Capítulo 62

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Estou emotiva escrevendo isso, meus bebês cresceram tanto!

JUSTIN

Há oito anos atrás eu nunca iria me imaginar nessa posição. O Justin de quinze anos de idade nem achava possível algo do tipo acontecer.

Infelizmente já passei por coisas ruins na minha vida, que me deixaram marcas tanto físicas quanto psicológicas. Mas superei todas elas com o apoio da minha família, e um tempo depois, com meus amigos.

Quando Nathan entrou na minha vida eu nem imaginava o impacto que isso causaria. Me lembro do meu pai chamá-lo de "menino bonito da casa ao lado", porque não conseguia lembra o nome dele ou apenas para me lembrar que ele era bonito, não sei dizer. Nossa amizade demorou um pouco para florescer, porque eu ainda estava em modo de ataque, não queria me aproximar de ninguém. Os planos que fiz quando me mudei eram basicamente ser invisível para os outros, me formar, e ir viver minha vida. Mas não foi bem assim.

O "menino bonito da casa ao lado" sempre estava sorrindo na minha direção, sempre perguntava se eu queria carona para a escola, me ajudou no meu primeiro dia, me colocou dentro do seu ciclo de amigos, e quando conseguiu meu número sempre mandava mensagens de bom dia, boa tarde e boa noite. Eu não sabia se todos nesse cidade eram tão legais assim ou se eu só tinha tido sorte.

Não importava o quanto eu tentasse afastá-lo, ele simplesmente não me deixava ficar isolado. Resolvi dar uma chance. Mesmo que com um pé atrás.

E posso dizer que essa foi a decisão mais sábia da minha vida, porque sem ela eu não teria vívido tudo o que viví até aqui.

Com o tempo comecei a me soltar de verdade perto do "menino bonito da casa ao lado", aos poucos um foi entrando na vida do outro. Mas ele sabia que tinha alguma coisa que eu não contava, algum segredo escondido à sete chaves. E respeitava isso. Nunca me obrigou a falar, apesar de que eu via em seus olhos a curiosidade e até a chateação toda vez que eu trocava de assunto.

Todas as minhas feridas internas foram se fechando aos pouquinhos, e fui vivendo um dia após o outro tentando esquecer o passado. Tudo isso ao lado dele, que agora já era chamado de "meu melhor amigo".

Eu não percebi quando o sentimento começou a mudar, apenas aconteceu. Pensei que era algo normal entre dois amigos, porque eu nunca havia tido uma amizade assim. O primeiro sinal foi bem constrangedor, meu corpo literalmente me traiu. Fiquei com vergonha de olhá-lo por dias, mas isso passou porque nenhum de nós conseguia ficar longe um do outro por muito tempo. Porém eu me achei uma pessoa horrível por isso, na época não estava livre para esse tipo de coisa.

O tempo passou, consegui esconder bem uma parte da minha vida. Até aquele dia. O meu melhor amigo havia me flagrado com outro menino, e bem, eu entrei em pânico. Contar a história toda, cada pedacinho, foi difícil. Mas ele estava lá, me olhando de modo reconfortante, perguntando se eu queria mesmo falar. Aquele dia notei algo diferente em seu olhar, e não sei dizer se teria acontecido alguma coisa naquele momento se não tivéssemos sido interrompidos.

Apartir dali tudo mudou. Uma parte de mim se entristeceu com as descobertas e o rumo que eu estava tomando, mas a outra sabia que seria melhor assim.

E se antes eu já sentia coisas estranhas perto do meu melhor amigo, agora tudo havia ficado mais intenso. Todas as noites em que dormíamos juntos, na mesma cama, eu me sentia acolhido em seus braços. Sempre que eu estava triste e ele me deixava deitar em seu colo para receber cafuné, eu sentia meu coração dando saltos de alegria. Porém esse sentimento não deveria existir, não por ele. Logo ele, que me ajudou a viver novamente, que me mostrou o significado de amizade. Eu não iria estragar isso por um sentimentozinho bobo. Não mesmo.

Você, perfeito para mim. (romance gay) Where stories live. Discover now