Capítulo 10

1.6K 142 60
                                    

Possivelmente nossos responsáveis seriam informados sobre nossa ausência na sala de aula, então achamos melhor ir para a enfermaria e mentir que eu estava passando mal.

A enfermeira Betty bem que desconfiou da nossa mentira quando neguei a necessidade de ir para casa mas ainda assim nos deu a licença. Era difícil enganar uma senhora de quase cinquenta anos quando a maioria dos alunos finge doença para faltar na educação física. Mas ainda assim consegui fazer o meu melhor papel. Obviamente o rosto vermelho de chorar contribuiu com a atuação.

Saímos da enfermaria e caímos na risada ao dobrar o primeiro corredor e ficar fora do alcance da visão dela.

— Você tem uma mente perversa Valentina! — Minha amiga estava quase se rolando no chão de tanto rir. Não preciso esclarecer que a ideia foi dela.

— Qual é Karol, vai me dizer que nunca matou aula em Phoenix? — Neguei com a cabeça e ela me encarou séria — Ai meu Deus! Você era a nerd da turma!

— Eu não era nerd! — Me defendi — Não tiro notas baixas e não mato aula, o que não quer dizer que goste de estudar ou viva somente para isso.

— Você é uma nerd!

— Valentina, não!

— Você é sim!

— Se as princesas já pararam de discutir será que podem entrar e parar de atrapalhar minha aula?

Olhamos na direção de quem tinha falado e nos deparamos com a professora de artes parada na porta nos olhando com uma cara nada amigável. Caminhamos tão distraídas que nem me dei conta que já havíamos chegado.

Assentimos envergonhadas e entramos na sala após entregar o papel da enfermaria para a professora. Para nossa sorte ela não ficou no nosso pé pelo restante da aula e o horário passou rápido. Saímos para o almoço e não tardamos em encontrar Lina e Agus já sentados comendo, o que não era novidade já que quando se tratava de comida Agustín era o primeiro na fila da cantina.

Me sentei ao lado de Valentina e ficamos todos rindo sem parar das histórias que Agus contava de quando era criança. minutos depois senti sentarem ao meu lado. Pensei ser Ruggero até olhar e ter a terrível imagem de Mason Walsh sentado alí. Não que ele seja feio, pelo contrário. Mason era um dos garotos mais cobiçados do colégio. Mas não para mim. A presença dese me causava nojo.

— E aí Sevilla... Ainda estou esperando sua resposta...

— Sobre? — Me fiz de desentendida.

— Aah Karol.. você sabe... — Mason colocou os braços sobre meus ombros e me puxou mais para perto

— O convite para o baile.

— Isso? Achei que tinha sido clara quando falei que não estava interessada! — Tentei empurra-lo mas ele me manteve o braço firme

— Qual é Sevilla, já disse que não precisa se fazer de difícil comigo.

— Me solta Mason ou eu vou gritar — Tentei empurra-lo mais uma vez, porém a mão livre dele alcançou minha perna e apertou de uma forma que tive absoluta certeza que ficaria marcada.

— Não precisa disso gatinha, a gente pode se dar muito bem junto...

Sentir a respiração nojenta dele perto do meu ouvido quase me fez vomitar. Sem pensar duas vezes peguei meu copo de suco e joguei todo o líquido na cara dele. No susto ele me soltou e eu levantei.

— NUNCA MAIS ENCOSTE EM MIM! — Gritei irritada. Naquele momento pouco me importava que o refeitório inteiro tinha parado para nos olhar — Eu já disse que não quero nada com você e acho bom entender, porquê da próxima vez que se aproximar de mim dessa forma não vai ser somente o suco que vai parar na sua cara!

— E eu acho bom que não tenha uma próxima vez!

Levantei meus olhos de Mason e me deparei com Ruggero atrás dele quase quebrando a bandeja em suas mãos de tanto que apertava.

— Agora entendi tudo... — Mason levantou secando o rosto e se aproximou de Ruggero — Que feio Pasquarelli, não sabe que namorar a prima é errado?

— Acontece Walsh — Ruggero deu mais um passo a frente ficando cara-a-cara com Mason — Que a Karol não é minha prima. E mesmo que fosse, isso não te diria respeito. Aprende a receber um não, e fica longe da minha garota!

Senti meu coração bater fora do peito de tanto que acelerou. Para que mundo paralelo eu viajei que já to escutando Ruggero me chamar de minha garota? Eu nem comi tanto assim para ter sido uma intoxicação... Ou vai ver é isso, estou delirando de fome.

Senti me abraçarem e o perfume de Ruggero se fez presente. Não entendi o restante do que aconteceu mas percebi que Mason não estava mais alí.

— Ele te machucou? Se ele te machucou eu juro por Deus Karol que eu vou atrás dele e...

— Não... — Me afastei o suficiente para olha-lo — Eu to bem, obrigada.

Ruggero depositou um beijo carinhoso na minha testa e voltou a me acomodar em seus braços. Ouvi Valentina gritar com todos mandando cuidar das suas vidas e não pude evitar de rir. Nos sentamos para terminar de almoçar mas pouco consegui comer. Dei apenas algumas mordidas no meu sanduíche e o deixei de lado. Todos achavam que eu estava abalada pelo o que Mason fez, mas a verdade é que eu era uma menininha boba que ainda não acreditava que o garoto de quem ela gosta a chamou de "minha garota".

E sim, eu assumo que gosto dele. Mais do que deveria mas eu gosto. Ainda não sei o que fazer em relação a isso mas não posso mais negar que estou apaixonada por Ruggero Pasquarelli, o caipira grosseiro mais lindo e sensível que eu conheço. Ok, eu não conheço muitos caipiras mas o que eu conheço já deve valer por todos.

— Ei — Ruggero chamou minha atenção — Quer sair mais cedo hoje?

Estreitei meus olhos sem entender a pergunta.

— A gente não pode sair, sua mãe não nos deu autorização — Ele me devolveu um sorriso de quem iria aprontar e puxou dois papeis de liberação da mochila, estranhamente assinados pela tia Antonella.

— Claro que deu Kah, você não lembra?

— Você Falsificou isso?

— Shh... Vem comigo — Sem que eu tivesse opções Ruggero levantou, pegou na minha mão e me arrastou para fora do refeitório. Não tenho duvidas de que a maioria das pessoas alí nos olharam curiosas.

Caminhamos até a sala do diretor e agradeci aos céus quando ele entrou sozinho. Duas mentiras no dia eram demais para mim.

Virei uma estátua quando ele saiu de lá de dentro acompanhado do Sr. Turner.

— Diga para sua mãe que aguardo aquela compota de abóbora que ela me prometeu hein?

Okay... o diretor está sorrindo...

— Pode deixar Sr. Turner, eu aviso.

Ruggero praticamente me carregou para fora da escola de tão nervosa que eu estava. Quando saímos pelo portão principal consegui soltar o ar e olhei para o idiota que se matava de rir da minha cara.

— Não tem graça garoto! — Tentei falar séria, mas a risada dele era contagiante.

— Tem sim! Agora vamos, vou te levar para conhecer a cidade!

A Seu Lado - RuggarolWhere stories live. Discover now