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–  Nina

  

    Braços em volta da minha cintura, lábios pressionados contra os meus e mãos dadas, como se fôssemos parte um do outro. Talvez Luke fosse a minha metade, como se dizia em mitologia grega. Felicidade finalmente predominava em mim, e muito possivelmente nele. Andávamos pela relva e sentámo-nos pouco tempo depois. Os seus cabelos dourados, quase de ouro, estavam ligeiramente despenteados, mas eu não me importava com isso. Ele ficava ainda mais bonito ao natural, com pequenos pedaços de cabelo a descansar sobre a sua testa. O seu olhar não deixava o meu enquanto pensávamos e finalmente me aproximei. Deixei a minha cabeça cair no seu ombro e suspirei. Sentia a sua respiração a embater no meu cabelo e o cheiro do seu perfume no ar. Parecia tudo tão real e perfeito...

    "Nina?" – algo me despertou para a realidade, mas continuei de olhos fechados.

    "Nina!" – desta vez percebi que era Luke a chamar por mim e dei um pequeno pulo, colocando a mão sobre o meu peito. Tinha sido um sonho... Um bom sonho.

    "Assustaste-me" – suspirei, soltando pequenas e curtas risadas.

    "Continuaste a murmurar o meu nome..." – ele respondeu, coçando o seu pescoço num acto de nervosismo.

    "Oh, sim, eu..." – pausei – "Tive um sonho" – mordi o meu lábio inferior, pensando para mim mesma – "Mas sabes? É como se fosse real. Estás exactamente aqui e isto é melhor que qualquer sonho" – dei-lhe um genuíno sorriso. Luke puxou-me contra si, envolvendo-me com os seus braços.

    "Lembras-te do que aconteceu na noite passada?" – sussurrou ao meu ouvido.

    Semicerrei os olhos e pareci ver todos os acontecimentos a passar pela minha mente confusa. E, impressionantemente, lembrava-me da última frase que ele me tinha dito.

    Olhei para cima e reparei na sua expressão facial nervosa. Levei uma das minhas mãos à sua bochecha e acariciei-a, não quebrando o contacto visual. Luke permanecia um pouco tenso, como se tivesse medo de uma reacção minha. Os seus cabelos estavam despenteados mas naturalmente bonitos, tal como no meu sonho, e os seus pálidos olhos azuis brilhavam. Aproximei os nossos rostos e os nossos lábios entreabertos tocaram-se levemente, fazendo-me eliminar o espaço existente entre nós, iniciando um calmo e pequeno beijo.

    "Eu lembro-me, Lukey" – disse baixinho, com um ligeiro sorriso – "E estou perdidamente apaixonada por ti" – admiti e senti algum alívio. Talvez tivesse tirado o peso dos meus ombros?

    "Oh, Nina" – ele puxou-me para si e colocou a cabeça no meu ombro, abraçando-me firmemente e com alguma força – "N-Nunca me de-deixes" – finalizou com uma voz quebrada e percebi que estava a chorar. Afastei-nos um pouco e olhei-o directamente nos olhos, vendo algum receio neles. Decidi afastar essas emoções. Retirei os cabelos da sua testa, puxando-os para cima, e depositei um beijo no seu nariz. Luke pareceu sorrir tristemente. Beijou também a minha testa e aproximou o seu rosto do meu pescoço. Senti a sua respiração perto do mesmo e a minha pele arrepiou-se espontaneamente.

    "Vamos à minha casa na árvore" – sussurrou – "Quero-te mostrar uma coisa"


*


    Assim que chegámos ao seu pequeno refúgio, percebi que Luke continuava ligeiramente nervoso, e eu não sabia porquê. Decidi dar-lhe a mão, entrelaçando os nossos dedos, e dei-lhe um olhar consolador. Ele apenas assentiu e entrou comigo lá dentro, fechando depois a porta de madeira com alguma cautela.

    Sentou-se comigo no famoso colchão e mirou o céu desde a janela, entreabrindo os seus rosados lábios depois.

    "Quero cantar-te uma canção" – ele murmurou quase inaudível. Senti logo um sorriso a aflorar-se nos meus lábios e acenei afirmativamente com a cabeça, para que ele fizesse o que queria. Respirou fundo umas cinco vezes, sem exagero, e pegou na sua guitarra acústica, que repousava ao lado do colchão. Passados uns breves segundos decidiu cantar, e tudo o que eu podia fazer era observar e apreciar. Desde quando é que fiquei tão sortuda?


    "I need your love to light up this house
I wanna know what you're all about
I wanna feel you feel you tonight
I wanna tell you that it's alright

I need your love to guide me back home
When I'm with you I'm never alone
I need to feel you feel you tonight
I need to tell you that it's alright

We'll never be as young as we are now
It's time to leave this old black & white town
Let's seize the day, let's run away
Don't let the colours fade to grey

We'll never be as young as we are now
As young as we are now

I've seen myself here in your eyes
I stay awake 'til the sunrise
I wanna hold you hold you all night
I wanna tell you that you're all mine

I felt our hands intertwine
I hear our hearts beating in time
I need to hold you hold you all night
I need to tell you that you're all mine

We'll never be as young as we are now
It's time to leave this old black & white town
Let's seize the day, let's run away
Don't let the colours fade to grey

We'll never be as young as we are now
As young as we are now
"


    Quando Luke terminou de cantar, fiquei sem reacção. Não sabia o que fazer. Fiquei apenas imóvel durante alguns segundos, a pensar. A vida na realidade era boa, às vezes. E talvez dois seres estejam mesmo destinados a ficar juntos. Pelo menos era isso que sentia neste preciso momento.

    Luke pousou a sua guitarra no chão e olhou-me à espera de uma reacção, mas na verdade eu não lhe conseguia dizer nada, mas sim demonstrar.  Fitei-o com alguma atenção antes de me aproximar dele. Encostei as nossas testas e decidi fazer algo, não me importando minimamente com as consequências, porque, sim, eu estava apaixonada. Luke estava apaixonado. Estávamos apaixonados. Os dois. E quem diria?

    Agarrei no seu rosto delicadamente e puxei-o para mais perto de mim – o mais perto possível. Os nossos lábios conectaram-se, e um lento beijo decorreu. A sua mão encontrou as minhas costas e ele pressionou os nossos corpos. Coloquei os meus braços em volta do seu pescoço. Passei os meus dedos pelos seus cabelos, enquanto os nossos lábios se moviam, dando-nos a ilusão de que eram feitos um para o outro. O nosso ritmo acelerou, assim como as batidas dos nossos corações. A sua respiração ecoava no meu ouvido, e Luke decidiu beijar o meu pescoço, com ternura. Ele envolveu-me nos seus braços. Consegui sentir a quente temperatura do seu corpo no meu. Senti pura felicidade e êxtase a circular pelas minhas veias. Os seus lábios voltaram a encaixar nos meus e o doce sabor dos mesmos fazia-me sentir sensações prazerosas.

    Eu não sabia qual era a minha ideia de perfeição, mas agora mesmo, a perfeição era os seus lábios. O seu toque. A sua respiração. A sua mente.

    Ele parecia-me perfeito e nem teria que o olhar para perceber tal coisa.


Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Where stories live. Discover now