Capítulo 25

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        Está certo que ser arrastada por aí já estava me cansando. Mas agradeci quando Ruggero fez aquilo pela segunda vez naquele dia me tirando da frente daquela plateia indesejada.

        Pela minha visão periférica, pude ver rapidamente quando passamos por Valentina, Michael e o tal Emílio. Minha amiga com cara de quem não havia gostado nada da cena. Mas sou eu quem decido o que fazer da minha vida, não ela.

        Ruggero pemanecia firme na missão de nos afastar das pessoas, indo em direção ao estacionamento improvisado próximo o portão de entrada. Nossos dedos entrelaçados enquanto caminhávamos rapidamente pelo caminho pouco iluminado, me lembravam o quanto eu senti falta daquilo, de ter minha mão envolvida na sua de forma protetora.

        Entramos rapidamente na picape, encharcados pela chuva, tirei minha jaqueta jeans e tentei torcer a barra da minha blusa ao máximo, mas era impossível conseguir ficar seca no estado em que estávamos.

        Se esticando para a parte de trás do banco, Ruggero puxou a mochila que sempre carregava para todo lado, tirou uma camisa de flanela de dentro e me entregou.

        — Toma, você precisa trocar ou vai ficar doente.

        — E você? — Questionei.

        — Tenho outra — Levantou a mão mostrando mais uma camisa tirada de dentro da mochila.

        Sem demora, Ruggero tirou a camiseta molhada que usava jogando para trás do banco onde antes estava a mochila.

        Observei cada movimento dele como se fizesse em câmera lenta. Era a primeira vez que o via desse jeito, e acabei me demorando um pouco mais o admirando. Senti o rosto queimar quando percebi que havia sido pega.

        Limpei a garganta com uma tosse forçada e tentei disfarçar olhando para a janela, mas o sorrisinho puxado no canto da boca dele me dava a certeza que ele tinha percebido.

        — Não vai trocar?

        Olhei pra ele e depois para a roupa em minhas mãos.

        — Eu não vou me trocar na sua frente — Falei por fim.

        — Você não parecia incomodada quando foi a minha vez — Senti meu rosto corar mais uma vez.

        Abri e fechei a boca algumas vezes sem acreditar no que ele havia dito.

        — Você não tem peitos! — Expliquei o óbvio — É melhor você sair enquanto eu me troco.

        Ruggero olhou para o vidro embaçado pela chuva que ainda caía fortemente do lado de fora e olhou novamente pra mim.

        — Eu não vou me molhar de novo, sem chance. Eu viro de costas e você troca, prometo não olhar.

        Analisei minhas opções por um instante. Apesar da caminhonete não ter vidros escuros, o choque térmico da chuva gelada com o calor de dentro do carro causava uma camada de vapor que fez todos os vidros embaçarem. Mal conseguíamos ver o lado externo, então não veriam o lado de dentro também. Era isso ou ficar molhada com risco de pegar uma pneumonia.

        A grande questão era: Eu podia confiar que Ruggero não iria me espiar?

        Sem ter muito mais o que pensar, concordei com um aceno de cabeça fazendo-o se virar de costas para mim no mesmo instante.

        Ainda receosa, retirei rapidamente a peça molhada juntamente do sutiã e vesti a camisa abotoando o mais rápido que consegui tentando não errar as casas.

A Seu Lado - RuggarolWhere stories live. Discover now