Mutirão

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A reunião do Conselho estava marcada para tarde. Enquanto Fátima e Clara lidavam com a organização do mutirão, Leão tratava de divulgar a população sobre reconstrução da escola. Gabi ajudava o hippie a espalhar a notícia que a nova escola seria no galpão fechado cedido por um benfeitor anônimo. Muito se especulava quem era o tal bom samaritano, mas ninguém chegou a conclusão alguma. Robin teve que trabalhar, afinal ninguém escolhe a hora de adoecer. Mesmo assim, a médica arrumou um jeito de ajudar a divulgar o sobre a reconstrução da escola. No final do expediente, com o consultório já fechado, Robin recebeu a visita de Gabi e Leão que traziam novidades. 


- Então as garotas do cabaré se prontificaram em ajudar? – Robin questionou feliz. – Já são uns vinte braços para o mutirão... – Olhou para Gabi. – Sei que tem dedo seu nisso aí...

- Dedo, tem é a mão toda de Gabi...- Leão comentou feliz.


Gabi fez um gesto negativo.


- As pessoas só conhecem um lado daquelas garotas, acham que são mercenárias porque ganham a vida do jeito que ganham... Tenho plena certeza que a maioria tem um coração melhor do que esses hipócritas que praticamente se intitulam santos... As beatas não quiseram nem nos receber. O escândalo que Fabrício e Juanito fizeram aquele dia se alastrou por toda Ursal, Leão já não é bem quisto, eu então... Imagina como fomos recebidos.

- A única pessoa envolvida na igreja que se prontificou em ajudar foi dona Rosa, a mãe de Anahí... Mas aí é graças a tia Tonha, ela foi pessoalmente pedir ajuda a dona Rosa... 


Robin sorriu.

- Tia Tonha prometeu a Anahí que cuidaria de dona Rosa e estava fazendo isso. Ela sabe o quanto a ausência de um filho pode ser deprimente para uma mãe, ainda mais que dona Rosa é sozinha, apenas tem aquela irmã que a trata como empregada. – Robin comentou. – Estar envolvida com a escola é uma forma de aproximá-la de Anahí. Tia Tonha não dá ponto sem nó.

- A velhota até me tratou bem... – Leão brincou. – E prometeu cozinhar para o pessoal que for trabalhar no mutirão. Ela sabia a importância que a escola e os alunos tinham para Anahí... Acho que isso pesou bastante.

- Verdade. – Gabi concordou. – Anahí estaria destruída se visse o estado que a escola ficou. – Gabi disse um tanto entristecida, tanto pela escola quanto pela ausência de Anahí. – Bom... A cozinheira para alimentar o pessoal que vai ajudar o mutirão já temos, só falta a comida para essa parte estar liquidada por completo.

- Não seja por isso... Amanhã mesmo levarei um cheque ao portador Fátima e Dona Clara. – Robin disse. – Acho que é o suficiente para comprar a comida e bebida para o pessoal. Todos precisam estar fortes para trabalharem bastante.

- Doutor Robin tirando o escorpião do bolso... – Leão gracejou.

- Oras, quem disse que o cheque é meu? Se temos um benfeitor anônimo, podemos muito bem ter dois...

- Anônimo? – Gabi disse humorada. – Pois eu desconfio de um doutor meio almofadinha, pai de uma garota adorável...- Leão riu. – E que arrasta suas asas para certa monarca...


Robin ia responder qualquer coisa, mas batidas na porta a interromperam. O consultório estava fechado, seria alguém necessitando de socorro? Sem consultar se devia abrir a porta ou não, Gabi foi atender a pessoa e encontrou Inácio.


- Inácio! – Leão foi até a porta e com seu jeito abrutalhado colocou o príncipe para dentro do consultório. Deu um tapa nas costas do rapaz que quase desmontou o franzino príncipe. – Que bons ventos o trazem...

- O que trouxe Inácio aqui para dentro foi a patada que você acabou de dar nele... – Robin bronqueou com o amigo enquanto salvava Inácio de um acesso de tosse causado pelo "tapinha" do grandalhão. – Seu apelido não é Leão a toa, ás vezes parece que você tem a força de um... – Leão cruzou os braços. Ninguém tinha paciência com ele. Inácio finalmente parou de tossir. – Está melhor, Inácio, seu pulmão ainda se encontra inteiro?

- Acho que sim... – Inácio disse um tanto sem graça e com um restante de pigarro. – Leão, Gabi, desculpem o mal jeito... Não quis atrapalhar vocês.

- Não atrapalhou, estávamos falando que Robin arrasta as asas dele para a Ra... AAAAAI! – Leão gritou de dor após ter seu pé esmagado pelo salto agulha de Gabi. – MEU PÉ!

- Eu vi uma barata e fui matá-la. – Mentiu Gabi deixando Inácio confuso e Robin aliviada. Se não fosse sua amiga, Leão e sua boca grande diriam a Inácio coisas demais. Que Robin arrastava asas para a Rainha era perceptível, mas a médica mal havia se recuperado da confusão amorosa que havia se envolvido com Anahí, não queria entrar em outra tão cedo. Isso porque ninguém sonhava que Madu havia lhe agarrado madrugada á fora e depois achou que tudo era imaginação. – Leão, ela fugiu, melhor irmos atrás da barata...

- Mas eu não vi barata, nen...

- Ela foi por ali! Venha! 

Os MonarcasWhere stories live. Discover now