Estrela vermelha do Norte

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- Con-Conversar? 

- Sim, sobre o que houve ontem a noite...

Robin se apresentava tão nervosa que Madu observou que até seu buço continha um leve suor. 

- Olha, o que aconteceu ontem a noite foi um desatino, foi um erro... É que estava tão quente... – Madu fitava Robin confusa. – Os corpos tão próximos... Mas eu não queria. Pelo menos não sabia que queria, mas quando eu percebi, subiu um calor tão forte...

“Era só o que faltava", Madu repetia mentalmente. Ela preocupada com a situação de Gabi e o doutorzinho querendo impressioná-la contando suas façanhas de galã. Se importava por Robin ter aparecido com marcas pelo pescoço após virar a noite com a primeira doidivanas que encontrou pela rua? Tudo bem, até admitia que aquilo não a deixou exatamente feliz, mas isso pouco importava com algo tão grave acontecendo. 

- Doutor Robin, eu sou uma pessoa discreta... – Robin queria saber onde Madu se considerava discreta. – Mas já que o senhor tocou neste assunto, o senhor está me saindo um belo de um vivaldino... – Agora quem não compreendia nada era Robin. - Lembre-se que agora o senhor é um pai de família, deve se dar ao respeito... – Robin encarava Madu com ar interrogativo. Madu que havia lhe agarrado, ela ainda tentou desviar dos  beijos porque sabia que a Rainha havia bebido e estava sem poder de julgamento. – Tudo bem que o senhor é solteiro e tem o direito de se agarrar com a primeira coitada em desespero que lhe queira, gosto não se discute, só se lamenta, mas daí o senhor acreditar que eu vou ficar ouvindo sobre sua conquista da noite enquanto exibe esses arranhões no pescoço como se fosse um troféu? Tenha dó! Eu não me recordo de ter dado esse tipo de liberdade ao senhor... 

- Ontem a noite quase deu até demais... – Robin murmurou consigo. 

- O que disse?

- Ontem a noite talvez eu tenha bebido demais... 

- Pois eu nunca me excedo. – Madu afirmou quase tirando Robin do sério. “Oras, se nunca se excede, quem era aquela maluca que quase lhe arrancou as calças há pouco?”, Robin pensava em seu silêncio. – Um pouco de vinho é o que me basta... Enfim... Fátima me contou que estava no castelo ontem quando ela ligou. Já devia ser tarde pois eu nem acordada estava... 

- Tem certeza?

- Absoluta. Me recolhi cedo, tomei uma taça de vinho e peguei no sono na sala mesmo. Uma das criadas deve ter me levado para o quarto... 

- E apenas disso que você se lembra desta noite?

A pele de Madu tomou um tom rubro. Na verdade não era apenas disso que se lembrava. A Rainha também se recordava de algo muito vagamente. Pequenos flash de um sonho que teve. Sonho com uma mulher. Ela era bonita, tinha mãos firmes e o gosto de sua boca enlouquecia qualquer criatura. Só de lembrar dos toques e do corpo da desconhecida embaixo do céu, Madu sentia seu corpo inteiro transformar em brasa. Não ia dizer a Robin que teve um sonho erótico.

- Sim... O que mais eu poderia lembrar? 

Robin se dividia ao meio. Uma parte estava aliviada por não dar vazão aos beijos de Madu. Ela estava mesmo sem sua razão, mas a outra parte entristeceu-se. Queria que Madu lembrasse como ela, Robin, lembrava o quanto os corpos das duas se encaixavam bem e se procuravam a todo instante. Madu podia ser detestável, mas uma detestável que tinha um corpo dos diabos. Robin era uma mulher que gostava de mulher e Madu era bela. Era normal que seu corpo despertasse pelo da Rainha. 

- Achei que tinha me ouvido no telefonema de Fátima... 

- Ah sim, voltemos  ao assunto que vim falar com você. O telefonema de Fátima. – Fez uma pausa. – Eu queria agradecer por ter resolvido a questão sozinho. Fátima me disse que você convenceu o delegado a soltar Inácio e Leão. 

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