Ok. Retiro o que eu disse.
Montar em um cavalo com toda a certeza deveria ser melhor do que isso.
Já tinha quase trinta minutos que estávamos caminhando e eu não estava aguentando mais. Não era um tempo grande, eu sei. mas definitivamente as botas que eu decidi colocar nos pés não eram próprias para caminhadas longas, o que estva fazendo meu pé criar bolhas que com toda a certeza eu sentiria por dias.
– Você poderia ter escolhido um lugar mais perto, não acha? – Reclamei – Meus pés estão me matando Ruggero. Se você tivesse falado que era longe, eu teria colocado um tênis, não essas botas idiotas.
– Se você tivesse aceitado vir à cavalo, não estaria com dor nos pés, – Ele tinha razão, mas não seria eu a dar o braço a torcer – E suas botas não são idiotas, elas protegem de picadas de cobras e aranhas entrariam facilmente em um tênis.
Franzi o cenho e olhei para as minhas botas de cano alto que vinham até quase o joelho. Certamente não eram nada comparadas ao coturno que Rugge usava, mas eram bonitas e realmente estavam me protegendo.
Caminhamos mais alguns metros e eu resmunguei chorosa reclamando mais uma vez. Ruggero parou e se virou para trás. Ainda estávamos de mãos dadas mas ele caminhava um passo na minha frente para mostrar o caminho.
De repente ele se virou de costas para mim novamente e se inclinou um pouco me deixando sem entender nada.
– Ok senhorita Sevilla, você venceu, sobe – Deu batidinhas em seu ombro.
– Não tá falando sério – Cruzei os braços em frente ao corpo incrédula, mas ele continuou na mesma posição me olhando por cima do ombro. Quando percebi que ele não estava brincando, balancei a cabeça rapidamente negando – Sem chance! Você vai me derrubar.
– Sobe logo Karol, estamos perdendo tempo. Prometo que vou não vou te derrubar, tudo bem?
Não, não estava tudo bem, mas ainda assim dei dois passos incertos em sua direção e subi em suas costas, segurando em seus ombros.– Ta pesadinha hein? Minha mãe está te dando muito bolo...
Abri minha boca em descrença e dei um tapa em sua nuca, lhe arrancando uma gargalhada.
– Eu não to pesada, você que é fraco demais.
– Ei, era brincadeira. Você é tão leve como uma pluma, posso facilmente correr com você aí.
– Aham, sei... – Me abaixei até seu ouvido para sussurrar – Fracote.
– Pode segurar aqui por favor? – Segurei a bolsa que me alcançava, e me apertei mais a ele. Eu sabia o que aquele doido iria fazer e não poderia nem reclamar, afinal foi eu que o provoquei – Segure bem meu amor – Avisou
Ruggero começou a correr no campo aberto. Nossas risadas se misturavam em unissono e faziam com que cambaleassemos algumas vezes. Depois de alguns metros e sem aviso, Ruggero parou e me soltou no chão, com o susto acabei caindo em meio a relva e o puxei junto comigo, mas nem isso foi o suficiente para que parássemos de rir.
Depois de mais alguns minutos, minhas bochechas e mandíbula doíam de tanto rir. Ruggero foi o primeiro a ficar em pé e estendeu a mão me puxando para cima e me ajudando a levantar.
– Ainda falta muito? – Perguntei enquanto limpava algumas folhas que se prenderam em minha roupa.
– Na verdade já chegamos.
Olhei para Ruggero e ele encarava o horizonte à sua frente. Segui seu olhar e arfei com a vista diante de nós. Estava tão distraída que nem percebi que estávamos subindo.A cidade inteira estava bem à nossa frente em uma vista de tirar o fôlego.
– Uau – Foi só o que consegui dizer.
Ruggero veio para trás de mim e me abraçou pela cintura. Encostei minhas costas em seu tronco e ele apoiou a cabeça em meu ombro.
– Lindo não é? – Perguntou.
– Não sei se existem palavras para descrever, mas lindo acho pouco para isso.
Ficamos bons minutos assim, em silêncio apenas admirando a vista, sentindo nossos corpos colados um ao outro.
Ruggero se afastou depois de um tempo e de dentro da bolsa tirou uma toalha e estendeu sobre a grama. Logo depois retirou frutas, garrafas de suco e sanduiches de dentro e me chamou para junto dele.
Me sentei entre suas pernas, de costas para ele de forma que continuássemos abraçados.
– Você é uma pessoa que gosta de comer ao ar livre hein – Brinquei recordando de quando ele me pediu em namoro em Meadows Park, o Rancho dos Duchaine.
Ele deu de ombros e sorriu.
– A segunda é a da sorte.
Ruggero me apertou em seus braços e fechei os olhos aproveitando cada segundo do que estava sentindo.
Comemos em meio a risadas, beijos e carinhos espontâneos. Ficamos muito tempo abraçados olhando o horizonte. Vez ou outra Rugge depositava beijos em meus ombros.Mas como toda alegria dura pouco, não demorou muito para a nossa ser interrompida pelo toque do telefone dele tocando. Com um deslizar na tela Ruggero ignorou a chamada e guardou o celular novamente no bolso. Alguns segundos depois foi o meu que vibrou insistentemente no bolso de trás da minha calça jeans. Mesmo sob o olhar contrariado dele, acabei atendendo quando vi o nome de tia Antonella acendendo na tela.
– Oi tia, o que aconteceu?
– Oi querida, desculpe ter que ligar para você, mas se importa de passar para meu filho por favor? É Importante.
Mesmo achando estranho, passei o telefone para Ruggero que embora relutante, pegou o aparelho de minhas mãos e colocou no ouvido.
– Oi mãe – Atendeu a contragosto. Nos segundos que se sucederam, Ruggero ficou pálido e levantou em um salto – Já estamos indo.
Encerrou a ligação, me entregou o celular rapidamente e se pôs a recolher a toalha e os alimentos dentro da bolsa.
– Temos que ir – Avisou – Leslie escorregou no banheiro e caiu. Minha mãe está no hospital com ela.
Sem precisar dizer mais nada, passei a ajuda-lo a guardar tudo para voltarmos, pondo fim no nosso passeio.
Mais um ponto para Leslie.
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A Seu Lado - Ruggarol
FanfictionApós perder a mãe, Karol se vê obrigada a mudar sua vida e ir morar com a madrinha na pequena cidade de Green Valley no interior do Arizona. O que ela não imaginava é que o destino lhe preparava um reencontro com alguém que ela nem lembrava conhecer...