Peste Rubra

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Se Madu pudesse classificar aquele início de noite com um adjetivo, desastroso seria a palavra mais correta a se usar. Tudo que tinha para dar errado, deu. Se não bastasse o seríssimo problema que enfrentaria com o hospital saqueado, Benedita, a criada mais antiga do palácio apareceu com notícias que não eram nada boas. Alguém havia ligado de um telefone público da Zona Norte avisando sobre a situação de Dona Lupita. Nervosa, Benedita atendeu ao chamado e logo desligou.

- É a comadre, Fátima... Ela está nas últimas. - Benedita explicava a Fátima e a Madu impedindo que as duas fossem até o hospital. Benedita estava à beira de um ataque de nervos. - A dona Rosa, mãe da professora que ligou...

- A dona Lupita? - Fátima se desesperou. - Meu Deus!

Paloma, a moça que cuidava da arrumação do castelo apareceu com um copo d'água com açúcar tentando a acalmar Benedita. Madu fitou Fátima em busca de explicações e a amiga logo destrinchou toda a situação.

Lupita era uma antiga moradora do lado norte da ilha, muito querida por todos e estava enfrentando sérios problemas de saúde. Ela e Benedita eram primas diretas e a mãe de Fátima era comadre de Lupita. A mulher precisava de um remédio especifico e ninguém sabia como conseguir.

- Você acha que tem no hospital? - Madu questionou Fátima. - Vamos até lá, pegamos o tal remédio e depois seguimos para o lado norte.

Inácio se aproximou das duas. Ele tinha saído para espairecer um pouco, mas nas ruas todos comentavam sobre o roubo do hospital. Imaginando que precisariam dele para algo, o jovem príncipe retornou ao Palácio dos Laranjais e encontrou as mulheres em estado crítico.

- Pelo jeito vocês souberam do afano que houve no hospital, não é?

Madu fez um gesto afirmativo.

- Sim, mas agora surgiu um problema ainda mais urgente. Nós vamos passar no hospital e depois seguir para o lado norte.

Inácio se espantou.

- É perigoso ir até o norte nesse horário, a estrada é escura, minha irmã... Eu acompanho vocês até lá!

- Não... - Fátima alertou. - Você precisa resolver o problema do hospital, Inácio. Podem precisar de alguma autoridade real junto do Conselheiro de Saúde, para decidir o que será feito no hospital.

Inácio coçou a cabeça. Não havia pensado naquilo. Por sorte, Fátima o lembrou.

- Ela tem razão... Não podemos deixar o hospital nas mãos do Conselheiro.

Madu olhou para Fátima, refletindo um pouco a respeito das palavras ouvidas e teve uma ideia.

- Inácio, tire o carro com Fátima. Já encontro vocês na entrada.

Sem entender muito bem os planos da princesa, Fátima e Inácio seguiram as ordens da garota mais velha e Madu foi atrás de Juan Batista. Não foi difícil encontrá-lo. O recém viúvo estava no escritório da residência real entretido com alguns documentos.

- Meu pai, preciso de sua ajuda e a de Juanito.

- Seu irmão saiu com Marcela. - Disse sem tirar os olhos dos documentos que lia.

- Eu preciso de vocês... Houve um saque no Hospital Nacional e a situação parece ser crítica... E na Zona Norte há uma senhora enferma que precisa de cuidados, ela é muito próxima a Fátima e Benedita. Eu preciso ir até lá com Fátima e Inácio. O Conselheiro de Saúde precisa ser comunicado da situação para avaliar o que foi perdido no hospital e resolver a situação.

Os MonarcasWhere stories live. Discover now