Serenata

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A reunião entre Madu e os Conselheiros foi breve. Dessa vez eles aparentavam bom humor e contentamento. Madu os comparava a jacarés prontos para o ataque, de tantos dentes que mostravam a Rainha de Ursal. Julgou que eles estavam felizes acreditando no grande golpe que dariam nela indicando a mulher do Duque Brás para um cargo importante. A falsa traição de Augusto, arquitetada pela própria Rainha, era o grande trunfo dos homens. Já o trunfo de Madu, além de sua perspicácia e presença de espírito, era que a maioria dos Conselheiros se julgavam sabichões, mas tinham o mesmo número de neurônios que uma porta. Eles mal conseguiam disfarçar que estavam aprontando. 


- Bom... Se a senhora, dona Clara, está disposta a assumir uma responsabilidade tão grande como a representação do Norte, eu estou de pleno acordo. Clara foi um dos meus braços direito na revitalização da escola, parece-me muito coerente em suas decisões, tem experiência para exercer um cargo importante como esse. Acho que, enfim, podemos selar um acordo... Embora eu ache que Fátima também possuísse totais condições de assumir o cargo. 


- Vamos voltar a essa discussão, majestade? – Um dos Conselheiros se manifestou.  - Não, pelo amor de Princesinha Berta, não é meu intuito discutir, apenas fiz uma observação sobre Fátima... Enfim... Está decidido. Caso Clara, se apresente a disposição, será nossa nova representante do Norte. 


As palavras de Madu saíram com pouco entusiasmo, como se tivesse perdido uma partida de braço de ferro para um oponente bem mais forte, no caso, os Conselheiros. Tudo encenação, apesar de realmente acreditar que Fátima tinha condições de assumir o cargo, Madu estava muito feliz com Clara. Enfim mais uma mulher aparecia como liderança em Ursal. Seu gesto de generosidade em ceder o galpão para as aulas, sem querer nada em troca, nem mesmo publicidade foi a certeza que Madu precisava para estabelecer confiança em Clara. E seus anos à frente da administração e da coordenação pedagógica de um colégio grande como Liceu seriam de serventia para o cargo e Fátima seria sua secretária. Ao contrário de Juanito que não ouvia ninguém, Madu tinha certeza que Clara não desprezaria Fátima e Clara, juntas trabalhariam intensamente para o crescimento do lado Norte. Assim que Madu saiu, os Conselheiros levantaram um brinde em comemoração à "vitória" sobre a Rainha. Brás era abraçado pelos outros Conselheiros que se divertiam com a derrota da monarca. 


- Viram a cara que a cabritinha saiu daqui? – Cecílio comentou entre risos. – Murchinha, murchinha... Com o perdão das palavras, viu senhor, Juan Batista. Não queria zombar de sua filha.
- Fique a vontade, Cecílio... – Juan Batista disse. - Foi bom mesmo Madu ter levado essa lição. Quem sabe assim não baixa a crista? Madu anda muito atrevida! Acredita que ela deu ordens para que o delegado cumpra todos os protocolos e não relaxe a prisão de Juanito e Fabrício? Além de prejudicar o próprio irmão me deixou em maus lençóis com o Conselheiro Neves.  

- Por isso que ele não apareceu aqui? – Augusto perguntou. Para que não desconfiassem da artimanha deles, Madu deu ordens a Augusto para permanecer ao lado dos Conselheiros e espioná-los após sua saída.  

- Ele teve uma reunião com o advogado de Juanito e Fabrício. Vamos ter que por um advogado para defender os garotos já que Maria Eduarda é tão impiedosa com o irmão. – Juan Batista explicou. – Falando isso, eu preciso ir também... – Deixou seu cálice de vinho sobre a mesa de reuniões. – Eu preciso falar com Juanito... Mas fiquem à vontade. 


Juan Batista saiu e o assunto foi retomado.  Agora os Conselheiros davam sugestões a Duque Brás.


- Agora você precisa urgentemente conversar com a Dona Clara e explicar as reais condições a ela. Não vá deixando ela pensar que manda em alguma coisa...  

Os MonarcasWhere stories live. Discover now