Capítulo 07

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Ao descer do onibus, pela primeira vez Ruggero não me esperou. Foi na frente me deixando ir sozinha pelo resto do caminho.

Entrando em casa, Tia Antonella já me olhava como se esperasse algo.

— O que aconteceu agora? — Perguntou.

— Como assim?

— Porque vocês não vieram juntos e porque Ruggero entrou batendo a porta bravo?

— Ele ta bravo? EU deveria estar brava! Primeiro ele.... depois ele... aaah — grunhi irritada e fui direto para o meu quarto deixando ela sem entender nada.

Durante o jantar Ruggero não saiu do quarto mesmo minha tia ameaçando puxar ele pela orelha.

Terminei de comer e assim que ajudei ela com a louça saí pra rua. Fui até a parte de trás do celeiro e me deitei em cima de uma pilha de feno. Algo que me fez rir ao lembrar da citação da foto em cima do feno. Nos ultimos dias alí tinha virado meu refúgio quando queria ficar sozinha para olhar as estrelas ou pensar na minha mãe.

Não tardou muito ouvi passos em minha direção. Olhei para o lado e Ruggero estava parado em pé com as mãos nos bolsos.

— Posso? — Apontou para o lugar ao meu lado.

Dei de ombros e continuei admirando a imensidão estrelada e ele sentou ao meu lado.

Ficamos um par de tempo em silencio até que ele tomou a iniciativa.

— Desculpa por hoje — Falou.

— Pelo quase beijo ou por ter me ignorado o resto do dia?

— Pelo quase beijo... — Falou e em seguida me olhou confuso — Espera... o que? Eu não ignorei você! Eu estava em aula! Você que me ignorou e não sentou comigo no onibus... achei que tinha se chateado por eu ter... você sabe...

— Por que eu me chatearia? Quer dizer... talvez tenha ficado um pouco confusa, mas não chateada.

Me sentei ficando de frente pra ele.

— Ia mesmo fazer aquilo? — Perguntei — Sabe, a gente não é amigo nem nada e... você sempre deixou bem claro que não me queria por perto.

Ele soltou uma risada fraca pelo nariz e umedeceu os lábios com a língua. Se ele soubesse o quanto aquilo me perturbava...

— Sabe o que minha mãe te contou aquele dia sobre eu estar ansioso pela sua chegada? — Assenti — Então... era verdade. Eu meio que me lembro de quando éramos crianças e fiquei feliz em saber que minha amiga estava vindo.

— Tia Antonella disse que você ficou chateado por eu não me lembrar e por isso estava me tratando mal.

— Digamos que esse era um dos motivos... — Ruggero sentou mais perto de mim e tomou minha mão entre a sua — De certa forma eu estava esperando uma garotinha de longos cabelos castanhos, óculos de grau e uma franja cobrindo o rosto descer do onibus, e... quando eu vi você, Nossa! — Um rápido suspiro saiu de seus lábios — Eu não consegui enxergar a garotinha. Eu só via uma linda moça de cabelos loiros e lindos olhos verdes que me fizeram perder o ar... — Sorri envergonhada — Mas... quando minha mãe nos apresentou e você disse que não se lembrava de mim, foi como se algo quebrasse aqui dentro e eu só conseguisse ver uma adolescente mimada e fútil da capital.

— Mas eu não sou assim!

— Eu sei... agora eu sei disso... — A forma como desviou o olhar para baixo demonstrou como estava envergonhado.

— O que te fez mudar de ideia?

— Tudo... tem duas semanas e meia que você esta aqui Karol! É impossível não perceber o quão doce e amável você é, e o quanto eu estava errado!

Me obriguei a sorrir com a observação dele. Eu estava longe de ser amável. Pelo contrário, sou bem geniosa. Mas o fato de ter pessoas que me tratam tão bem à minha volta não me dava motivos para ser assim. A não ser quando ele mesmo me tirava do sério.

— Sabe Karol... — Continuou — Eu sei que talvez eu tenha agido errado, mas ver o Mason tentar sentar ao seu lado ontem e ficar tão próximo de você hoje, me fez sentir uma raiva tão grande que eu tive vontade de esmurrar a cara dele! Eu não pensei, só agi por impulso! Desculpa por ter te tirado de perto dele, eu não tinha esse direito.

— Ta tudo bem! — Apertei sua mão que ainda segurava a minha — Eu não queria mesmo ficar perto dele, não gosto de atletas — Rimos juntos — E... quanto ao que aconteceu depois, também não precisa se desculpar... foi meio precipitado mas... acho que... eu meio que também queria.

Ruggero abriu um largo sorriso e com a mão livre acariciou meu rosto.

— Eu não sei o que sinto por você Karol... mas sei que é algo bom e que cada dia esta crescendo mais!

— Engraçado porque eu também não sei o que sinto, mas gosto de ter você por perto.

— Então vamos fazer o seguinte. Melhor irmos devagar com nossos sentimentos. Começaremos pela amizade.

— Fechado! — Concordei sorrindo.

Voltei a me deitar e Ruggero deitou ao meu lado. Ficamos horas alí de mãos dadas apenas olhando as estrelas. Esquecendo do mundo à nossa volta e de qualquer problema existente. Erámos apenas Ruggero e Karol aproveitando a companhia um do outro.

A Seu Lado - RuggarolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora