Um(a) benfeitor(a) anônimo(a)

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- Então...Em que posso lhe ajudar? – Perguntou de forma gentil. 


Após o encontro inusitado entre Fátima e Clara, a secretária, sem saber onde pôr as mãos ou os olhos, dispôs a sair do banheiro para dar privacidade a vice-diretora para que ela tomasse banho. Previamente fazendo a ruiva prometer que a atenderia, pedido que foi prontamente aceito. Clara não fazia ideia do que a moça atrapalhada queria, mas a atenderia mesmo assim, nunca fora de negar auxilio a ninguém, principalmente se tratando de assunto importante. 



O nervosismo e pressa de Fatima demonstrava ser algo sério. Após sair do vestiário, Clara logo cruzou com Fátima. Antes que Fátima voltasse a metralhá-la com várias frases ditas de maneira quase incompreensível, Clara fez um sinal para que a garota acompanhasse. As duas seguiram até um restaurante que oferecia comida caseira que ficava localizado em frente ao Liceu. Por se tratar do horário de almoço, Clara pediu dois Pratos Feitos, um para ela e outro para a garota faladeira que a acompanhava. Fátima não queria aceitar a oferta da ruiva, mas quando o garçom lhe trouxe um saboroso suco de abacaxi com hortelã, solicitado por Clara, acabou se rendendo a sede e a fome. 


- Esse suco está delicioso... – E admitiu. – Eu estava tão tensa que até a fome tinha sumido. 
- Em momentos de tensão minha garganta chega a fechar... É... – Clara fitou Fátima. – Desculpe, como é mesmo seu nome?


Fátima sentiu seu rosto corar. 

- Meu Deus, você deve me tomar como uma louca... Eu cheguei no seu serviço daquela forma que eu che... Enfim... – Só de lembrar da situação de Clara desnuda, Fátima sentia sua pele esquentar envergonhada. Por pouco não invadiu o banho da mulher. Clara sorriu um tanto sem jeito, imaginando o que se passava na cabeça de Fátima – Desculpe o mau jeito. Meu nome é Maria de Fátima... Todos me chamam de Fátima... Eu trabalho com a Rainha Maria Eduarda, sou secretária do gabinete de Ursal do Norte.


- Claro... Acredito que vi você algumas vezes no Palácio, mas parecia mais menina que agora. Fátima é um belo nome. Combina com você. – Fátima sorriu com as palavras da mulher de olhos azuis. O garçom as interrompeu brevemente trazendo o prato do dia: arroz, feijão, filé de peixe e purê de batatas. As duas agradeceram ao homem. Apenas após uma garfada, Clara retomou o assunto. – Desculpe por isso, eu estou realmente faminta... Mas no que posso ser útil, Fátima?


- Ah sim... – Fátima deu um gole em seu suco. - Eu não sei se a senhora soube do que aconteceu durante a madrugada na escola infantil do lado Norte...Nem sei se pode ajudar, mas acredito que sim!


Em um hábito de acordar cedo e fazer caminhada, Clara ficou a parte de todo o falatório a respeito do que aconteceu. Na casa da professora, as empregadas comentavam a torto e a direto a respeito do assunto, até chegaram aos ouvidos de Marcela que começou o dia extremamente abismada com o ocorrido e preocupada com a situação de seu namorado. O pai de Marcela também partilhava da mesma preocupação da filha. O comportamento do jovem inconsequente poderia manchar a imagem de sua filha que tinha um relacionamento de longa data com o Príncipe. Para Duque Brás isso era mais preocupante que qualquer edifício vandalizado e crianças sem aula. Quando Clara saiu de casa, Marcela estava trancada em seu quarto estudando, as empregadas cuidavam de seus afazeres e Brás havia saído para a reunião do Conselho. Clara foi se exercitar sem ter ciência do atentado contra a escola. 
Em sua ignorância a respeito do que Fatima falava, Clara tentou rememorar seu dia e constatou que não havia nada que indicasse qualquer acontecimento que devesse levar em consideração como importante. Na noite anterior tudo tinha terminado de forma tranquila, pelo menos, aparentemente o dia tinha começado de forma calma e rotineira, com suas caminhadas matinais e volta apressada para não se atrasar para o trabalho.

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