Mafalda
Após o final do jogo, reparei que os jogadores estavam um pouco desanimados. Agradeceram o apoio dos adeptos e seguiram para dentro. As equipas acabaram por empatar.
Estava na área vip com a Bruna, o que me fez recear. Podia encontrar-me com a mãe dele nos corredores, algo que dispensava.
O meu telemóvel vibrou nas minhas mãos, era uma mensagem do Rúben.
Rúben 🖤
Por favor, vem ter comigo
Nos corredores junto ao balneário. O segurança sabe.
Por favor- Bruna! Volto já, ok? Não saias daqui.
Posto isto, apressei-me a infiltrar-me nas várias pessoas que ali estavam e ainda bebiam umas imperiais antes de abandonar o estádio, procurando o acesso ao balneário.
Olhava para as diferentes tabuletas, indicavam os diferentes locais. Ao encontrar o segurança, perguntei pelos balneários.
- Porque razão...
- Por favor? - Fiz-lhe olhinhos. - Eu conheço o Rúben, será que podia falar com ele?
- Imaginas quantas já tentaram?
Revirei-lhe os olhos.
Se já estava um pouco inquieta com toda a situação, o segurança não estava a facilitar. Ele tentou persuadir-me a ir embora, mas recusei-me e nesse momento, vi o Rúben.
Fiz-lhe sinal e o segurança acabou por em deixar passar. O moreno ainda estava longe. Os seus olhos mostravam tristeza.
Assim que cheguei perto dele, fui puxada pelos seus braços e ouvi-o suspirar.
- Merda. Merda de jogo.
Apertei-o nos meus braços, deixando pequenos beijos no seu pescoço e ombro. O nervosismo, a irritação eram evidentes naquele abraço. Quase como se tivesse a tremer.
Afastamos-nos um pouco, para conseguirmos olhar um para o outro e falar.
- Então, o que se passou?
- Aquilo se passou. - Olhei para trás, sentindo-o cada vez mais rígido. - Foda-se, ele vai fazer-me fazer uma cena.
- Não vai Rúben, não lhe dês impotência. - Eles estavam cada vez mais próximos.
A sua mãe saudou-o com um abraço e com um beijo no rosto. Começou a falar do jogos, já que tinham empatado. E no processo, houveram as típicas injustiças do futebol.
Por sua vez, o idiota do namorado dela, fez uns quantos comentários mais sarcásticos. Punhos fechados, o Rúben tentava conter-se.
Entrelacei os meus dedos com os dele.
O moreno estranhou o meu gesto, pois estava perante a mãe dele, embora não me importasse minimamente. O casal reparou, pois o olhar de ambos estava nas nossas mãos. Tentei manter a postura e ser confiante.
- Algo para me contar, filho?
- Nada que te importe. - Posto isto, segurou a minha mão com firmeza.
- Estas a brincar comigo? Não saias de casa, não me contas nada. Nem uma chamada. Porra Rúben, ainda sou tua mãe.
- O teu filho virou mimado e rico, deslumbrado pelo dinheiro e esqueceu-se do resto.
- Cala a boca! Não sabes nada.
Rúben deu um passo em frente, sendo atiçado por Roberto. Mantive a minha mão firme, pois não queria assistir a pancadaria. Porém, nada podia impedir.
Ele estava tão irritado. As veias salientes. Cada vez mais. O que me preocupava bastante. Pelos olhares, a sua mãe também.
- Há muitas pessoas se vão aproveitar de ti pela fama miúdo, não sejas ingénuo.
Arqueei a sobrancelha.
- O que queres dizer com isso?
A sua mão abandonou a minha, ao perceber que se dirigia a mim. Foi na direção do homem e encostou-o contra a parede.
- Rúben!
- A única pessoa que se aproveitou de alguém, foste tu. E continuas!
Gritou-lhe, captando várias atenções.
O homem disse-lhe qualquer coisa, o bastante para ser esmurrado. Os seguranças intervieram no momento seguinte. Tentei alcançar o Rúben no meio da confusão, vendo-o ser esmurrado e empurrado pelo homem.
Pela primeira vez na vida, senti-me enraivecida também. Primeiro insinuou que me estava só a aproveitar dele... E depois agrediu-o.
Estava nervosa, pois Rúben soltou-se bruto de mim e atirou-se novamente a ele.
Lágrimas subiram aos meus olhos.
A esta altura, já os rapazes estavam fora do balneário sem reação. Inclusive o treinador, os olhares confusos e chocados. Sei que fui contra a parede, quando Roberto veio contra mim. Os gritos ficaram presos na garganta.
Tentei apenas sair do calor da confusão, sendo encaminhada ao balneário por alguém. Estava meio confusa com tudo.
A minha cabeça latejava, talvez por causa da pancada. Levei a mão onde me doía, sentindo o alto já a formar-se. Sentei-me no banco, estava a ficar sonolenta e tonta.
Respirei fundo, levantando a cabeça. Encontrei uns olhos curiosos à minha frente.
- Estás bem?