Capítulo 24

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        — Que susto Ruggero! — Levei a mão ao peito por impulso constatando o meu coração acelerado — Porque chegou assim?

        Sem me responder, Ruggero encarava Emílio com um olhar feroz. Os punhos cerrados ao lado do corpo e a respiração pesada e acelerada me faziam acreditar que ele voaria em cima do garoto a qualquer momento.

        Contrariando tudo, ele deu a volta entrando no pequeno cubículo que me cercava e veio para cima de mim. Dei dois passos para trás batendo no limite da barraca. Ruggero colocou uma mão em cada lado do meu corpo me prendendo entre ele e a bancada lateral. As mãos apertavam com força a madeira improvisada, e seus olhos tempestuosos olhavam profundamente e diretamente dentro dos meus.

        — Sai — Rosnou entre dentes sem desviar os olhos de mim. Mas eu sabia que não era comigo que ele falava.

        Sem saber o que fazer Emílio permaneceu parado onde estava, encarando aquela cena nada comum que protagonizávamos.

        Medo não era algo que ele teria de Ruggero, afinal ele era treinado para enfrentar inimigos muito piores e armados.

        Tentando evitar uma confusão maior, desviei minha atenção para ele e assenti confirmando que estava tudo bem. Os segundos que ele demorou para sair pareciam eternos. Mesmo contrariado ele deu meia volta e foi embora sumindo em meio à multidão, me permitindo finalmente soltar o ar aliviada.

        Quando olhei novamente para Ruggero ele parecia igualmente aliviado, mas ainda tinha algo a mais que eu não conseguia identificar.

        — Tá tudo bem aqui? — Tia Antonella perguntou por trás do filho — Ruggero se você já trouxe as caixas que te pedi, já pode voltar, a Leslie deve estar te esperando.

        Ainda parado na mesma posição. Ruggero fechou os olhos e respirou profundamente e alto ao ouvir o nome da garota que carregava seu filho.
    
       Sem responder a mãe, ele me segurou pela mão e saiu me arrastando entre as pessoas. Tentei protestar e questionar o que ele estava fazendo ou para onde estava me levando, mas foi em vão.

        O Sol já havia sumido quase que por completo, e algumas nuvens começavam a encobrir o céu.

        Fui arrastada até a frente do pequeno palco montado no meio do evento, onde alguns cantores locais se apresentavam. Ruggero largou minha mão e sumiu para detrás da estrutura sem falar nada. Sem saber o que fazer, me virei para voltar ao meu lugar quando a musica animada que tocava parou, dando lugar para um solo de violão.

        Virei novamente e Ruggero estava em cima do palco dedilhando uma musica dando base para o resto da banda o acompanhar.

        Meu coração acelerou tanto que parecia que ia sair pela boca. A chuva começava a se mostrar e aos poucos as pessoas a minha volta foram se recolhendo para se proteger das gotas geladas. Mas eu permaneci alí, com um olhar curioso para entender o que estava acontecendo.

        Sem tirar os olhos de mim, Ruggero começou a cantar:

Hubo una foto en la pared
Houve uma foto na parede

Que arrancaste de tu vida
Que arrancou da tua vida

Recordar lo que un día fue
Lembrar o que um dia foi

Me duele todavía
Me dói ainda

Se que perdonar no es fácil
Sei que perdoar não é fácil

Pero el tiempo sana heridas
Mas o tempo cura feridas

Y para que tú regreses
E para que você volte

Otra vez me beses, yo te esperaría
Outra vez me beije, eu te esperaria

Si tú vuelves, estoy aquí
Se você voltar, estou aqui

Dejo to lo que un día fui
Deixo tudo o que um dia fui

Ya nada es lo mismo
Já nada é o mesmo

Tú apagas el ruido con tu voz
Tu apaga o barulho com tua voz

Si tú no estás
Se tu não está

Baby, cada día te pienso más
Baby, cada dia penso mais em ti

Si no estás
Se não está

Tú recuerdo quedará, el dolor no se irá
Tua lembrança ficará, a dor não vai ir

Si no estás
Se não está

Baby, cada día te pienso más
Baby, cada dia penso mais em ti

Si no estás
Se não está

Si tú no estás, si tú no estás
Se tu não está, Se tu não está

Baby, es que no me di cuenta
Baby, é que não me dei conta

Que perdí la cuenta de cuánto te he herido
Que perdi a conta do quanto te ferí

Tan fácil hacerme el ciego, caí en mi propio juego
Tão fácil me fazer de cego, caí em meu proprio jogo

Dame otra oportunidad, te pido
Me dê outra oportunidade, te peço

Quizá somos una causa perdida
Talvez sejamos uma causa perdida

Y no hay na que dure pa' toda la vida
E não há nada que dure para toda a vida

Pero fue temprano pa' una despedida
Porém foi cedo pra uma despedida

Por eso te pido que vuelvas aunque
sea una noche más
Por isso te peço que volte ainda que seja uma noite mais

Si tú no estás
Se tu não está

[...]

        O ultimo acorde foi solto sem que seus olhos desviassem de mim e sem que os meus desviassem dos dele.
Os aplausos foram audíveis, mas nem eu nem ele ligávamos para o que estava à nossa volta. Nem mesmo a chuva torrencial que caía fez com que eu arredasse o pé de onde eu estava.
Ruggero também pareceu não se importar quando desceu rapidamente as escadas do pequeno palco e veio até mim, segurando meu rosto com as duas mãos e colando sua boca na minha sem pedir nenhuma permissão. Ele sabia que não precisava.

        Mais aplausos foram ouvidos e dessa vez me senti incomodada com a atenção que nos era dirigida. Me afastei do seus lábios e me encolhi em seus braços apoiando a cabeça próximo ao seu coração, que pulsava de forma acelerada.

        — Vem, vamos sair daqui.

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Ah como ansiei por soltar esse capítulo pra vocês 😍

Se vcs leram esse capítulo sem escutar a musica do Rugge, voltem e leiam de novo pq vcs leram errado kkk

É sério gente, esse capítulo nem existia na primeira versão, mas essa musica dele se encaixou tanto  que não descansei enquanto não escrevi.

Agora comentem muuuito, votem, engagem que é pra eu soltar logo o próximo.

😘

A Seu Lado - RuggarolWhere stories live. Discover now