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Mafalda

Pizzi estava à minha frente.

Reconheci rapidamente o seu rosto. Cansado, o homem parecia bastante preocupado.

- Como te estás a sentir?

- Estou um pouco tonta. - Admiti. - Bati com a cabeça na parede. - Expliquei, ainda a tocar nos meus cabelos. - Está inchado.

O Luís Miguel recorreu á mala de primeiros socorros dos jogos. Retirou uns sacos com gelo e entregou-me um deles. Sentou-se no banco. A minha perna começou a tremer e tudo voltou á minha mente.

Conseguia ouvir os gritos e os barulhos fora do balneário. Os nervos apoderaram-se de mim e foi por isso que Pizzi se sentou.

Tentava acalmar-me.

- O que raio aconteceu lá fora? O Rúben disse que ia ter contigo.

- A mãe dele apareceu. Suponho que saibas. O outro também. Disse umas coisas sobre mim e querer fama. E o Rúben não se conteve. - Disse muito rápido e confuso.

Mal conseguia respirar.

- E depois o Roberto foi empurrado e bateu contra mim. - Respirei fundo, ao olhar para a entrada do balneário.

Só queria ver o Rúben. Saber como ele está. Se não está magoado ou em problemas.

- Só te vi ser atirada contra a parede. Por isso fui buscar-te. Foi uma pancada forte. - Assenti, encarando-o novamente. - Ele está bem. Não te preocupes Mafalda.

Pouco depois, os rapazes entraram no balneário com Bruno Lage. Respirei fundo, os meus olhos procuravam Rúben.

Já os olhos dos rapazes e do Lage, encontraram alguém desconhecido no balneário.

O Pizzi explicou, aos que não me conheciam, que estava com o Rúben. Não me expressei. Fui cumprimentava por quem ainda não conhecia, inclusive, pelo treinador.

Iria ficar lisonjeada, mas a situação não permitia isso. Apenas sorri fraco para eles, pois só Rúben me importava no momento.

Assim que ele entrou no balneário, senti tudo a revirar dentro de mim.

- Baby, estás bem?

O rapaz ajoelhou-se à minha frente, pousando as mãos nas minhas pernas. Percebi que estava a tremer, quando o olhei nos olhos. Ele levou a mão ao meu rosto.

Não consegui dizer nada, estava apenas focada no sobreolho rasgado do moreno.

- Mafalda...

- Estou bem. Só me quero ir embora.

- O Félix disse que te aleijaste.

- Não foi nada, estou bem. - Garanti-lhe, mesmo que não fosse verdade. - E tu? - Levei a mão á sobrancelha negra dele.

- Estou bem. Vamos sair daqui, ok? - Assenti. O moreno deu-me a mão.

Levantamos-nos ambos, agradeci ao Pizzi pela ajuda. O Bruno deixou que o moreno fosse para casa, mas que iriam falar na manhã seguinte. A situação foi bastante má e apesar de ter corrido tudo bem, precisavam de falar.

O Rúben compreendeu e agradeceu ao treinador, desculpando-se a este e aos colegas, que lhe acenaram. Saímos do balneário. Já não se via minguem no corredor.

- Tenho de ir buscar a Bruna.

- O Ferro está com ela, não te preocupes. - Ele murmurou, levando-me para o carro. - O Pizzi disse que te magoaste.

Encolhi os ombros, sem querer falar disso. Sem querer falar com ele mesmo.

Estava desapontada.

Não perdeu tempo para se atirar ao padrasto, o que resultou numa confusa enorme, no estádio da luz, após um jogo. Foi desnecessário, apesar das palavras do homem. Senti-me ofendida, no entanto, ignorei.

Pelo menos no momento, pois não queria que o Rúben ficasse ainda mais irritado, ao perceber que me tinha afetado.

- Estás chateada?

- Porra Rúben, pára com as perguntas. Quero ir para casa, podes fazer isso?

Os meus modos brutos de falar, fizeram com que realmente ficasse em silêncio e conduzisse até ao meu prédio. Um pouco rápido, suspiros constantes e pesados.

Estava triste por ter sido bruta, mas precisava de ir para casa e de ficar sozinha. Só não queria falar naquele momento.

Após parar o carro, reparei no motor ligado. Os nossos olhares cruzaram-se.

- Desculpa Mafalda.

Afirmei, saindo do carro.

Estava de coração partido. Como é que podia sentir tanta vontade de estar distante da pessoa que tanto gosto e quero comigo?

Assim que entrei no apartamento, não contive mais o choro e deixei tudo sair.

Ouvi a voz da Bruna e da Daniela do outro lado da porta. Assim que abri, ambas me abraçaram com força. Estava tão triste, tão chocada com o que aconteceu no estádio. Como podia ser uma pessoa tão insensível com a sua mãe? Fazia-me tanta confusão.

Pois todos os dias, desejo ter a minha de volta e ouvir os seus conselhos. Ouvir a gargalhada tão cheia de vida e contagiante dela. Não conseguia compreender toda a indiferença dele.

E tudo por causa de um homem. Não era certo, não estava certo. E não me agradava.

RISE UP  ➛  RUBEN DIAS  Where stories live. Discover now