Capítulo 23

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        Quando o sábado chegou, ajudei tia Antonella a carregar a picape com caixas e mais caixas de queijos coloniais. Ruggero também ajudava, apesar de não estar indo conosco porque se comprometeu a ficar com Leslie que enfrentava uma Hiperêmese gravídica devido a gestação.

         A criatura vomitava tudo o que comia ou bebia. Confesso que em certos momentos ficava com pena, mas logo passava quando ela me olhava com aquele ar de superioridade mesmo tendo acabado de vomitar até a alma.

        O rosto antes rosado e brilhante, agora dava lugar às olheiras profundas e à uma palidez assustadora. Parecia apenas a sombra da garota que um dia foi.

        Na feira, a barraca que Mary compartilhava todo o ano com a minha madrinha já estava montada com suas geléias e compotas. Cheguei com um sorriso grande no rosto por ve-la novamente.

        Dias atrás quando ela foi até a fazenda ajustar os ultimos detalhes sobre a feira com minha tia, fomos devidamente apresentadas.

        Me identifiquei instantaneamente com ela. Um pouco mais nova que tia Antonella, porém igualmente bonita.

        Ajudei a desembarcar as caixas e colocar tudo no lugar.

        Valentina chegou logo após o meio dia e apesar de sua insistência, neguei sair da barraca. Estava ajudando com as vendas e isso era algo que me fazia bem. Além de estar aproveitando para conhecer muitas pessoas novas da comunidade.

        Ao cair da tarde uma breve discussão entre April e Morgan, filhas de Mary e Jeff, chamou a atenção. Ambas discutiam por uma besteira qualquer de criança e o pai tentava inutilmente acalma-las.

        — Parem agora com isso — Mary falou em um tom mais firme fazendo com que elas cessassem imediatamente a discussão. Jeff a olhou largando os braços ao lado do corpo, sem entender ao certo como a esposa conseguia dar conta das duas. Como resposta, Mary apenas deu de ombros — Me desculpa por isso Karol, elas estão entediadas e o meu marido coitado, não sabe lidar com elas.

        Mary parecia envergonhada com o comportamento das filhas, então com um sorriso afetuoso, segurei sua mão demonstrando compreensão.

        — Não precisa se desculpar, elas são apenas crianças e é normal se sentirem assim após passarem quase o dia todo sentadas aqui. Por que não as leva para dar uma volta? — Sugeri — Eu fico aqui e tomo conta de tudo.

        Ela pareceu pensar por um momento mas logo negou com a cabeça.

        — Não posso, tenho um compromisso e não posso deixar você sozinha.

        — Uma horinha que seja não vai fazer diferença. Aproveita a feira com sua família. Além do mais, tia Antonella está logo alí — Apontei com a cabeça para minha Madrinha encostada na barraca ao lado em uma conversa muito empolgada com um outro comerciante — Pode ir tranquila que se eu precisar de algo, peço para ela.

        Apesar de contrariada ela sorriu agradecida e aceitou, arrastando a família para um passeio.

        Suspirei vendo eles sorrindo felizes e as meninas exultantes por finalmente saírem para aproveitar.

        Apoiei meu rosto com o cotovelo na bancada improvisada da barraca e passei a observar a todos na volta, alegres e falantes. Olhei para minha tia e a vi sorrindo de uma forma que há muito não via. O homem também a olhava com um brilho diferente nos olhos a cada vez que ela gargalhava, como se guardasse cada sorriso dela.
Ê tia Antonella...

        — Um doce pelos pensamentos de uma menina bonita.

        Arfei assustada e levantei a cabeça para olhar melhor da onde vinha a voz que falava comigo.

        Parado de frente para mim, o rapaz me olhava sorrindo, talvez até mesmo do susto estúpido que tomei.

        — Me desculpe se lhe assustei — Pediu parecendo sincero. — É que vi você sorrindo de forma tão bonita, não imaginei que estivesse tão longe em seus pensamentos. A propósito, me chamo Emílio.

        Ele me estendeu a mão e passei a observar melhor meu interlocutor. Não me lembrava de já te-lo visto antes, e apesar de parecer jovem, era claramente mais velho que eu, ao menos uns 5 anos. Os cabelos escuros e curtos penteados de forma impecável. Ele era alto e mesmo não aparentando ter muitos músculos, os ombros eram largos e definidos demonstrando certo cuidado com o corpo. Seus olhos eram escuros e pequenos, se estreitando ainda mais conforme sorria. Não era bonito como Ruggero, mas claramente tinha seu charme.

        Apertei-lhe a mão por fim, me apresentando.

        — Karol — Disse lhe devolvendo o sorriso — E não precisa se preocupar, eu me assusto fácil mesmo. Ainda mais vagueando em pensamentos como eu estava.

        — E seria possível eu saber o que ocupa os pensamentos de uma moça tão bonita?

Ok. Charmoso mas atrevido demais.

        — Só observando a feira — Falei de forma vaga e firme o suficiente para que ele entendesse que não era algo de seu interesse.

        — Me desculpe se fui invasivo — Se desculpou novamente, dessa vez se aproximando mais do balcão e envergonhado revelou: — Tenho que confessar que há muito tempo não converso com uma garota. Muitos anos viajando e convivendo com uma maioria masculina, acho que perdi o jeito — Soltou um sorriso sem graça.

        Só então foquei no cordão em seu pescoço com a costumeira plaquinha de identificação utilizada pelos militares. Apertei discretamente os olhos para conseguir ler o que estava escrito e quando consegui, finalmente tive minha confirmação.

EMÍLIO "OSÓRIO" MARCOS

        Ah Valentina você me paga! Aquela sonsa achou que mandando o amiguinho aqui se fazendo de desentendido eu não iria descobrir. Bom, ao menos não era o corôa que achei que fosse. Ainda assim ela agiu pelas minhas costas, mesmo eu tendo dito que não estava interessada.

        Quando eu estava prestes a dispensar o homem, um barulho alto de pancada soa ao meu lado e a bancada treme quase derrubando os vidros de geléia meticulosamente empilhados alí.

        Me virei e dei de cara com um Ruggero claramente irritado, bufando e fuzilando Emílio com os olhos. O barulho tinha sido uma caixa carregada de queijos que ele largou com força alí em cima, por sorte não quebrando nada.

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E ele chegooou...

E digam aqui, o que vocês tem a opinar sobre essa pessoa na vida da nossa Karolzinha?

Será que ele vem pra ficar? Pra atrapalhar? Ou será que não?

QUERO COMENTÁRIOOOOS!

Vocês me cobram capítulos e to me me esforçando pra entregar, agora é a vez de vocês engajarem e ajudarem a escritora que vos fala!

(Ps. Vou tirar um tempinho pra responder vcs viu?!)

Aah e não esqueçam de votar!

A Seu Lado - RuggarolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora