, Fátima encontrou Madu já de pé e vestida.

- Bom dia, flor do dia! – Madu cumprimentou Fátima com um beijo estalado. – Como vai?

Fátima ergueu as sobrancelhas pasmada.

- Você, bem-humorada? – Debochada. – O que houve com vossa majestade?
- Oras, tive uma noite tranquila e acordei muito bem... Aliás... Como não acordar muito bem hoje? Olhei pela janela e o dia está esplendoroso!

Sim, o dia estava realmente bonito, mas Fátima não era nenhuma tola para acreditar que aquele bom humor todo era por conta da beleza do amanhecer. Conhecia muito bem a amiga.

- Mais uma vez, o que houve com você, vossa majestade? Por que tantos sorrisos?
- Credo, você fala como se eu fosse uma velha rabugenta... – Madu começou a cuidar de sua maquiagem, Fátima a observava.
- Madu, antes de ser a Rainha de Ursal, você é a rainha do mau humor pela manhã... – Madu riu. – E nos últimos dias você anda tão sorridente... Algo está acontecendo...

Sim, algo acontecia nos últimos dias. A Rainha de Ursal estava permitindo-se viver um romance. Já fazia duas semanas que ela e Robin vinham se encontrando discretamente. Quando estavam próximas dos outros, eram apenas duas conhecidas, amigas, mas longe de todos Madu e Robin permitiam externar toda a paixão contida durante todo aquele tempo.
A medida que conhecia melhor a médica, Madu encontrava-se cada vez mais envolvida e, apesar da intensidade dos sentimentos, não estava com medo de viver aquela experiência. Era um receio diferente, muito parecido com adrenalina, um frio na barriga acompanhado de prazer e de muitas descobertas.

- Hoje é dia de São Valentin, dia do aniversário de Princesa Berta, portanto também é o dia da padroeira de nossa ilha e o dia que, enfim, revelarei a população local sobre o nosso projeto para o Norte...

O projeto secreto de Madu para o Norte da ilha há algum tempo já estava dando o que falar. O grande aterro sanitário localizado também no Norte, era objeto de estudo há algum tempo. Com exceção de Leão, Augusto, Clara e Fátima, ninguém sabia ao certo o que Maria Eduarda pretendia. Havia apenas duas certezas: o projeto era grande e duas pessoas estavam muito envolvidas no plano, Antônia e Heloísa. A primeira fazia um estudo para amenizar os impactos ambientais da obra e empresa de Heloísa cuidaria da execução da obra. Ela não poderia ficar o tempo inteiro por perto, mas Leão, engenheiro experiente, faria suas vezes e com certeza desenvolveria um trabalho exemplar.
Se só os estudos no aterro sanitário já causavam grande comoção, o projeto tornou-se o assunto do momento quando uma semana antes da festa de São Valentim, Madu fez um comunicado em rede nacional: o antigo lixão estava oficialmente desativado e agora os detritos de toda ilha seriam descartados em um local adequado, próximo do centro de Ursal. Junto a essa medida, Madu anunciou a abertura de um centro de reciclagem, com projetos que ensinariam pessoas a reaproveitarem materiais que a princípio não serviam para nada e transformar esses materiais em utensílios domésticos e produtos artísticos que poderiam ser comercializados. Os detritos orgânicos também teriam um novo destino, seriam transformados em adubo que poderia ser comercializado com agricultores da ilha em um preço acordado entre ambas as partes. O pouco lixo restante seria acomodado em um terreno menor, vizinho as terras de um velho conhecido de Madu, o Conselheiro Neves.
Neves era pai de Fabrício, amigo de Juanito. Não foi uma e nem duas vezes que o homem havia se desentendido com a Rainha. Neves, assim como muitos Conselheiros, acreditava que Maria Eduarda desprestigiava o Conselho demais para sempre atender ao povo. Já estava entalado com a Rainha por conta da prisão de Fabrício. Além de não mover uma palha para que o rapaz e Juanito saíssem da prisão, Maria Eduarda deu ordens ao delegado para que o delegado não facilitasse em nada a vida dos dois. Neves considerava aquilo uma ofensa. Só por que seu filho e o melhor amigo resolveram fazer uma traquinagem na escola das crianças, Madu tinha que agir tão duramente?
Se Neves já andava se sentindo desprestigiado por Madu, a gota d'água veio quando soube que suas terras seriam vizinhas do novo aterro sanitário. Neves enlouqueceu, exigiu explicações de Maria Eduarda no gabinete, na frente de funcionários e de algumas pessoas da população que estavam reunidas com Madu. Clara, de forma comedida, conseguiu controlar a situação pedindo para que Fátima atendesse a população enquanto ela e Madu se resolviam com Neves.

- ISSO É INADMISSÍVEL! ESSA PERSEGUIÇÃO DESCABIDA CONTRA A MINHA PESSOA E A MINHA FAMÍLIA! A SUA LOUCURA GANHOU CONTORNOS INIMAGINÁVEIS, MARIA EDUARDA! ISSO É UM ABSURDO!
- COM QUEM O SENHOR PENSA QUE ESTÁ FALANDO? – Madu rebateu sem baixar a cabeça. – NÃO ESQUEÇA DA HIERARQUIA, SENHOR CONSELHEIRO!
- Gente! Dá para escutar vocês gritando da rua... – Clara disse. – Conselheiro, majestade... Contenham-se!
- Eu queria ver se fosse com a senhora e sua família! Essa senhorita nos persegue. Agora ela inventou de mudar o lixão de lugar apenas para atingir os meus interesses pessoais!
- Oras, senhor conselheiro... Pare de agir como uma criança mimada! – Madu reagiu. – O senhor não tem essa importância toda!
- O valor dos meus terrenos cairão por menos da metade por conta do aterro sanitário! Qual a justificativa, que não seja me prejudicar, para mover o lixão de lugar?
- Eu necessito do terreno do antigo aterro. É bem mais amplo que o outro e com o Centro de Reciclagem a quantidade de lixo diminuiu bastante. Não é necessário um terreno do tamanho do antigo.
- E por conta de um capricho seu, minha família e eu pagaremos por isso?

Madu e Clara tentaram convencer Neves que a medida não se tratava de uma rixa pessoal mas o homem não acreditou e saiu do gabinete bufando. No dia seguinte, Neves deu uma entrevista à rádio com fortes críticas ao governo de Maria Eduarda. Entre as acusações, Neves afirmou que faltava transparência a Madu com a população e fez insinuações sobre o tal projeto secreto. A entrevista na rádio causou alvoroço na população que passou a se questionar sobre o tal projeto e até sobre a índole da Rainha.

- O que você tinha que fazer era uma prestação de contas orçamentárias. Poderia publicar no Boletim Informativo da União. – Clara disse. – Assim tudo ficaria esclarecido e você fecharia a boca do Conselheiro.
- Na teoria é uma boa ideia, mas eu preciso de algo mais forte. Ele foi a rádio, muita gente o ouviu. O Boletim Informativo tem bem menos alcance. – Madu disse. – Precisamos de algo maior.
- Eu tenho uma ideia. Vamos usar a rádio também... – Fátima sugeriu. – Mas vamos ir além... Você anunciará na rádio que durante a festa de São Valentim revelará a toda população do que se trata o projeto secreto...

Clara sorriu com a ideia da jovem.

- É uma excelente ideia, Fátima. Podemos complementar publicando a Prestação de Contas do Orçamento no Boletim Informativo da União, no dia seguinte a festa e podemos alinhar uma coletiva de imprensa, também para o dia seguinte, para apresentar o projeto em detalhes a todos. Podemos falar sobre a geração de empregos que resultará, sobre os turistas que terão acesso a ilha, a Heloísa e Antônia podem explicar tudo...
- Excelente ideia! É o que vamos fazer... Fátima, por favor, marque uma entrevista na rádio ainda para hoje... E você, Clara, faça um balancete para a prestação de contas. Teremos muito o que trabalhar durante essa semana!

A semana, de fato, foi bastante corrida para todos no gabinete, mas tanto trabalho estava sendo recompensado. Todos estavam curiosos sobre o tal projeto secreto e não viam a hora de chegar a festa de São Valentim para que enfim o segredo que Madu guardava a sete chaves viesse à tona. Madu também estava ansiosa para acabar de vez com o segredo e aquela ansiedade já dava indícios físicos. Em um de seus encontros com Robin, a médica observou seu estado.

- Você anda tão tensa... Devia tirar uns dias para descansar... – Robin dizia enquanto massageava os ombros da Rainha.
- Sem trocadilhos, é meu sonho de Princesa... – Comentou fazendo a médica rir. – Mas não dá para pensar nisso agora.
- Nem mesmo com Clara lhe auxiliando? – Robin questionou.
- Ela está me ajudando muito.... Inclusive responderá por mim nos dias que estarei em Havana.
- Você vai para Havana? – Robin questionou surpresa.
- Cumprir uma agenda... Haverá um encontro de Chefes de Estado e devo ir representado os interesses de Ursal e... – Madu sorriu iluminada por uma ideia. – Será que você não pode ir comigo?
- Eu? Em Havana?
- Eu estarei lá a trabalho, mas creio eu que não passarei as 24 horas por dia, durante cinco dias, apenas trabalhando. O que acha? Duvido que se eu for e você não, que o seu coração não estará em Havana... – As duas mulheres se entreolharam e riram. Trocaram um beijo. - Você ficaria em uma pousada próxima do meu hotel para não levantar suspeitas... Serão poucos dias, logo após a festa de São Valentim...
- Acho que minha mãe e tia Tônia não se importarão de cuidar de Mari por alguns dias para mim...

A decisão de Robin foi comemorada com um beijo roubado por Madu. Desde então Madu contava os segundos para encontrar a doutora em Havana e poder agir como um casal qualquer, após cumprir suas obrigações como Rainha. O dia da festa havia chegado, mas a festa só ocorreria a noite. Teria uma agenda extensa a cumprir por conta do dia da padroeira da ilha, Princesinha Berta.  Por aquele motivo chamou por Fátima tão cedo.

- Você quer repassar toda sua agenda e que ensine Miguel todas minhas funções como secretária?
- Sim... Você anda muito atribulada com Clara e quero que você se dedique exclusivamente a ela. Ela está no primeiro mês e ainda está se adaptando. Quero que você e ela trabalhem juntas. Augusto está em uma missão especial. Ele está como os meus olhos no Conselho. Não quero que ele acumule funções e também acho errado Inácio ser meu secretário. Ele deve se dedicar aos estudos para futuramente ocupar algo que planejo para ele. Miguel é bom com números, tem me ajudado na rotina do trabalho e até bancado meu motorista desde que aconteceu aquele triste episódio com o senhor Geraldo.

Geraldo era um dos motoristas de confiança de Madu. Uma semana após a chegada de Miguel, a carteira do primo de Madu desapareceu. A princípio o jovem não se deu conta. Sempre foi desligado, entretanto deu falta da carteira quando precisou dos documentos para dirigir. Miguel achava que havia perdido, mas Juan Batista fez questão de por o castelo abaixo até encontrar a carteira do primo. Encontrou nos pertences de Geraldo, o motorista. O homem não entendia como a carteira foi parar lá e nem Madu, Geraldo era de sua extrema confiança. Pressionada por Juan Batista e Juanito, Madu foi conversar com o homem. Ofendido, ele pediu demissão. Miguel, sem graça, fazia as vezes de seu motorista.

- Então pretende torná-lo seu secretário?
- Sim, Miguel tem noções de Direito, ele tem me ajudando bastante com documentações...
- Está certo... Treinarei Miguel para ser seu secretário.
- Está meio reticente sobre Miguel, Fátima?

Fátima sorriu sem graça.

- Você me conhece mesmo, majestade...
- O que houve? Ele te fez alguma coisa ou...
- Não, ele é bem simpático até, educado... É que a gente não conhece ele direito... Aquela história da carteira foi tão estranha... Eu conheço o seo Geraldo. Se ele se ofendeu, não foi mesmo ele que pegou a carteira... – Fátima fez uma pausa. – Não quero criar desconfianças, nem nada disso... Mas tome cuidado...

Madu abriu um sorriso carinhoso.

- Está certo, Fátima... Eu agradeço por seu cuidado. – Fez uma pausa. – Estarei de olhos abertos... – As duas sorriram. – Obrigada por cuidar tão bem de mim...
- Sei que você faria o mesmo! – Fátima deu uma piscada cúmplice. – Agora vamos trabalhar?
- Vamos!

(...)

O dia em Ursal foi recheado de compromissos e atividades. Madu apenas conseguiu voltar para o palácio depois das seis da tarde. A Rainha não pode descansar, Gabi iria fazer seu cabelo. Madu acabou seguindo o conselho de Robin e deixou as madeixas aos cuidados da atriz. Gabi a livrou das tranças, agora a jovem monarca exibia uma cabeleira curta, na altura do queixo, e com algumas ondas. No Norte todos se preparavam para a festa. Robin foi a primeira a estar pronta.

- Uau, como o papai está bonito! – Mari comentou. – Perfumado...
- Eu sabia que essa camisa ia ficar ótima em você... – Antônia comentou. – Achei a sua cara!
- A camisa ficou mesmo ótima, mas para uma festa religiosa... Essa camisa toda florida... Será que o padre não vai encrencar? – Heloísa ponderou.
- Aquele padreco que encrenque lá do altar dele, porque estou me sentindo muito bem com essa camisa e não quero me atrasar... – Robin disse. 
- Nós já vamos? – Mari se surpreendeu.

Robin riu.

- Não, minha pequena... É que terei que passar em lugar para pegar a minha acompanhante para o baile... Mas não se preocupe, tia Tonha e mainha levaram você e nos encontraremos na festa. Tudo bem?
- Sua acompanhante é bonita? – Mari questionou curiosa.
- Uma das mulheres mais belas da ilha... Só perde pra você e aquelas duas gatonas... – Robin disse jogando uma piscadinha para Antônia e Heloísa. – Agora tenho mesmo que ir...

Apesar da pressa, Robin dirigiu prudentemente e chegou no Palácio poucos minutos antes do horário marcado. Inácio lhe fez sala. O príncipe estava muito nervoso, era a primeira vez que ia acompanhado a um baile, não tinha ideia como agir ao buscar a moça na casa dos pais. Além de Inácio, Juanito também estava na sala. Ele já estava pronto para buscar Marcela, só esperava o primo Miguel terminar de se arrumar. Na vigésima vez que Juanito reclamou da demora de Miguel, Inácio não se aguentou.

- Parece que quem vai lhe acompanhar na festa é Miguel e não Marcela.
- O que está insinuando, seu fedelho? – Juanito reagiu.
- Nada, eu só...
- Calma, crianças... Eu já estou pronto. – Miguel disse bem-humorado. A Robin. – Como vai, doutor?

Os dois se cumprimentaram formalmente. Em um passeio ao norte da ilha, Madu havia apresentado Robin a Miguel.

- Como vai?
- Bom... - Juanito se levantou. – Podemos ir!
- Eu vou aguardar a moça que vai me acompanhar... Ela e Madu estão terminando de se arrumar. – Disse Miguel.
- Moça? – Juanito questionou.
- Sim... Ela e Madu estão lá em cima... Ela veio arrumar o cabelo de Maria Eduarda, a amiga dela...

Robin deu um sorriso. Jamais imaginou que ouviria isso, mas de fato Gabi e Madu agora se portavam como amigas. Após horas desfazendo os dreads de Madu, a Rainha e a cantora pareciam ser amigas de infância. Agora até marcavam de tomar chá juntas e Robin desconfiava que se juntavam para falar mal dela. Juanito tratou de se manifestar.

- Aquela criatura? A tal Gabi... Meu primo, eu também cai nesse golpe... Eu também pensei que se tratava de uma mulher.
- Juanito, Gabi é uma mulher. – Miguel afirmou.
- Não é bem assim, ela parece uma, mas na verdade...
- Eu apenas vejo uma linda mulher... – Miguel disse com um sorriso encantado enquanto olhava no topo da escada onde surgiam Gabi e Maria Eduarda. – Aliás... Duas lindas mulheres!

Robin sorriu.

- Eu concordo com você, Miguel!
- Eu tambem, primo... – Disse Inácio.

Juanito revirou os olhos e foi se servir de uma dose de uísque no bar. Só com bebida conseguia suportar os beijos de sua noiva. Madu e Gabi desceram lado a lado.

- Nós sabemos que demoramos, mas a demora valeu á pena, não? – Gabi comentou.
- Duas gatonas! Robin e eu seremos os dois homens mais invejados da ilha!
- Três porque tenho certeza que Fátima deve estar linda... – Inácio disse provocando risos.
- E você, Robin? O gato comeu sua língua? – Gabi provocou.
- O motor de Robin é mais lento... – Madu gracejou provocando risos. Deixou um beijo no rosto da médica. – Podemos ir?
- Podemos ir!

O caminho foi curto, em poucos minutos estavam no espaço onde o festejo acontecia ao lado da catedral do lado Sul da ilha. Tradicionalmente, ano após ano, a mesma cerimônia se repetia, entre discursos, musicas, danças, muita comida e homenagens a padroeira da ilha, a tão querida princesinha Berta.
O lugar já estava abarrotado de gente, mas o grande espaço facilitava a circulação do povo que já andava de lado para o outro, aproveitando a festa que mal havia começado. Os músicos tocavam a primeira música, testando toda a aparelhagem de som e iluminação colorida que vez ou outra refletia, mesmo estando em um espaço aberto.

- Acho que chegamos cedo demais. –  Madu cochichou no ouvido de Robin assim que saíram do automóvel. A medica não entendeu a observação da Rainha e a encarou com um olhar confuso. – Digo, pois, a festa mal começou, gosto com minutos de atraso para gerar expectativa.

Robin nada disse e apenas riu da ideia de Madu. A Rainha, como boa leonina, tendia a ser o centro das atenções naturalmente, mas a médica não podia negar que adorava as artimanhas estratégicas que Madu utilizava para que suas vontades fossem cumpridas e o holofote estivesse vez ou outra sobre si.

-Se lhe conforta, posso confessar algo...- Segredou Robin para que os amigos ao redor não ouvissem. – Enquanto estava na sala de seu palácio, estava cheia de expectativas ao seu respeito e posso dizer que todas elas foram agraciadas com a mais bela visão. Cada degrau descido pela Rainha de Ursal, era um tropeço que meu coração dava. Queria tanto te beijar...
  
As duas mulheres trocaram um sorriso. O cochicho do casal foi interrompido por uma animada Marielle que se aproximava do pequeno grupo que ainda estava na entrada da festa. A pequena, em sua animação incontida, correu e abraçou a Rainha pela cintura, exclamando efusivamente o quanto Madu estava bonita. A beleza da Rainha era algo de se admirar, o novo corte de seu cabelo acentuava sua feição de traços naturalmente finos e seus olhos em um verde que naquela noite pareciam mais intensos.

- Você também está linda! – Madu curvou-se para abraçar a pequena e mesmo com uma certa dificuldade conseguiu suspender Mari que deu um gritinho ao sentir seus pés se afastaram do chão. - Estava morrendo de saudades de você princesinha.

A cena era assistida pelas pessoas que estavam próximas, a maioria se derramava em ternura ao presenciar tão singela troca de afeto.
Heloisa que sempre se mostrava ser contida, tentava a todo custo conter uma teimosa lagrima que teimava em escapar dos seus olhos. Diferente de sua mulher, não tinha o espirito casamenteiro, mas presenciar a troca de afeto entre Madu e Mari, enquanto sua filha Robin se desmanchava de amor ao lado delas tornava quase impossível não vislumbrar aquelas três como uma família, afinal, para a engenheira a família era isso, amor, cuidado e sinceridade. E a troca que via em sua frente, era de um amor mais que sincero.

- Quer um lenço, minha margarida? – Sussurrou Antônia, para que apenas sua mulher ouvisse. Por mais que negasse, Heloisa sempre foi uma manteiga derretida e Antônia conhecia bem a mulher que tinha.Pigarreando Heloisa negou com a cabeça e apertou a mão de sua mulher sorrindo assim que percebeu a aproximação do grupo, entre eles Mari vinha saltitando, enquanto segurava algo em sua mão.

- Vovó, vovó! Olha o que ganhei! – Mari estendeu a mão para mostrar a delicada correntinha similar à da rainha. – A Princesinha me deu, ela disse que é para eu ficar igual a ela, já que eu sou a princesinha! Coloca aqui, vó Heloisa?

Em uma troca rápida de olhares com Robin, Antônia percebeu que estava tudo bem e o episódio do cordão havia afetado em nada sua filha, a preocupação logo se dissipou e uma das músicas preferidas de Antônia começava a tocar, parecia ser um bom sinal para aquela noite de festa.
Em uma certa distância do grupo, dois casais chegavam a festa. Gabi, Miguel, Marcela e Juanito em trajes requintados chamavam a atenção de algumas pessoas que estavam próximo à entrada. Gabi procurava seu grupo de amigos e logo encontrou, não estava mais suportando nem mais um minuto a presença de Juanito e assim que pode inventou uma desculpa qualquer e se afastou do trio.

- Está vendo o tipo de acompanhante que você arranjou? Uma desclassificada que quer ser o que não é...Por isso é próxima de minha irmã, que é rodeada de gente estranha. – Nos primeiros passos de Gabi ainda pode ouvir as palavras ditas por Juanito em alto e bom tom, mas ignorou dessa vez, não queria causar qualquer desconforto para seus amigos com uma discussão no meio do festejo tão importante para aquele lugar.
- Desculpa por isso...- Gabi ouviu um pouquinho antes de se aproximar do grupo.
Miguel agora caminhava ao lado de Gabi enquanto continuava a se desculpar pelo que o primo havia dito.
- Estou bem, não se preocupe.

Gabi realmente estava, aquele tipo de comentário não a afetava mais, o que realmente a irritou foi o fato do príncipe mequetrefe mencionar seus amigos na história.  Mas no fim, a jovem viu aquilo com um saldo positivo, se Miguel estava ao lado dela, significava que ele não compactuava com as ideias estapafúrdias de Juanito.

- Vamos falar com todos antes do discurso de Madu, ela me disse que é algo realmente importe e quero estar com os meus amigos quando isso acontecer.

Antes que Miguel dissesse alguma coisa, Gabi segurou sua mão e o puxou par que continuassem andando e nada mais fosse dito. Qualquer conversa ficaria para outra ocasião, aquela noite era de festejo e comemoração por muitos motivos e Gabi pretendia aproveitar ao máximo. Miguel, em contrapartida, caminhava apenas encarando sua mão entrelaçada a de Gabi e gostou da sensação boa que aquele gesto despertava em si.

O grupo, agora, quase completo, conversa em perfeita harmonia e extrema animação. Mesmo que ainda faltasse Leão, Augusto e Clara. O barbudo que propôs ir buscar os dois e até agora nenhum dos três havia chegado. O clima no local se mantinha tranquilo e amistoso, Madu sentia um leve frio na barriga em antecipação ao pronunciamento que faria logo mais, sabia bem que o efeito que sua revelação seria o ponto chave para que toda falácia do conselheiro fosse esquecida, afinal, não havia o que temer, seus atos como gestora daquela ilha eram feitos na mais perfeita legalidade.

- Tio Leão! – Mari exclamou antes de sair correndo em direção ao grandão que estava acompanhado por Augusto.

A diferença de tamanho entre o Barbudo e a menina era enorme, facilitando o malabarismo de Leão em rodopiar com Mari, enquanto a menina gargalhava sem parar. O ato chamou a atenção de alguns para onde estavam, boa parte sorria ao assistir a cena. Mesmo em meio a diferenças gritantes que acompanhavam o cotidiano da ilha, o dia de Princesinha Berta operava um pequeno milagre, boa parte dos moradores que ali estavam dividiam o mesmo espaço em paridade.
Essa foi a percepção que Clara teve ao chegar, a mesma foi trazida por Leão juntamente com Augusto, mas o esquecimento de sua bolsa dentro do carro fez com que tivesse que retornar para busca-la. Augusto até insistiu para que os três fossem juntos buscar, mas como a distância era pouca, Clara não achava necessário ter companhia para tal.
Assim que Leão colocou a pequena Mariele no chão, os olhos que estavam voltados para os dois mudaram de direção, boa parte olhava para a mulher de vestido cinza de forma condenatória, a mais nova desquitada da ilha não era vista com bons olhos pelos mais ortodoxos, outros a julgavam por ter deixando um suposto bom partido escapar. Clara não aparentava incomodo, caminhando tranquilamente ignorou os buchichos, seu foco era outro e este caminhava em sua direção. Fatima percebendo os olhares venenosos em direção a Clara, sentiu um extremo incomodo, sem pensar duas vezes resolveu agir de alguma forma e se aproximou da ruiva, em seguida e caminhando ao seu lado. A jovem mesmo com sua baixa estatura naquele momento parecia gigante em sua intenção de blindar a mais velha, se dispondo a ser uma espécie de escudo para qualquer olhar enviesado que Clara possivelmente receberia.
Clara sorriu para a jovem em forma de agradecimento, mesmo que os olhares ou cochichos não a afetasse em nada, ficou feliz pela atitude de Fatima. A ruiva considerava a secretaria uma pessoa admirável e a cada dia confirmava sentimentos e muitos outros que não sabia distinguir.

- Você está linda, Fátima! E...Obrigada! - Fatima não soube o que responder de imediato, agradecer pelo elogio parecia ser insuficiente. A jovem bem sabia que havia agido por impulso, mesmo que Clara não tivesse em perigo, seu instinto de proteção falou mais alto e ali estava, novamente sem jeito e confusa, algo que já havia virado rotina ao estar próxima da ruiva que a encrava sorridente. - Perdoem-me o atraso, tenho a mania de arrastar minha bolsa para qualquer lugar que vou, nunca se sabe quando ocorre algum imprevisto e podemos vir a precisar de um kit de emergência. Não é mesmo? - Alguns concordaram com a afirmativa de Clara, outros nem tanto e deram de ombro.

Agora com o grupo completo, todos caminharam em direção à frente do palco, local onde logo mais a Rainha de Ursal faria seu pronunciamento e os que rodeavam Maria Eduarda eram os mais interessados a ouvirem de perto, pois, parte deles faziam parte desse projeto e os que não faziam parte apoiavam e torciam para que tudo ocorresse bem.
Maria Eduarda sentia um misto de sentimentos, naquela noite estava inquestionavelmente feliz, diferente dos últimos festejos ao qual se sentia obrigada a participar, esse em especial tinha um significado todo especial, apesar dos encalços em meio a sua administração, nos últimos tempos a jovem Rainha percebia a diferença que sua gestão estava fazendo, descobrindo em pequenas situações que podia fazer muito, principalmente com o apoio da população, pois, indubitavelmente tudo que fez não foi sozinha e este era um dos pontos que mais legrava a rainha.
Laços eram feitos, solidificando e resguardando parceiras que eram mais seguras que qualquer papel assinado. Depois de tanto tempo se sentindo solitária, entre a viagem e a perda de sua mãe, Madu sentia-se em casa e em família, com vínculos além do sanguíneo.

- Você vai se sair muito bem, tenho certeza. – Disse Robin segundos antes da Rainha caminhar em direção a plataforma enfeitada ao qual os músicos se apresentavam animadamente. Madu nada respondeu, mas os olhos da jovem, tão expressivos, diziam muito de tudo que a Rainha sentia naquele momento.
Após a finalização da música, um pequeno anuncio foi feito a respeito do discurso que a rainha faria, e como em um passe de magia, a frente do palanque ficou abarrotada de gente se apertando para chegar o mais próximo possível, chamando a atenção dos guardas que se mobilizaram para evitar algum tipo de acidente, pois havia muitas crianças e idosos no local. Mari foi uma das crianças que se assustou com a aproximação repentina, a menina que estava distraída se perdeu por um instante dos adultos, mas logo sentiu a mão de Robin lhe resgatando e a segurando no colo.
- Você está cada dia maior, daqui a pouco não conseguirei carregar você. – Comentou a médica de forma humorada com sua filha e olhava e agora sorria de forma aliviada.
Cessando a pequena algazarra, Madu pôs-se no centro da plataforma a fim de iniciar seu curto discurso, a intenção da Rainha era apenas tirar algumas dúvidas da população para que as mentiras ditas pelo conselheiro caíssem por terra. Sem firulas ou demagogia, em seu já conhecido discurso sucinto e objetivo, Maria Eduarda desvendou o mistério que rondava o antigo lixão da ilha que agora seria um Aeroporto de Ursal Estrela do Norte, o primeiro da ilha. Com uma ala toda especial, erguida a partir dos escombros do antigo castelo Estrela Vermelha, o Museu contaria a história do lado norte, assim como um tributo em memória da falecida Rainha Alba.

- Dou-lhes minha palavra que toda e qualquer movimento realizado em minha administração é feita na mais completa licitude, qualquer dúvida, não se acanhem em prestar contas, afinal, a verdade e honestidade são pilares importes. Eu como Rainha devo-lhes isso, assim como qualquer membro do conselho e corpo administrativo, também. – As últimas palavras da Rainha foi dita de forma irônica e tinha destino certo, o alvo era o velho conselheiro que empertigou-se todo ao receber o olhar nada amigável de Maria Eduarda. – Sem mais delongas, vamos aproveitar essa noite que é muito especial para todos nos. Para os casais aproveitem a noite de San Valentin e para os devotos aproveitem a noite de homenagem a Princesinha Berta. E lembrem-se, o futuro de Ursal está nas alturas com o Aeroporto Internacional Estrela Vermelha!

O discurso da Rainha foi recebido com muitos aplausos pela população seguida de um coro animado que cantava seu nome. Maria Eduarda se afastou do microfone para que a banda desse continuidade e uma salva de palmas e assovios pode ser ouvida assim que descia os degraus. Muitos comentavam animados a respeito do novo aeroporto que poderia ser visto como uma oportunidade de renda, novos empregos e agilidade nas viagens internacionais que até o momento eram feitas por meio marítimo.
Aos poucos o povo se dispersava, mesmo Madu sendo a Rainha de Ursal, sua presença em meio ao povo era tão frequente que não causava tanto estardalhaço em meio ao povo que se aproximava, cumprimentava e logo se afastava para aproveitar a festança. Casais já se formavam ao longo da pista improvisada dançando no ritmo frenético que a música impunha.

- A senhorita me dá a honra dessa dança? – Disse Inácio cheio de mensuras, Fátima sorriu aceitando o convite do amigo.

Madu, Robin, Augusto, e Leão acompanharam os dois e começaram a dançar com seus respectivos pares, aproveitando a música mais calma em uma cadencia que facilitava a proximidade e troca de olhares. Inácio se sentindo mais a vontade com os amigos ao redor, decidiu que aquele momento poderia se propicio para dar um passo que a dias planejava, o olhar que recebia de Fatima também alimentava a coragem escassa do jovem que suava de nervoso.

- Você está bem, Inácio?

Fatima podia sentir a mão tremula do jovem que rodeava sua cintura, o jovem nada disse, a voz parecia que havia sumido, de repente a amiga tinha se tornado uma mulher e Inácio se sentia apenas um menino, mesmo que tivessem a mesma idade.  Preocupada com o rapaz ao qual tinha imenso carinho, Fátima perguntou, mais uma vez enquanto fazia um leve carinho em seu ombro.

- Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta, mas não quero ofender.
- Desde quando temos tanto cerimonia, Inácio? – A jovem riu confusa e foi acompanhada pelo riso sem graça do amigo.
- Desde que o pedido seria uma permissão na verdade... Você se incomodaria se eu lhe beija-se?

Fatima no primeiro instante ficou confusa, a tanto tempo esperava por tal iniciativa do jovem que sempre aparentou gostar de Marcela, aquele pedido parecia tardio mesmo que ainda fosse bem-vindo, afinal o carinho por Inácio estava intacto, o jovem era atraente para Fatima, isso era inegável. O Sim e o não competiam para ver quem saia primeiro da boca da jovem que não sabia se encarava Inácio ou Clara que olhava para o casal enquanto bebericava uma taça de champanhe.

- Me desculpa se eu...
- Ei, você não tem porque se desculpar, sinto-me extremamente lisonjeada e a resposta é sim. – Na tentativa de entender o que sentia nos últimos tempos, Fátima aproximou seu rosto do jovem e recebeu o beijo calmo e cuidadoso do amigo.

Leão cutucou Augusto que arregalou os olhos com a cena, Clara fazia parte dos que estavam surpresos com a o beijo trocado entre Fátima e Inácio. A maioria não prestava atenção e o beijo que logo terminou passou batido, a ruiva que assistia a cena de longe respirou aliviada pelo fim do ato, mesmo tentando, não conseguiu desviar o olhar do casal.
Os dois, alheios a observação,  se separaram e trocaram um sorriso sem graça, o beijo não havia sido o que nenhum dos dois esperavam e mesmo sem troca de palavra o olhar dizia tudo, o ato não poderia ser classificado como ruim, talvez estranho fosse a palavra certa para definir. Inácio sentiu-se quase cometendo um incesto e logo percebeu que aquilo não se repetiria, já Fatima sentiu um incomodo gerado pela sensação de estar traindo algo ou alguém e por fim percebeu os pares azuis inquisidores sobre si que explicava muito do seu incomodo.

- Eu acho que...
- É... Somos ótimos amigos, Fatima. – Comentou o jovem príncipe bem-humorado.

Em um abraço carinhoso cessaram o assunto, a situação ainda se mostrava um tanto constrangedora e o melhor naquele momento parecia ser ignorar e continuar a dança. Os dois amigos se abraçaram e continuaram os passos que foram interrompidos com a chegada de Leão querendo trocar de par com Inácio e logo o grandão rodopiava com Fatima.

- Faça a pergunta, Leão.
- Que pergunta? – O barbudo fingia-se de desentendido, mesmo que ambos soubessem o real motivo da troca de pares.
- Você não desgrudou de Augusto à toa, não sou boba, diga!
- As pessoas falam demais e sei bem que estavam recriminando minha dança com meu futuro esposo...
- Você nunca se importou com a opinião alheia...Espere. Vocês estão noivos?
-Eu ainda não informei a ele... – Leão comentou bem-humorado fazendo Fatima rir. – Mas já que estamos aqui conversando e falando de relacionamentos...Você e Inácio estão namorando?

O riso se transformou em gargalhada que Fatima não conseguiu conter, sem dúvida alguma o barbudo tinha alma de jornalista e até a mínima noticia o instigava a descobrir e lá estava ele em mais uma investigação que poderia muito bem ser confundida com mexerico.

- Digamos que o beijo foi a confirmação do amor fraterno que sentimos um pelo outro...
- Eu já beijei um primo meu, ele beijava muito bem, mas era um tanto a apalermado e Robin não o suportava.
- Porque?
- Robin o achava lento demais para entender as coisas e não tinha paciência.

Fatima não comentou com seu parceiro de dança, mas a conversa fez com que lembrasse das muitas conversas que teve com sua amiga e vez ou outra Madu mencionava a lerdeza de Robin para alguns assuntos. Fatima ponderou a achou melhor guardar aquela informação não tão secreta para si, na música que começava era uma das preferidas da jovem e preferiu se entregar mais uma vez ao ritmo que a cação exigia, Leão era um ótimo parceiro de dança e acompanhava o os passos com maestria e algumas firulas exageradas, mas nada que estregasse o momento de animação.
A hora avançava ignorando a animação dos que se encontravam naquele lugar, alguns já haviam ido embora enquanto outros planejavam permanecer até o sol raiar. Todos dançavam, com seus pares, sozinhos, em trio, uns bêbados e outros mais sóbrios compartilhando a mesma animação.
Com exceção de um único casal que estava no mesmo espaço que os demais, mas o universo particular que os envolvia fazia com que apenas se enxergassem e nada mais.
Em uma lentidão que destoava dos demais, um casal movia-se em seu próprio ritmo, não era por falta de habilidade pois ambas eram eximias dançarinas e já tinham comprovado isso em outros bailes, o momento não pedia grande coreografias, no máximo um aconchego em braços macios e trocas de sussurros manhosos.

- É tão diferente...
- Seu cabelo, eu estava acostumada com os dreads...- A mão de Robin passeava pela nuca da rainha em suaves caricias que faziam Madu arrepiar-se inconscientemente.
- Eu gostei, Gabi é uma ótima cabeleireira, uma mulher cheia de talentos.
– Ô se é!

Madu que já havia passado da fase de ciúmes descabidos, apenas sorriu com a constatação da medica. A jovem Rainha tinha uma proposta em mente para fazer a Robin mas se sentia acanhada com a possibilidade de rejeição, mesmo que essa possibilidade fosse quase nula.

- Madu...
- Oi?
- Se eu te convidasse para uma fuga em direção a minha casa, você aceitaria?
- Eu diria que você está roubando uma ideia minha...
- Roubo é departamento de Peste Rubra, Robin é apenas medica!
- Ainda bem que eu tenho as duas... Vamos falar com suas mães e Mari antes de usar toda sua habilidade de fora da lei.
Sem esperar por resposta, Madu segurou a mão de Robin e a puxou, a noite que estava pela metade seria longa para as duas. Robin apenas sorriu, a mulher que sempre se considerou um tanto azarada no amor, agora se sentia-se uma das mais sortuda das criaturas.

Os MonarcasWhere stories live. Discover now