Inácio

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O médico fitou a Rainha com um sorriso enviesado.

 
- Caro Conselheiro Cecílio, eu tenho certeza que a nossa Majestade ficaria honrada em dançar com o senhor a noite inteira... – Madu congelou para a sorte de Robin. Se ela pudesse se movimentar acertaria a mão na cara do doutor. - Acontece que desde o início da noite eu pedi que esse biscuitzinho dançasse comigo... – Madu sentiu seu estômago revirar. Era só o que faltava, o engomadinho lhe batizando com alcunhas carinhosas. Robin quase riu ao ver a cara de insatisfação de Madu ao ser chamada daquela forma. Segurou na mão de Madu dando a entender que seria seu par e não cederia a Cecílio. - Sabe como é palavra de Rainha, não é? Não se deve voltar atrás nunca...  Então, se nos permite a licença...
 

Cecílio abriu um sorriso amarelo. Sua vontade era ignorar as palavras do médico e insistir para que Maria Eduarda dançasse com ele, no entanto era uma figura pública. Não iria ficar bem um homem de sua posição brigar com um molecote que tinha idade para ser seu filho por conta de uma moça. O melhor que tinha a fazer era se conformar.
 

- Tem toda, meus jovens... Divirtam-se... – O médico e Rainha abriram um sorriso. E Cecílio completou. – Qualquer coisa, Majestade, estou às ordens...
 

Madu esperou o Conselheiro se afastar para então desfazer o sorriso e revirar os olhos em desfeita. Enquanto caminhava junto a Robin para a pista de dança, a Rainha pensou em voz alta.
 

- Esse homem é nojento...
 

- Está preparada para uma maratona? Ele vai ficar rondando e não vai desistir de dançar com você tão cedo... – De forma irônica, completou. – Biscuitzinho...
 

- Esse safado está na época de se preocupar com aposentadoria! – Robin sorriu. Os dois começaram a dançar. Já era o final de uma música, por isso não exageravam nos passos. - E você tira esse sorriso idiota do rosto e pare de me chamar com esse apelido medonho!
 

- Meu biscuitzinho, mas você quer que eu fale o que? – Robin questionou revelando seu lado mais debochado que sempre aparecia quando estava junto de Madu. – Se preferir posso ir embora...
 

- Eu mereço...
 

- Não sei o porquê de tanta insatisfação, meu biscuitzinho. Várias garotas se matariam para dançar comigo. – Madu bufou. – Estou dizendo a verdade...
 

- Eu acredito. Há pessoas que acreditam que a Terra é plana, há outras que acreditam que mulheres são inferiores aos homens, entre outras sandices.... Vivemos em um mundo cercado de idiotas, por que não haveria algumas loucas que gostariam de dançar com você? – Madu questionou devolvendo as ironias de Robin. – Apenas tente manter meus pés inteiros, está certo?
 

Robin sorriu.
 

- Ao menos admitiu que várias garotas realmente gostariam de dançar comigo...
 

Madu fez um gesto negativo. Os primeiros acordes de Close To You, do grupo The Carpenters começou a tocar no recinto dando um ar romântico ao ambiente. Vários casais se formaram na pista e começaram a dançar colados. Mas o clima entre Robin e Madu estava longe de ser uma cena de amor.
 

- Doutor Robin, sabe o que eu acho?
 

Madu estava pronta para falar uma série de desaforos ao médico.
 

- Ache menos. – Sem nenhum sobre aviso, em uma atitude ousada, Robin puxou Madu para junto de si colando o corpo da Rainha junto ao seu. – E dance mais...

 
Why do birds suddenly appear
Everytime you are near?
Just like me, they long to be
Close to you
 

O puxão de Robin e a segurança do toque do médico pegaram Madu desprevenida. Do jeito que Robin era franzino, Madu não esperava que ele fosse ter firmeza suficiente para conduzi-la. Para sua surpresa, o rapaz não apenas tinha segurança para tocá-la como também a conduzia muito bem. Apesar de magro, seu corpo era rígido e Madu, com as mãos espalmadas em sua coluna podia até sentir alguns músculos de suas costas. Robin aproveitou que dançavam colado para sussurrar no ouvido de seu par.

Os MonarcasWhere stories live. Discover now