Gabriela

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Sem receio ou acanhamento, Anahí puxou o corpo de Madu com mais vigor durante o beijo, fazendo com que a Rainha soltasse um gemido sem perceber. O tempo parecia que havia parado ou voltado. A professora estava solta e destemida como antes, do jeito que a memória de Madu mostrava. Satisfeita, Madu correspondeu à altura, caminhando do jeito que podia em direção a parede mais próxima, mal conseguia se conter. Tantos dias de expectativas e distância finalmente eram encerrados. Mais uma vez fechavam-se em um mundo particular, um lugar apenas delas, onde Anahí não tinha medo de ser quem era. Uma mulher que amava outra mulher.



Sem interrupções ou acontecimentos que pudessem quebrar o encanto, a Rainha e a professora continuavam juntas, trocando carinhos, dessa vez sentadas na poltrona que ficava no canto do escritório, Anahí acomodada no colo de Madu. Confortável, o corpo de Anahí se aconchegava a geografia da Rainha. Tanto Anahí quanto Madu podiam sentir o descompasso dos batimentos cardíacos da outra. Os sentimentos passionais mexiam com o ritmo dos corpos.



Ambas mal podiam acreditar que, depois de tantos desencontros, finalmente estavam em um momento de paz e juntas. Madu contornava o rosto da professora com a ponta dos dedos, descendo pelo pescoço e chegando a ponta dos cabelos. Ela precisava tocar em Anahí para acreditar que ela estava ali. Diferente das aventuras loucas que Madu teve longe da ilha, com a professora a suavidade reinava, seja em toques ou na forma de sentir. Um conto de fadas particular.



- Estou tão feliz por estar aqui com você.

- Eu estou mais feliz ainda, por você estar aqui inteiramente comigo. – Anahí soltou uma risada sem graça, sabia que seu jeito arredio demais entristecia Madu, por vezes afastando-a. – Sei que não é fácil para você esquecer o mundo lá fora, mas vamos ignora-lo um pouquinho? 



Compartilhando sorrisos, aproximaram os lábios. A respiração densa era sentida, pesada e quente. Os olhos atentos, admiraram-se, a busca do reconhecimento do que sentiam. O que havia ficado no passado, aos poucos, o presente trazia. Antecedendo o beijo, os olhos se fechavam em regozijo e as mãos se procuraram em necessidade. A ponta dos dedos entrelaçou-se nos fios de cabelo na intenção de aprofundar o beijo sedento e voraz. A intensidade era tão grande que roubava o ar de ambas, obrigando-as a cessar o beijo em busca de oxigênio. A trégua foi curta, logo Madu estava novamente com os lábios grudados na pele de Anahí, testa, bochecha, queixo, por todos os lugares que a boca alcançasse. Anahí sorriu de contentamento. Não reclamaria, se Madu roubasse todo seu ar novamente.



- Eu sentia muita falta, desses nossos momentos. – Disse a Rainha nostálgica.

- Podemos ter mais...

- Podemos?

- Uhum... Nos últimos dias minha mãe tem dormido na casa de minha tia Alzira. Você a conhece.

- Aquela bruxa é sua tia? – Anahí deu uma risada e Madu se deu conta de sua gafe. – Perdão. 

- Tudo bem. Princesa não é mesmo a alcunha perfeita para tia Alzira. – Foi a vez de Madu dar risada. – Enfim, ela anda adoentada e mamãe está lá, fazendo seu papel de irmã prestando cuidados. Hoje ela estará em casa, mas amanhã é certo que dormirei sozinha... – Anahí sentiu seu rosto ruborizar, mas completou. - Se você quiser me fazer uma visita no avançar das horas... – Insinuou a professora com o sorriso mais provocante que pode.

Os MonarcasWhere stories live. Discover now