Os Monarcas

Maria Elis

CAPITULO 1

União dos Reinos Sulistas, Americanos e Latinos – Primavera de 1977
 

Apesar de faltar apenas um mês para a chegada do verão, o clima na Ilha Ursal estava tão escaldante quanto um pedaço de brasa. O simpático aterramento de temperatura tropical, localizado no famoso mar do Caribe, havia sofrido um golpe de estremecer até a mais sólida de todas as estruturas: sua principal liderança, a rainha Maria Elis Moura Albuquerque Sobral Constantino Figueiroa e Sanchez, Chefe de Estado que permaneceu mais tempo no poder durante toda a história da Ilha Ursal havia sido encontrada morta no gramado do Palácio dos Laranjais, a moradia oficial da corte.

 
O corpo de vossa alteza Maria Elis, foi encontrado por um dos guardas que fazia a vigia do palácio. Logo outros trabalhadores do castelo foram informados da morte espalhando um sentimento de tristeza e saudade por cada canto da residência. Todos gostavam de Maria Elis. Carinhosamente a rainha era chamada pela população de La Madre devido ao cuidado e respeito que Maria Elis tinha pelo seu povo. A ilha caribenha choraria por sua matriarca assim como um dia a Argentina chorou por Evita Perón. A partir daquele instante todo cidadão ursaleiro se tornaria um pouco órfão.

 
Ursal era uma das ilhas do arquipélago de Cuba. Até 22 anos atrás, o conglomerado populacional da ilha era dividido em dois reinos: o Norte e o Sul. Desse modo não havia uma capital, mas uma divisão territorial fixa. Para cada lado da ilha existia um polo central em que seus governantes habitavam e governam. O lado sul da ilha havia sido colonizado por portugueses e era onde a família de Maria Elis exercia seu poder. O extremo norte ficava sob a responsabilidade de colonizadores espanhóis comandados pela rainha Alba III. No ano de 1956, dois anos após a trágica morte da rainha Alba III e sua filha de dez anos, Berta Sánchez, em um terrível atentado, a ilha acabou sendo unificada. O viúvo de Alba III, o duque Juan Batista Sanchez pediu a mão da Rainha Maria Elis em casamento. Com o enlace matrimonial, os dois polos se uniram tornando-se uma só nação com duas línguas oficias, o espanhol e o português.
 

A ilha era privilegiada pela vasta atividade turística e pesqueira, rica em vegetação e em tradição religiosa. O estilo sossegado de vida da Ursal tornava o lugar ótimo para passar férias. Sua localização isolada era considerada um privilégio para aqueles que gostavam de calmaria. O povo, muito carente e acolhedor, intensificou a aptidão natural da Ursal em receber pessoas. O antigo Rio Vermelho, que servia como uma fronteira natural para demarcar a separação dos polos norte e sul era visitado por pessoas de todo mundo. Romeiros acreditavam que as águas que cortavam a ilha ao meio eram milagrosas e abençoadas pela Princesinha Berta que morreu , ainda criança, afogada no Rio Vermelho. A primeira pessoa que havia recebido uma graça de Princesinha Berta foi Maria Eduarda, a primogênita da rainha Maria Elis.
 

Maria Eduarda ainda era bebê e sofria de uma terrível doença de pele que nenhum médico conseguia identificar. A família havia tentando de tudo e nenhum tratamento havia dado resultado até que Maria Eduarda foi banhada pelas águas do Rio Vermelho. Sua pele passou a apresentar melhoras. Nos dias que sucederam, Benedita, a ama de Maria Eduarda, buscava água no Rio Vermelho para banhar a bebê que a cada dia apresentava uma pele mais reluzente, para curiosidade de todos. As dúvidas foram respondidas pelos céus. Benedita encontrou um cordão de ouro trazido pela correnteza, levou para o palácio e a peça logo foi identificada por Juan Batista, o pai das duas princesas.
 

- Esse cordão era da minha filha Berta. – Afirmou. – Eu tinha dado a ela na semana daquele terrível atentado, todas as lembranças ainda me doem tanto, guardo na memória apenas os bons momentos. Sobre a tragédia eu nem gosto de falar...

 
- Sinto muito, querido. – Maria Elis disse. – Eu sei que mesmo depois de tanto tempo, essa história mexe muito com você... E comigo também. Prezava muito pela amizade de Alba.