Mafalda
Após uma semana atarefada com frequências e alguns trabalhos, finalmente Sexta-Feira. Era a primeira noite da semana, que pretendia tirar a folga dos livros e resumos.
De manhã, após acordar e de conversar com Rúben, percebi que não o tinha visto a semana inteira. Desde o jantar.
Pela primeira vez, senti a falta de alguém. Algo, um conforto, um carinho.
Uma presença masculina.
Era novo para mim. Dadas as saudades que sentia e o facto de não o ver, decidi convidá-lo para jantar esta noite. Convidei também Joana e Daniela, para que o conhecessem de um jeito mais formal. Queria apresentá-lo, um convívio e uma opinião das minhas amigas.
Tinha a certeza que iam adora-lo. Acabei por convidar Rodrigo, para que não ficasse Rúben entre três raparigas loucas.
O rapaz não se importou, embora salientado que me queria só para ele, depois de jantar. Até lhe disse para chegar meia hora antes, da hora que havia combinado com elas, pois também o queria só para mim.
O que me deixava desconfortável de uma forma positiva e nova. Uma sensação tão diferente, só sentida na presença de Ruben. Ou em qualquer assunto que o possa envolver.
Faltavam poucos minutos para a chegada do moreno. Apressei-me a trocar de roupa e a dar um jeito no meu cabelo.
O bacalhau com natas estava no forno, a mesa arranjada e tudo preparado.
Rúben não tardou a chegar.
Um arrepio quente trepou o meu corpo, assim que abri a porta e fui iluminada pelo sorriso e o rosto mais bonito. Sorri de volta. Amarrada nos seus braços, inalei o perfume.
Como sentia a sua falta. Olhei para cima, para que me beijasse. Não sabia bem o porquê, mas só pensava no beijo dele.
O jogador correspondeu ao meu pensamento e embrulhou-nos num beijo.
- Tiveste saudades minhas?
- Nota-se muito? - O moreno sorriu, com um rosado ligeiro no seu rosto. - Foi uma semana mesmo atribulada na faculdade. Desculpa por não ter estado contigo.
Nem queria imaginar como estava o meu rosto, visto que o moreno admirava-me, enquanto lhe contava sobre a minha semana.
Ele estava tão envolvido em mim, os seus olhos brilhantes, refletiam-me.
- Não olhes assim para mim!
- Senti a tua falta, Mafalda. Muito mesmo. - Ele murmurou calmo, mas sério. - Gosto de ti. - As minhas reações fugiram.
Fiquei estupefacta.
- Gosto mesmo de ti. E já te o disse uma vez. És o meu pensamento todo o dia.
Mantive-me em silêncio.
- Não parei de pensar em ti. Quis vir ter contigo todas as noites, mas não queria incomodar. E o facto de saber que andavas cansada e nervosa, não te quis chatear.
- Desculpa. Isto é complicado. A minha vida só se resumiu em estudos e nas minhas amigas. E tu vieste mudar isso.
Lambi os meus lábios, após voltar à vida.
- E por muito que queria estar contigo, não sei como gerir o meu tempo.
- Deixa-me ajudar-te.
- E vai ser como? Sempre a falar de faculdades e livros? Dos exames que faço? Tens tanta vida Rúben e eu tenho apenas... Isto.
- Tens-me a mim agora. És mais que faculdade Mafalda e eu quero mostrar-te isso. Não vai ser uma uma ida ao cinema ou uma escapadinha à praia com Mc Donald's que vão comprometer a tua média e os teus estudos. - Explicou. - Faz-te bem também.
Encarava-o, abraçando todas as palavras de uma forma carinhosa. Ele queria mesmo estar comigo. Independentemente de ser uma miúda desinteressante e sem vida.
- Estares horas consecutivas a estudar não te vai ajudar, sabes? Ás tantas já não tens como te concentrar. E sair, alivia.
Concordei com ele.
- Estar comigo. Sair comigo. Uns beijinhos. - O moreno sorriu, tal como eu.
- Então... - Aproximei-me dele. - Puxa por mim Rúben, alivia-me. - O moreno olhou-me de um jeito atrevido. - És tão parvo! Se bem que soou bastante mal.
Ambos gargalhamos, até que ele me puxou para o seu colo e abraçou a minha cintura. Um beijo demorado no meu rosto.
- Eu puxo por ti. Porque te quero. Porque gosto de ti e da miúda calma que és.
Escondi a cabeça no pescoço dele.
- Eu também gosto de ti. E senti a tua falta, algo que nunca me aconteceu. - Corajosa, olhei para ele. - Senti a falta disto, de ti. - O jogador, apenas juntou os nossos lábios.
Levou-nos num beijo longo e intenso. Virou-se totalmente para mim, de modo a deitar-nos no sofá da minha sala.
Era um beijo urgente. Seguido por mais um. E não estávamos saciados.
Até que a campainha tocou.
- Foda-se.
