Capítulo 27

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        Acordei com uma batida alta e insistente na minha porta. Levantei assustada e quando olhei em sua direção, um pedaço de papel foi enfiado por debaixo dela.
Joguei os lençois para o lado e me levantei ainda cambaleante pelo sono. Peguei o papel no chão e não pude deixar de sorrir. Era um bilhete de Ruggero.

"Se arrume e me encontre no estábulo. Estou te esperando ansiosamente, não demore"

        Nem que eu quisesse conseguiria demorar. Apertei o bilhete com força contra meu peito como se fosse possível guarda-lo alí dentro e senti meu coração bater forte contra minha caixa torácica.

        Agarrei a primeira calça jeans que encontrei no meu guarda-roupa, uma camiseta confortável e uma jaqueta e corri para fora do quarto em direção ao banheiro para tomar um banho rápido.

        Quando saí me assustei com Leslie parada no corredor em frente à porta do banheiro.

        – As pessoas precisam usar o banheiro Karol, ele não é só seu – Soltou irritada dando a volta e batendo a porta atrás de mim.

        – Eu hein, garota surtada. – Falei para mim mesma. Eu não tinha demorado nem dez minutos no banheiro.

        Estranhamente a porta do meu quarto estava entreaberta, e eu tinha certeza que havia fechado quando saí.
Olhei em volta mas tudo parecia estar no lugar, inclusive o bilhete de Ruggero permanecia na minha mesa de cabeceira onde deixei. Guardei-o dentro da gaveta e fui terminar de me arrumar.

        Por via de dúvidas, tranquei a porta do quarto quando saí novamente.

        Caminhei apressada pela casa em direção à cozinha, uma tentativa falha de sair pelos fundos sem ser vista já que tia Antonella estava sentada tomando café. Como eu pude me esquecer desse detalhe? Não é como se ela tivesse falado algo, na verdade ela fingiu que não tinha visto nada e ainda deu um sorrisinho.

        Com toda a certeza tinha dedo dela no que quer que fosse que Ruggero estivesse aprontando.
Saí pela porta dos fundos e caminhei até o estábulo. A voz de Ruggero escapava de dentro do lugar. Sorri involuntariamente quando entrei pela ampla porta de madeira e percebi que ele falava com ninguém menos que Valentine, seu cavalo de pelagem marrom brilhante cujo focinho era acariciado pelo dono.
Sem perceber minha presença, Rugge continuava sua conversa distraída com o equino.

        – Você tem que se comportar hoje garoto, Não pode ter ciúme de Duquesa e ficar se mostrando. Está entendendo?

        Como se realmente soubesse o que estava sendo falado, Valentine relinchou em resposta. Dei uma risada dessa vez audível e Rugge me viu pela primeira vez e sorriu, o rosto vermelho aparentando constrangimento.

        – Até que enfim Bela Adormecida – Falou claramente tentando desviar o foco. – Achei que não fosse vir mais.

        Coloquei as duas mãos na cintura e o olhei incrédula.

        – Qual é, eu nem demorei tanto assim – Ruggero riu mais alto ainda jogando a cabeça para trás – Você está me zoando né? Eu deveria saber.

        Apertei os lábios tentando segurar o sorriso e fazer cara de brava, mas quando ele se aproximou, me tomou em seus braços e me rodou, não consegui segurar o grito e a risada que o seguiu.

        Quando me soltou no chão novamente, Ruggero tinha o sorriso mais lindo que eu já tinha visto estampado em seu rosto. Seus olhos brilhantes me encaravam e por alguma razão eu conseguia ver refletido neles todo amor que eu também sentia no meu coração.
Sua boca cobriu a minha e entreabri meus lábios para recebe-lo, aprofundando nosso beijo.

        Ruggero segurava firme em minha cintura e eu poderia facilmente me desfazer em seus braços. meu coração batia descompassado em meu peito, enquanto minhas pernas davam passos vacilantes para trás.

        Senti quando minhas costas bateram em algo firme e percebi que estava encostada contra a parede de madeira do estábulo. As mãos de Ruggero passeavam pelo meu corpo e ainda que fosse de forma respeitosa, sentia-o queimar a cada toque.

        Valentine relinchou nitidamente atrás de Ruggero e nos obrigamos a nos separar e rir com os rostos ainda próximos. espiei por cima do ombro do meu namorado e o cavalo estava agitado e eu poderia jurar que estava nos encarando.

        – Tem razão – Falei – Ele é mesmo muito ciumento.

        ­– Sim, ele é. Por isso quem vai montar nele sou eu e você vai com Duquesa – Apontou para a égua malhada de branco e marrom na báia mais afastada – Ela já conhece você e é mansa o suficiente para te deixar monta-la...

        – Espera – Ruggero parou de falar e voltou seu olhar para mim – Nós vamos montar?

        – Sim – Falou de forma simples, como se aquilo fosse algo que fizessemos diariamente – Está com medo?

        – Achei que minha cara de apavorada já tivesse deixado claro isso.

        – Mas você sabe montar, nós andávamos à cavalo quando éramos crianças.

        – Aí você chegou no ponto meu bem, eu nunca mais montei depois disso, nem lembro mais como fazer isso.

        Com um suspiro rendido, Ruggero se deu por vencido.

        – Tudo bem, podemos ir caminhando. Mas não reclame de ficar cansada.

        Dei de ombros. Qualquer coisa deveria ser melhor do que montar no lombo de um animal daquele tamanho.

        Ruggero se afastou um pouco e pegou de cima de um banco uma bolsa térmica que até então não havia percebido e a levantou mostrando.

        – Espero que não tenha tomado café antes de vir – meneei a cabeça negando e o sorriso em seu rosto se alçargou ainda mais – Ótimo! Vamos lá então moça bonita, pronta?

        – Eu não sei, você ainda não me falou para onde vamos.

        – Se eu falar deixa de ser surpresa não é? – Olhei-o desconfiada. Ruggero estendeu a mão em minha direção e hesitei por um momento antes de pega-la e entrelaçar nossos dedos – Confia em mim Karol, tenho certeza de que você vai gostar.

        – Confio em você, só não gosto de não saber as coisas.

        – Essa cabecinha – Apontou cutucando minha testa de leve – Precisa parar de se preocupar um pouco e curtir o momento.

        Fechei os olhos tentando jogar para lá qualquer preocupação que estivesse dentro de mim e respirei profundamente soltando o ar devagar.

        – Tem razão. Pode me dizer pelo menos se é muito longe? – Tentei um ultimo apelo. Rugge me olhou com os olhos semicerrados e balançou a cabeça de um lado a outro negando – Ok – Suspirei mais uma vez rendida – Vamos lá então "Senhor misterioso".

        Com um sorrisinho estampado naquela cara bonita Ruggero começou a caminhar me puxando para ir ao seu lado. Não fazia ideia de para onde ele estava me levando, mas sabia que ao lado dele eu estaria segura e feliz.

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Início da maratona final...

Volto em algumas horas com outro capítulo, preparem sus corazones nenas  pq vai ser com emoção 💕

A Seu Lado - RuggarolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora