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–  Nina

  

    Oh, eu amava-o. Eu amava-o tanto, – tanto que cada pensamento meu sempre o envolvia, tanto que quando nos separávamos durante alguns dias o meu coração quase saltava do meu peito quando via aqueles olhos azuis reluzentes de novo. Tanto, que estava constantemente nervosa ao seu lado, mesmo que já estivéssemos juntos há meses. Ajeitava a minha camisola, o meu cabelo, dava um jeito na minha maquilhagem, apenas para parecer bonita para ele. Sorria mais. Largos sorrisos genuínos eram esboçados no meu rosto e ele era a causa por detrás deles. Sonhava acordada. Pensava no quão era bom passar as pontas dos meus dedos pelo seu cabelo, agarrar na sua mão. O meu corpo pedia pelos seus longos braços em volta da minha cintura, e, quando nos separávamos depois de um abraço, apenas com o pequeno toque das suas mãos nas minhas ancas, apenas com o cheiro da sua tão adorada colónia, eu sentia felicidade a percorrer pelo meu corpo. Eu amava-o. Mesmo quando tínhamos pequenas discussões, eu continuava a amá-lo. Amava-o com todo o meu coração.

    Luke conseguiu tocar-me na alma de uma forma completamente irreal, profunda, e agora sou desesperadamente sua.

    Percorria a relva descalça, com os pés nus, sentindo a suavidade e a humidade da mesma na minha pele. Um gesto tão simples que me trazia segurança e bem-estar, como se estivesse a tocar em pequenas nuvens de algodão.  Quando cheguei perto da casa de madeira familiar, coloquei os pés e as mãos nas escadinhas curtas, subindo pelas mesmas. Assim que alcancei a porta feita de ramos, dei-lhe um pequeno empurrão e entrei dentro do refúgio, vendo Luke deitado no colchão onde tínhamos passado tanto tempo, – a ouvir a respiração lenta de ambos, ou até mesmo a escutar álbuns de bandas. Quase que espontaneamente, um sorriso delineou-se nos meus lábios rosados. Corri até ao rapaz perante mim e saltei para cima do seu corpo, pregando-lhe um susto.

    "Sei que me amas imenso mas pensei que fosses um assaltante" – foi a primeira coisa que me disse. Revirei os olhos e inclinei a cabeça para o poder fitar.

    "Fico tão feliz que estejas aqui" – passei o meu polegar pela sua bochecha – "E o que iria o assaltante roubar se cá viesse?" – levantei uma sobrancelha.

    "O meu baú de tesouros e memórias" – mostrou-me a sua língua.

    "Às vezes pergunto-me o que estará dentro dele" – encostei as nossas testas, colocando-me entre as suas pernas.

    "Talvez qualquer dia te mostre" – senti as pontas dos seus dedos nos meus cabelos.

    "Qual será a aventura que iremos fazer hoje?" – inquiri, mordiscando o meu lábio inferior.

    "Verás mais tarde, mas, por agora, por favor, beija-me" – pediu, e, porquê desobedecer...?


*


    Parecia irreal. A quantidade de felicidade que sentia quando estava com Luke. Qualquer um gostaria de experienciar esta sensação. É rara, e, quando aparece, sabemos que não desaparecerá durante um bom tempo.

    Pequenas gotículas de água cobriam os nossos corpos nus e sorrisos largos e verdadeiros afloravam-se nos nossos lábios já inchados, devido aos beijos que tínhamos partilhado. Era de noite, e a lua fazia contraste com a água transparente, mas escura. Podíamos dizer que estávamos sobre as estrelas, pois o reflexo das mesmas embatia contra nós. Isto sim, era pura diversão. Colocar as mãos em forma de concha e atirar a água que lá se formava para a pessoa à nossa frente. Isto sim, dava vida. Ouvir as gargalhadas que nos escapavam da garganta a ecoar neste espaço grande, bonito, deserto, mágico. Cliché? Não. Invejável? Sim.

    Sempre tinha sonhado com um momento destes. Digamos que aconteceu, quando menos esperava. Porque, a vida funciona assim. Não estamos à espera que alguém apareça magicamente e nos faça cair na tentação do amor. Temos apenas que nos entregar.

    "Já tenho uma lista de objectivos" – Luke murmurou, quando parámos para nos abraçar. Eu com a cabeça sobre o seu ombro e pernas em volta da sua cintura e ele com os pés na areia molhada, a agarrar-me firmemente. Lembrei-me, então, do tal dia em que lhe contei um dos meus objectivos. O tempo passa tão rápido...

    "Diz-me quais são" – pousei os meus lábios sobre o seu pescoço húmido.

    "Apaixonar-me..." – sussurrou – "Mas esse já foi bem sucedido" – soltou uma risada – "Salvar uma vida, perder a voz a cantar as minhas músicas favoritas, contemplar as estrelas contigo..." – ambos olhámos para cima – "Rir até chorar..." – sorrimos.

    "Já o fizemos tantas vezes" – afirmei.

    "Por isso mesmo, Nina" – atirou os meus cabelos para trás – "Tudo se torna possível quando estou contigo"

    Um arrepio percorreu o meu corpo quando ouvi a sua frase. Fitei-o com adoração, querendo relembrar-me de cada pormenor do seu rosto, deste momento que ambos estávamos a partilhar.

    Os meus lábios entreabriram-se e respirei fundo, antes de proferir:

    "És simplesmente tão especial para mim e odeio o facto de não saber arranjar palavras para explicar esta tempestade de sentimentos que existe dentro de mim sempre que te vejo"

    "Isto é tudo tão surreal, porque eu nem sequer sei quando te tornaste tão importante para mim. É como observar uma tempestade de neve. Vês os flocos a cair mas estás demasiado distraído para perceber que se vão somando. Então, de repente, quando te apercebes, todo o chão está coberto de neve. É uma das coisas mais bonitas que pode acontecer"

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Onde histórias criam vida. Descubra agora